As máquinas de banho do século XIX

Devido ao pudor da Era Vitoriana, nesse período, as mulheres que queriam ser consideradas “decentes” não poderiam ser vistas em trajes de banho por homens.

Informações de Aventuras na História; Era Vitoriana.

Inglaterra – 06 de agosto: uma fotografia instantânea de uma jovem mulher e uma menina à beira-mar, tirada por um fotógrafo desconhecido em cerca de 1900. Eles seguram seus chapéus na brisa do mar, enquanto eles remar. Ambas as máquinas de banho da fotografia exibem anúncios: “Sabão de peras para a pele”. As máquinas de banho foram projetadas para proteger a modéstia dos banhistas. Puxados para a beira do mar por cavalos, foram movidos de acordo com as marés. Os futuros banhistas poderiam então entrar na máquina na parte de trás, totalmente vestidos e emergir em trajes de banho de frente, direto para o mar. A fotografia foi tirada com uma câmera nº 2 da Brownie Kodak. Produzida pela primeira vez em 1901, tornou-se a câmera de caixa de filme em rolo mais popular, sobrevivendo de uma forma ou de outra até o final da década de 1950. (Foto de SSPL / Getty Images)

No século XIX, durante a Era Vitoriana no Reino Unido, as etiquetas exigidas na sociedade inglesa formavam uma lista longa. Mas para ir à praia, o comportamento requerido para mulheres “adequadas” e “de família” era ainda mais rígido.

Embora o banho de mar já fosse moda no século 18, ainda era necessário manter a pele branca e intocada pelo sol. Por isso, as mulheres muitas vezes usavam xales, luvas e chapéus de abas largas. As mulheres também era conhecidas por costurar alguns ornamentos pesados na bainha dos vestidos, para impedi-los de voar e mostrar suas pernas: a modéstia governava a moda.

Nos dias de praia, as moças que queriam tomar um banho de mar deveriam usar uma invenção que tinha como objetivo conter os olhares de outras pessoas, principalmente homens, e também de dar mais privacidade a elas. As máquinas de banho passaram a ser muito usadas na época.


Caixas de madeira sobre altas rodas. Esse era o principal formato dos equipamentos responsáveis por leva-las à água. As máquinas tinham portas na frente e a atrás, permitindo que as mulheres entrassem e saíssem da cabine. Ela também era carregada ou por um empregado (muito forte, por sinal) ou por um cavalo.

Todo esse procedimento era para, simplesmente, manter o decoro. Enquanto os homens vitorianos poderiam andar de forma livre pela região, elas eram obrigadas a entrar na cabine para trocar de roupa, sair por pouco tempo e bem próxima a ela, para depois voltar para o caixote e seguir caminho para sua residência.

Embora isso possa parecer decepcionante, há uma explicação um tanto quanto plausível: no início do século, os trajes de banho ainda não haviam sido inventados, e a maioria das pessoas nadavam nuas. No Reino Unido até meados do século 19 não havia leis contra o nado nu, e cada cidade era livre para fazer suas próprias leis. Por exemplo, em 1737 a cidade de Bath, em Somerset, declarava que nenhum homem acima de dez anos poderia nadar nu. Homens só seriam proibidos de nadar nus em 1860.

1897: Homens e mulheres jovens vestindo trajes de banho sentam-se na areia molhada na beira da água, Far Rockaway Beach, Nova York. (Foto de Museu da Cidade de Nova York / Coleção Byron / Getty Images)

Mesmo quando as primeiras versões dos trajes de banho começaram a ser introduzidas, a sociedade decidira que a mulher adequada não deveria ser vista na praia usando esse tipo de roupa, e as casinhas de madeira continuaram populares. 

Com a lei de 1832, exigindo que homens e mulheres deveriam permanecer a pelo menos 15 metros um do outro, as máquinas foram a solução encontrada pelos banhistas. Mesmo assim, elas não funcionavam totalmente, visto que nenhuma parede separava as mulheres que estavam na “água dos homens”.

O uso das máquinas de banho permaneceram em uso ativo nas praias inglesas até a década de 1890, quando começaram a ser estacionadas na praia (como na última foto). Elas eram, então, usadas apenas como local para trocar de roupa. A maioria tinha desaparecido no Reino Unido em 1914.


Seria apenas na década de 1890 que roupas especialmente designadas para que as mulheres ficassem em público na praia fossem criadas. Um vestido, na altura do joelho e quase sempre com uma gola de marinheiro, era usado sob meias ou calças largas. O traje de banho geralmente era usado com chinelos, meias e chapéus apropriados.

Como naquela época e ainda hoje, era necessário usar sapatos para proteger os pés contra vidros quebrados, conchas ou seixos que poderiam cortar os pés. Esses sapatos eram feitos de palha torcida ou feltro bordado, quase sempre vendidos em lojas perto do mar. Fitas também eram adicionadas, sendo costuradas no sapato e prendidas nos tornozelos (como as sapatilhas de bailarina).

Assim como hoje, no entanto, sempre existiam mulheres que usavam tanto roupas pesadas, que tampavam quase tudo, como mulheres ousadas.

Mulheres em trajes de banho fazendo poses na praia de Coney Island. 
1898.

Se você achou as roupas de praia das mulheres vitorianas esquisitas, espere só para ver a dos homens. Até 1860, os homens usavam os chamados “briefs” – uma espécie de collant de mangas compridas e que cobriam as pernas. Ainda sim, havia protestos, pois muitos homens ainda preferiam o nado nu. Em 1870, o traje de banho masculino mais popular era um par de briefs curtos, geralmente listrados.

Uma vez que as roupas de crianças vitorianas eram, tanto para garotos quanto para meninas, vestidos curtos, não haviam trajes específicos de praia.

Grupos de pessoas nas décadas de 1940 e 1950 modelando roupas de banho e praia das eras vitoriana e eduardiana com um modelo em um maiô contemporâneo da década de 1940 – Flickr

Nos Estados Unidos, concursos de belezas em trajes de banho se tornaram populares a partir de 1880, embora tais acontecimentos não fossem considerados respeitáveis.

Até o final do século 19, pessoas já se reuniriam para as praias para praticar nado, surf ou mergulho. Os trajes de banho no estilo vitoriano já estavam se tornando desajeitados e surgia a necessidade de um novo estilo de roupas de banho que ainda mantivessem a modéstia, mas ainda fosse confortável. Foi aí que as meias e calças foram largadas, sobrando apenas vestidos, que seriam encurtados e depois transformados em shorts.



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