Orgulho Gay desafia o governo cubano

Pelo menos três manifestantes, que repreenderam a polícia, foram presos e levados em carros da polícia.

Fontes: Euronews; Gay1; O Dia; UOL.

A polícia cubana interrompeu no sábado (11/05/19) a marcha pelos direitos LGBT, uma alternativa à Parada do Orgulho LGBT que foi proibida pelo governo este ano. Mesmo assim a manifestação conseguiu avançar cerca de 400 metros ao longo do tradicional Paseo del Prado, em Havana.

A marcha de protesto foi a segunda passeata organizada independentemente de instituições estatais – algo até então raro em Cuba – em pouco mais de um mês, embora a anterior, em defesa dos direitos dos animais, tenha recebido autorização das autoridades locais.

“Este momento marca um antes e um depois para a comunidade LGBTI+, mas também para a sociedade civil cubana em geral”, avaliou o jornalista independente e ativista Maykel Gonzalez Vivero. “A mídia social está desempenhando seu papel, e a sociedade civil demonstrou que tem força e pode sair às ruas se necessário, e a partir de agora o governo terá que levar isso em conta”.

Gritando “Sim, é possível”, “Cuba diversa”, “A maior de Cuba”, os ativistas LGBT mostraram sua discordância pela suspensão oficial da “conga” (Parada do Orgulho LGBT) na anual Conferência Contra a Homofobia e a Transfobia, organizada pelo Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), que funciona sob a supervisão do Ministério da Saúde.

No cruzamento das ruas Prado e Malecón – a avenida que se estende ao longo da costa -, policiais pediram aos manifestantes que parassem a caminhada, que não foi autorizada pelas autoridades.

Pelo menos três manifestantes, que repreenderam a polícia, foram presos e levados em carros da polícia, segundo uma equipe da AFP.


Após a interrupção, vários participantes sentaram-se no chão do Paseo em uma atitude de protesto passivo.

Os ativistas promoveram a marcha nas redes sociais, graças à expansão da internet em Cuba nos últimos anos, com um número crescente de cubanos se mobilizando online sobre certas questões.

Mas o governo continua mantendo um controle rigoroso sobre espaços públicos físicos, autorizando apenas manifestações de apoio ao governo, como o recente desfile do Dia do Trabalho.

A “conga” de Havana era uma exceção, que se tornou um evento regular, e um lembrete de que o governo, que já enviou gays a campos de trabalho forçado nos primeiros dias da revolução de 1959 de Fidel Castro, fez avanços consideráveis nos direitos LGBTI+ nos anos recentes.

Havana garante os direitos dos homossexuais e proíbe a discriminação com base na sexualidade em uma região onde alguns países ainda têm leis contra sodomia.

Alguns ativistas dizem que sentiram que o cancelamento da “conga” é um sinal de que esses direitos estão sendo corroídos, possivelmente porque uma recente consulta pública sobre uma nova Constituição revelou haver mais oposição à comunidade gay do que se pensava anteriormente.

O desfile de 2019 teria sido o primeiro depois da aprovação em abril da nova Constituição cubana, que chegou a ter prevista uma modificação abrindo caminho ao casamento homossexual, embora não tenha sido incluída no texto final. Muitos cubanos expressaram sua oposição à mudança. Igrejas evangélicas também realizaram campanhas sem precedentes contra a modificação.



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