Em raro pronunciamento, governo chinês diz que repressão na Praça da Paz Celestial foi ‘política correta’

Ministro da Defesa afirma que governo adotou medidas para ‘deter turbulências’

Fonte: O Globo.

— Este incidente foi uma turbulência política e o governo central adotou medidas para deter as turbulências, o que é uma política correta — afirmou o general Wei Fenghe durante o fórum regional de segurança Diálogo de Shangri-Lá, em Cingapura.

A próxima terça-feira marca os 30 anos dos grandes protestos liderados por estudantes que pediam mais voz no sistema político. Eles ocuparam a praça que é o centro do poder em Pequim durante seis semanas. Surpreendido e enfraquecido por divisões internas, o Partido Comunista demorou a responder aos protestos. Em 4 de junho, tropas mobilizadas no interior do país invadiram a praça, expulsando os manifestantes. O número de mortos é calculado entre 300, como reconhecido pelo governo, e mais de 2 mil.

Na China, virou um tabu discutir o movimento e a repressão. Depois do massacre, o regime deu continuidade a seu programa de reformas econômicas, que beneficiou a grande maioria da população. Nesse contexto, os chineses vivem entre a negação e o pragmatismo . Quem sofreu a violência não esquece a dor, mas a China seguiu em frente, e a maioria parece não ver sentido em olhar para trás — ou está ocupada demais tentando enriquecer.

Em um discurso para ministros da Defesa, militares de alta patente e especialistas, o general Wei questionou neste sábado por que a comunidade internacional sempre diz que a China “não administrou o incidente de forma correta”.

— Estes 30 anos demonstraram que a China viveu grandes mudanças — afirmou ele, antes de acrescentar que, graças à ação do governo, o país “goza de estabilidade e desenvolvimento”.

O comentário aconteceu no mesmo dia em que o Twitter publicou um pedido de desculpas por suspender algumas contas que haviam postado assuntos relacionados à China às vésperas do aniversário do massacre. Segundo a empresa, seus funcionários têm trabalhado para evitar manipulações na rede social, mas algumas vezes “cometem erros”. Usuários criticaram a plataforma pelo bloqueio de contas, e o senador americano Marco Rubio acusou o Twitter de se tornar um censor do governo chinês.



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