Arqueólogos desvendam mistério sobre a origem da “tábua de Nazaré”

Acreditava-se que o artefato fosse do Oriente Médio e teria sido usado para guardar túmulos após a morte de Jesus. Mas, segundo nova pesquisa, veio da Grécia – e guardou o túmulo de um tirano.

Informações da Galileu.

Tábua com inscrição de Nazaré não veio do Oriente Médio, segundo especialistas (Foto: Reprodução)

Uma tábua de mármore conhecida como “inscrição de Nazaré” ficou famosa entre arqueólogos porque ela teria sido usada para guardar túmulos logo após o desaparecimento do corpo de Jesus – o que, segundo a Bíblia, seria devido à sua ressurreição. Mas, segundo uma nova análise química do material, provavelmente não foi isso que aconteceu, já que o objeto é proveniente da Grécia, e não do Oriente Médio, como se pensava.

Segundo o artigo, publicado no Journal of Archaeological Science, a pedra contém uma inscrição indicando que roubar corpos é um crime cuja consequência é a pena de morte. Mas, diferentemente do que se acreditava até então, a tábua nunca esteve em Nazaré, e sim no túmulo de um tirano grego que morreu algumas décadas antes de Cristo.

A antiga crença surgiu quando um ex-curador do Museu do Louvre, Wilhelm Froehner, adquiriu a tábua em 1878, provavelmente de um negociante de antiguidades da Grécia ou do Oriente Médio, e a manteve em sua coleção particular. Quando ele morreu, as investigações sobre o artefato levaram o arqueólogo francês Franz Cumont a propor, em 1930, que o objeto estivesse relacionado ao desaparecimento de Jesus, pois Froehner deixara um bilhete junto com a tábua dizendo “veio de Nazaré”.

Para desvendar esse mistério, uma equipe de especialistas analisou o pó da tábua e usou um método com laser para liberar o gás dos minerais do mármore. Ao medir as proporções de isótopos de carbono e oxigênio, eles capturaram a “impressão digital” química única do mármore, o que os levou a concluir que o material veio de uma pequena pedreira na ilha grega de Kos, na costa da Turquia.

A descoberta prova que a tábua “não é de Nazaré”, afirma John Bodel, um dos autores do artigo, à Science. De acordo com ele, o objeto poderia ter sido transportado de Kos para o Oriente Médio, mas essa é uma hipótese improvável, pois isso nunca fora observado.



Deixe um comentário

Conectar com

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.