Oposição da Bolívia invade TVs públicas e amarra diretor de rádio sindical em árvore

Parte dos opositores não aceitaram diálogo proposto pelo presidente Evo Morales. As Forças Armadas seguem ao lado do governo enquanto parte da polícia se rebela.

Por Revista Fórum; Opera Mundi; G1.

José Aramayo, diretor de rádio ligada à Confederação de Trabalhadores Campesinos (CSUTCB) foi amarrado em uma árvores pelos oposicionistas – Foto Reprodução

A emissora Bolívia TV e a rádio Pátria Nova tiveram seu sinal cortado pela oposição neste sábado (09/11) e José Aramayo, diretor de rádio ligada à Confederação de Trabalhadores Campesinos (CSUTCB) foi amarrado em uma árvores pelos oposicionistas. O presidente Evo Morales fez um chamado pelo diálogo com os três partidos de oposição que conseguiram eleger deputados nas últimas eleições, mas apenas um aceitou.

Os jornalistas e trabalhadores das redes foram ameaçados de morte caso não fossem interrompidas as transmissões. A Defensoria Pública chegou ao local e garantiu que os funcionários pudessem deixar o local com segurança.

A presidenta da rede TeleSUR usou o Twitter para denunciar o ataque e publicar fotos do cerco montado. “Desalojam a TV estatal da Bolívia. Isso impede o trabalho dos jornalistas e bloqueia a capacidade de gerar informações sobre a situação do país”, postou.

Um pouco mais tarde, foi a vez da Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Campesinos da Bolivia (CSUTCB) ser irrumpiada por golpsitas, que levaram o diretor da rádio “Comunidade”, que funciona na sedes da CSTUTCB, e o amarraram em uma árvore.

O presidente Evo Morales rechaçou os ataques. “Eles querem silenciar a imprensa para perpetrar o golpe. As redes estatais BTV e RPN foram invadidas por grupos organizados que, depois de ameaçar e intimidar jornalistas, os forçaram a abandonar suas fontes de trabalho. Eles dizem que defendem a democracia, mas agem como na ditadura”, declarou pelo Twitter.

“Como membro da CSUTCB, a organização mãe do movimento de camponeses indígenas do Pacto de Unidade, denuncio o ataque covarde e selvagem no rádio dessa confederação. No estilo das ditaduras militares, o ataque de golpe ataca a sede do sindicato”, completou Morales.

A casa do governador de Oruro, Víctor Hugo Vásquez, também foi alvo dos golpistas. A residência do dirigente do MAS foi incendiada no início da noite.

Reprodução/Bolívia TV

Novas eleições

Evo Morales, anunciou no domingo (10/11) a convocação de novas eleições gerais no país e a renovação total dos membros do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) como medidas de pacificação frente à escalada de violência e tentativa de golpe de Estado colocada em marcha por grupos de oposição.

“Decidi convocar novas eleições nacionais que, mediante o voto, permitam ao povo boliviano eleger democraticamente suas novas autoridades, incorporando novos atores políticos”, disse o presidente em comunicado transmitido em rede nacional.

O mandatário ainda afirmou que o governo irá “renovar a totalidade de membros do Tribunal Supremo Eleitoral”. “Nas próximas horas, a Assembleia Legislativa Plurinacional, de acordo com todas as forças políticas estabelecerá os novos procedimentos”, disse.

A crise na Bolívia repercutiu nas redes sociais:

Ella es Mónica, directora Información @Canal_BoliviaTV. Habla luego de desalojar las instalaciones del medio público, ante el asedio de quienes dicen defender la democracia. Escúchenla! pic.twitter.com/sSz9P1KTrk
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) November 10, 2019

Muy democrática la oposición a Evo Morales: acaba de incendiar la casa del gobernador de Oruro, del Movimiento al Socialismo. ¿La OEA no piensa decir/hacer nada ante estos actos criminales? pic.twitter.com/QGeNeYmJYb— Juan Manuel Karg (@jmkarg) November 9, 2019

José Aramayo, Director radio de la Csutcb, es amarrado a un árbol para impedir que haga su trabajo. Denunciamos el asedio a periodistas de @AbyaYalatv con dinamita! pic.twitter.com/AESMe5VWr5
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) November 9, 2019

Imágenes del asedio a la tv del Estado en Bolivia. pic.twitter.com/WCL5JCmshx
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) November 9, 2019

Desalojan tv estatal de Bolivia. Esto impide el trabajo de los periodistas y bloquea la capacidad para generar información sobre la coyuntura del país.— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) November 9, 2019

Los medios estatales BTV y RPN han sido intervenidos por grupos organizados que después de amenazar y amedrentar a los periodistas los obligaron a abandonar sus fuentes de trabajo. Dicen defender la democracia, pero actúan como en dictadura.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 9, 2019

En mi condición de afiliado a la CSUTCB, organización matriz del movimiento indígena originario campesino del Pacto de Unidad, denuncio el ataque cobarde y salvaje a la radio de esa confederación. Al estilo de las dictaduras militares, los golpistas atacan sedes sindicales.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 9, 2019

Confrontos violentos vêm sendo registrados na Bolívia desde resultado de eleição de 20 de outubro, que deu quarto mandato a Morales

Noite de saques e incêndios após renúncia de Evo

Casas foram incendiadas, lojas foram saqueadas e gangues foram às ruas durante a noite de domingo (10) para segunda (11) nas cidades de La Paz, a capital da Bolívia, e Santa Cruz, depois que Evo Morales renunciou à presidência.

Logo após o pronunciamento de Evo, multidões comemoraram a sua renúncia. Foi mais tarde que ataques, aparentemente de retaliação, começaram.

Segundo o jornal “El Deber”, o comandante geral da polícia, Vladimir Yuri Calderón, renunciou nesta segunda-feira (11) após os incidentes violentos.

Um vídeo difundido entre os bolivianos mostra pessoas dentro da propriedade do próprio Evo com grafiti, depois que ele voou para outra parte do país.

Figuras importantes da oposição e o acadêmico Waldo Albarracin publicaram em redes sociais que suas casas foram incendiadas por apoiadores de Evo.

A casa de uma jornalista da Televisão Universitária também foi queimada.

O jornal “La Razon” descreve que várias partes da cidade de La Paz amanheceram com rastros “de uma noite de terror”, e diz que a polícia esteve ausente e demorou para entrar em ação.

Em alguns bairros, os vizinhos organizaram piquetes e barricadas de contenção.

Houve ataques a pátios de ônibus, em uma das centrais, 33 veículos viraram cinzas.

Em Santa Cruz, o chefe da polícia, Miguel Mercado, disse que algumas “hordas e grupos de vândalos” saíram à noite para causar pânico na população, de acordo com o jornal “El Deber”.

“Quero anunciar que em Santa Cruz a situação está controlada. Não só graças à intervenção policial, graças à população, à consciência dos cidadãos que pretendem que se reinstitua a democracia”, afirmou.

Imagem da casa de Evo Morales em Cochabamba, que foi invadida após sua renúncia, em 10 de novembro de 2019 — Foto: Associated Press


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