Puma Punku

As ruínas de Puma Punku, próximas de Tiwanaku (ou Tiahuanaco) na Bolívia, estão entre as mais interessantes e misteriosas da América do Sul.

O sítio arqueológico de Puma Punku. Wikimedia Commons

O que talvez mais irrite os chamados pesquisadores autônomos – como Erich Von Dàniken, por exemplo – é o fato deles levantarem questões interessantes que são sistematicamente ignoradas pelos cientistas da área para, depois de muitos anos, passarem a receber a atenção necessária. Parece até coisa de criança que quer fazer, mas diz que não vai fazer; espera passar algum tempo para ver se todo mundo já se esqueceu do assunto, e aí faz.

As gigantescas pedras de Puma Punku fazem parte de um conjunto de ruínas – Foto Revista Sexto Sentido nº59

Com Puma Punku parece que é um caso parecido. Dàniken já se referia às estranhas construções do local lá pelo final dos anos 1960, início dos 70, mas só muitos anos depois começaram as escavações e pesquisas para valer na região.

Puma Punku é um conjunto de ruínas a cerca de um quilômetro ao sul de Tiwanaku, e, até onde se sabe, os arqueólogos e outros pesquisadores ainda não chegaram a uma conclusão se elas fazem parte de Tiwanaku ou não. Certamente, são bem mais estranhas. Quando as viu pela primeira vez, Dàniken disse que parecia que todo o lugar tinha sido virado de cabeça para baixo. Escadarias gigantescas ao contrário, como num quadro de Escher, construções cuja finalidade ninguém conhece, mas colocadas inteiras viradas para baixo.

Ali também existe uma pirâmide, ou o que sobrou dela. Diz-se que quatro pisos da pirâmide ainda podem ser percebidos, além de existirem em Puma Punku as maiores pedras já encontradas em construções na América do Sul, as mais pesadas chegando a 440 toneladas, e outras a 100 ou 150 toneladas. O sistema de junção dos blocos de pedra também é único na América, com a utilização de ranhuras em forma de “I”, nas quais teriam sido colocados cobre ou chumbo derretido, agindo como grampos para prender as pedras, ainda que alguns afirmem que esses metais não conseguiriam suportar o peso.

Segundo os arqueólogos que pesquisam a região, Puma Punku é o que restou de um prédio construído em quatro partes, e que caiu devido a um motivo desconhecido, talvez um terremoto. Os pesquisadores dizem que a pedreira de onde os blocos saíram encontra-se a cerca de 16 quilômetros e, mais uma vez, chegamos àquele impasse: não havia tecnologia na época em que a construção supostamente foi erguida, para transportar esses blocos de pedra; para não falar da forma como foram cortados.


LENDAS LOCAIS

As lendas locais dizem que Puma Punku foi construída pelos deuses em apenas uma noite. Da mesma forma, por razões que só os deuses compreendem, resolveram destruí-la e o fizeram simplesmente levantando-a no ar e virando-a de cabeça para baixo.

Entende-se, também, que parte das ruínas já não existe mais. O viajante francês Alcide d’Orbigny relatou, por volta de 1844, a existência de portões imensos erguidos sobre plataformas de lajes, uma delas com 40 metros de comprimento. Hoje, elas já não podem ser vistas em pé. Como ocorreu em outros locais da região e até mesmo em Tiwanaku, a população local utilizou o local como pedreira para a construção de cidades e igrejas na região. Devido ao orçamento escasso, diz-se que as escavações são muito lentas, e apenas a parte superior da estrutura de Puma Punku foi descoberta. Ainda que os próprios arqueólogos afirmem ser apenas uma suposição, o que dizem é que a estrutura parece ser uma plataforma gêmea da que é encontrada em Akapana, também em Tiwanaku, uma vez que a orientação e a arquitetura de ambas sugerem terem sido utilizadas em conjunto para fins cerimoniais. Ambas estão orientadas de frente para o Sol, um indicativo do culto solar que predominava na mitologia dos Andes. As duas estruturas também possuem escadarias gêmeas em seus lados leste e oeste.


Por outro lado, pesquisadores autônomos sugerem que Puma Punku não tem relação direta com Tiwanaku, e muito do que se vê no local não pode ser compreendido, ao contrário do que se vê em Tiwanaku. Algumas construções se assemelham a complicadas caixas de pedra, repletas de reentrâncias e ranhuras sem finalidade visível.

A estranheza da construção pode ser melhor percebida no desenho que reproduz um dos blocos, realizado pelo arqueólogo Max Uhle (1856-1944) em colaboração com o explorador Alphons Stuebel (1835-1904), publicado no livro Die Ruinenstàtte von Tiahuanaco im Hochland des Alten Peru (As Ruínas de Tiwanaku no Planalto do Peru Antigo, 1892). Eles fizeram medições cuidadosas dos blocos de pedra e chegaram a um resultado misterioso. O desenho mostra mas não explica a finalidade do estranho bloco de pedra. Esse é apenas mais um dos mistérios de Puma Punku que, para muitos investigadores, é apenas mais um dos inúmeros indícios de que civilizações extremamente desenvolvidas existiram na América do Sul, possivelmente em épocas muito mais recuadas do que se supõe atualmente.

Fonte: Revista Sexto Sentido (Ano 5 nº 59)




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