As condições de guerra levaram a criação de um novo refrigerante na Alemanha — completamente diferente da versão atual. Criada durante a Segunda Guerra Mundial, a Fanta atualmente é comercializada em 188 países.
Por Ecoviagem; AH; Wikipedia.
Em 1930, a Coca-Cola era a bebida não alcoólica mais popular da Alemanha. Nos primeiros anos do regime nazista, foram construídas cerca de 50 fábricas do refrigerante. O país vendia cerca de 5 milhões de caixas por ano.
Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu, em 1939, acabou a festa. Com a guerra no Atlântico, e o o xarope usado na produção da Coca-Cola, importado dos EUA, se tornou uma raridade. Com a entrada dos EUA na guerra, em 1941, nada mais de Coca: os laços comerciais entre os dois países foram rompidos.
Incapazes de produzir a bebida, os alemães precisavam de algo que pudesse refrescar suas gargantas. Max Keith, chefe de operações da filial alemã, precisava encontrar uma solução. Keith utilizou os ingredientes existentes na Alemanha para criar uma alternativa. Misturou soro de leite e fibras de maçã — dois “restos dos restos” da indústria alimentícia, segundo ele mesmo lembrou — com açúcar e água carbonada. Só faltava o nome.
Foi uma escolha rápida, feita a partir de um concurso que surgiu o nome Fanta, que foi realizado entre os funcionários da fábrica alemã coordenada por Max Keith, que solicitou aos mesmos para usarem a “imaginação” (Phantasie em alemão). Ao ouvir isso, o vendedor veterano Joe Knipp imediatamente deixou escapar “Fanta” que passou a ser adotado como marca.
A bebida virou uma febre no país – chegando a ser utilizada inclusive em receitas de doces e bolos.
Keith apresentou a bebida para a filial na Holanda ocupada, que assim como a da Alemanha, estava impossibilitada de prosseguir com a produção de Coca-Cola. Diferentemente do refrigerante alemão baseado em maçã, a Fanta holandesa possuía o sabugueiro, uma fruto europeu, como a base do sabor.
Após o fim da guerra, a produção da Coca-Cola foi restabelecida na Alemanha e na Holanda. A Fanta foi aposentada, mas não esquecida. Por vontade do público, a bebida voltaria às prateleiras em 1955, quando a Coca-Cola quis competir com o lançamento de vários refrigerantes sabor fruta da Pepsi. Só então, numa fábrica italiana, surgiu a Fanta sabor laranja, a que hoje é sinônimo de simplesmente Fanta.
Hoje, a bebida é vendida em 188 países com mais de 90 sabores. Na Sérvia, Albânia, Macedónia, Bósnia-Herzegovina, Croácia e algum outro países, há a Fanta Shokata (um jogo de palavras entre soc (sabugueiro) em romeno e choque) com base em bebida feita de extrato da flor anelderflower, tradicional na Roménia (onde é chamado Socata), Sérvia, Macedónia, Bósnia-Herzegovina, Croácia e outros países dos Balcãs. Na Suíça e na Holanda, a groselha local é usado para a produção de Fanta também. Alguns sabores idênticos têm nomes diferentes em diferentes mercados.
A fórmula original da Fanta laranja, disponível na Alemanha, Áustria e outros países, é completamente diferente da bebida comercializado nos Estados Unidos como Fanta Laranja.
Comercial de aniversário da Fanta tratou período nazista como ‘bons e velhos tempos’
O vídeo de aniversário de 75 anos do refrigerante Fanta causou polêmica. A peça publicitária classificava o período em que a bebida foi criada como ‘bons tempos’.
A Fanta e sua proprietária, a Coca-Cola Company se colocaram numa enrascada com a peça publicitária. A empresa símbolo do capitalismo norte-americano fez o comercial comemorando o aniversário de 75 anos da fórmula da Fanta. A história de criação do tradicional refrigerante sabor laranja não é das mais românticas e nem tem muito o que comemorar, já que a bebida foi criada pelo regime nazista durante a 2ª Guerra Mundial, em 1940.
Na época, foi utilizada mão de obra escrava na fabricação da bebida pelo governo nazista. A empresa se desculpou publicamente após o final da guerra, porém manteve a venda do refrigerante.
Nazismos x Grandes empresas
O caso da Fanta não é o único entre as grandes empresas mundiais que o regime nazista teve forte influência. Há outras multinacionais que entre diversas ações apoiaram, inclusive, financeiramente o governo de Hitler. Para crescer e se manter no poder ao longo de mais de uma década, o partido nazista contou com o apoio financeiro de gigantes da época e até usou suas tecnologias para agilizar o extermínio de judeus. Nos casos das empresas norte-americanas de refrigerante e tecnologia, mais especificamente a Coca-Cola e IBM, ambas perderam o controle de suas subsidiárias na Alemanha com o início da Guerra, que passaram a trabalhar sob ordens do regime nazista. Já a situação da tradicional gigante do ramo alimentício, a Nestlé, foi mais delicada, pois ela cooperou e financiou diretamente o governo de Hitler.
IBM
O caso da IBM é mais complicado, pois há provas documentais sobre o envolvimento do seu então CEO, Thomas J. Watson, com o regime nazista. O livro “IBM and the Holocaust” (“IBM e o Holocausto”, em português) escrito por Edwin Black afirma que a empresa apoiou o extermínio de judeus com máquinas que facilitavam a catalogação das vítimas e seu posterior extermínio. A empresa alega que perdeu o controle da subsidiária alemã após a intervenção nazista.
Nestlé
A Nestlé é outro exemplo de grande corporação que soube usar a guerra e sua proximidade com o nazismo para lucrar. A companhia alimentícia fez generosas doações ao partido e conseguiu ampliar suas fábricas nos países invadidos pelo regime. Também há relatos da empresa ter usado mão de obra forçada em sua produção. Poucos anos atrás, a Nestlé indenizou em mais de R$ 90 milhões os sobreviventes do holocausto, além de organizações judaicas. A empresa também se desculpou publicamente pelas suas atitudes do passado.
Dr. Oetker
O caso da empresa alemã de produtos alimentícios é considerado um dos mais emblemáticos. O seu ex-presidente, Rudolf-August Oetker foi membro do partido, defensor do holocausto e um dos maiores financiadores do regime nazista. A empresa também utilizou mão de obra escrava em suas fábricas durante o período. Neste caso, estas informações não foram divulgadas pela imprensa e sim pela própria Dr. Oetker. O atual presidente da companhia e filho do acusado, August Oetker, foi o responsável pela investigação interna que levantou as sérias acusações contra seu pai.