A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador Ming de Han (25-220), o segundo imperador da dinastia Han do Leste. Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio das dinastias Wei do Norte e Tangue.
* Texto do livro China Antiga, da coleção “Coleção Biblioteca de Historia Universal Life”, pgs. 70-75.
Paz, interioridade e imperturbabilidade … essas eram as qualidades de um homem que aceitava os ensinamentos de Buda, e do século VI em diante os escultores chineses foram mestres em revelar, em pedra, essas características. O aspecto humano do budismo foi eloquentemente expresso em estátuas dos chamados “lohans”, que eram verdadeiros
apóstolos, discípulos ou missionários de Buda. Um “lohan” era um homem que havia compreendido o significado essencial das palavras de Buda — que a libertação dos sofrimentos da existência só podia ser conseguida se as paixões mundanas fossem completamente extintas. As devoções budistas davam ocasião a constante meditação sobre esse assunto. E os cultos nos santuários eram profundamente influenciados pela presença de discípulos piedosos esculpidos na rocha — não deuses, mas homens, como eles mesmos, que tinham alcançado o desprendimento que era o objetivo do budismo.
Os muitos Budas da China
Enormes figuras de budas dominavam as cavas santuários na China — não necessariamente “o” Buda, porque os chineses cultuavam muitos budas divinos, assim como os bodisatvas semelhantes a deuses. O Buda histórico , que viveu na Índia em torno de 500 a.C., era considerado um lider espiritual, a ser mais imitado do que cultuado. Mas a forma chinesa mais popular da fé enfatizava outros budas -. na verdade, milhões deles, segundo algumas estimativas —. que viviam na eternidade como deuses e nunca tinham sido homens. Durante a Dinastia Tang — o apogeu da era budista na China —. a maioria dos chineses cultuava o buda Amitaba, senhor do Paraiso Ocidental. Acreditava-se entre o povo que proferir sinceramente O nome de Amitaba garantia um renascimento como adorador nesse paraíso, uma terra radiante feita de lápis-lazúli e salpicada com árvores cheias de jóias.
Os compassivos bodistvas
Como era praticado na Índia, o budismo primitivo pregava que todo homem deve lutar sozinho para escapar, em paz eterna, do circulo da reencarnação. A versão do budismo que se tornou popular na China era diferente. Ela desenvolvia o conceito dos bodisatvas —. seres semelhantes a deuses, algumas vezes chamados “budas em potencial”, que retardavam sua própria salvação de modo a que pudessem ajudar os homens a encontrar O verdadeiro caminho. Vários bodisatvas possuíam poder para afastar a ambição, para proteger os homens dos fantasmas que podiam interferir com as práticas espirituais e para outorgar méritos ao devoto. O culto desses espíritos compassivos podia mesmo substituir os desejos mundanos tais como sucesso financeiro e uma família de muitos filhos. Tão flexível era o conceito, que um imperador do século VI recebeu o título de “Bodisatva Salvador” por suas dádivas generosas a diversos templos budistas.