Satélites do Inpe detectaram nuvem sobre o Rio Grande do Sul, que ficou coberto pela fumaça nesta terça 07/01; MetSul também indicou avanço do fenômeno.
A fumaça dos incêndios florestais na Austrália chegou na tarde desta terça-feira ao Brasil. A Divisão de Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicou, no Twitter, imagens de satélites que indicam o avanço da nuvem sobre o estado do Rio Grande do Sul.
A MetSul Meteorologia, uma empresa privada especializada em meteorologia, também identificou o fenômeno, mas pontuou que, em Porto Alegre, a fumaça é “imperceptível”.
Fumaça dos incêndios florestais na Austrália ontem sobre a Argentina, em Mendoza. Do lado esq. da imagem, em cor preta, está a várzea do Rio Atuael
— DSR INPE (@dsrinpe) January 7, 2020
Imagem realçada para mostra o terreno, sem isso estaria toda bem azulada, cor característica de plumas de fumaça. pic.twitter.com/eEXpEvFc0S
Ontem, o material chegou aos céus da Argentina e do Chile através de uma nuvem de 6 mil metros de altura que percorreu mais de 12 mil quilômetros desde a Oceania. A Metsul já havia previsto a chegada da fumaça ao Brasil.
De acordo com o instituto Climatempo, a chegada da coluna de fumaça não vai afetar o regime de chuvas ou a temperatura no Sul do Brasil, mas poderá ser observado um céu mais avermelhado durante o pôr do sol. Santa Catarina também pode ter a ocorrência da fumaça.
A fumaça tem sido carregada por diferentes regiões devido à circulação de ventos no alto da atmosfera.
“São chamados de ‘jatos’ – que são uma corrente de ventos mais intensos que sopram de Oeste para Leste”, explica Fábio Luengo, da Somar Meteorologia.
O meteorologista alerta para os riscos caso o deslocamento da fumaça encontre chuvas durante seu caminho. Elas podem arrastar o material particulado para lavouras, reservatórios de água e açudes, além de provocar uma chuva mais ácida.
Desde setembro, a Austrália vive uma crise de incêndios espalhados principalmente nos estados de Nova Gales do Sul e Vitória, no Sudeste do país. Nesta terça-feira, bombeiros aproveitaram uma trégua nos termômetros para fortalecer linhas de contenção do fogo em diferentes regiões atingidas pelo fogo. As áreas atingidas já ultrapassam a marca de 10,3 milhões de hectares — o equivalente à área da Coreia do Sul — desde setembro.
Na Nova Zelândia, país da Oceania a cerca de 2 mil quilômetros da costa do Sudeste da Austrália, a fumaça deixou geleiras em tom caramelo e diversas cidades ficaram com o céu em tom sépia em plena luz do dia. Houve, ainda, reflexos na saúde: muitos neozelandeses relataram problemas respiratórios na última semana.
No levantamento mais recente, de segunda-feira (6), ao menos 25 pessoas morreram por causa do fogo, segundo a CNN; três destas mortes foram de bombeiros envolvidos no combate às chamas.