Como o parasita da Malária passou de gorilas para humanos

Descoberta poderá ajudar o desenvolvimento de novas maneiras de combater a malária.

Por BBC.

Tipo letal de parasita que causa malária presente em gorilas acabou migrando para outras espécies até atingir humanos – Getty Images

Uma rara sequência de eventos permitiu que um tipo mortal de malária em gorilas “pulasse” para outras espécies e atacasse os humanos.

Centenas de milhares de pessoas morrem todos os anos em decorrência da malária, e o tipo pesquisado pelos estudiosos (Plasmodium falciparum) é responsável pela maioria dos casos.

Grandes primatas africanos foram os hospedeiros originais do parasita.

Mas os cientistas descobriram que uma mutação genética ocorrida 50 mil anos atrás se transformou em uma ameaça aos humanos.

Centenas de milhares de pessoas morrem todos os anos vítimas de malária – Getty Images

Picadas de mosquitos

Os achados, divulgados na publicação PLoS Biology, poderão ajudar o desenvolvimento de novas maneiras de combater a malária, afirma o Instituto Wellcome Sanger.

A malária é causada por um parasita que entra na corrente sanguínea depois da picada de um mosquito infectado em um humano ou em outros animais.

Há diversas cepas do parasita, e um dos mais releventes, que afeta apenas humanos, é o Plasmodium falciparum.

Ela mudou de hospedeiros na mesma época da primeira migração de humanos para fora da África, entre 40 mil e 60 mil anos atrás.

Os pesquisadores analisaram as mudanças genéticas de diferentes tipos ancestrais do parasita, focando em particular o gene chamado rh5 — um peça vital do código do DNA que permite à malária infectar hemácias humanas.

Esse alvo é importante para os profissionais de saúde que atuam no desenvolvimento de vacinas contra a malária.

Pesquisadores acreditam que há milhares de anos dois tipos de malária co-infectaram um gorila e trocaram material genético entre si.

O Plasmodium falciparum absorveu o gene rh5. “Este raro evento levou a muitas mortes de humanos”, afirmou o pesquisador que liderou o estudo, Gavin Wright.

“O rh5 é atualmente um importante candidato para uma vacina contra a malária. Então, se tivermos mais informações sobre esse gene, isso pode ajudar o combate à doença.”

Para ele, teoricamente há poucas chances de novas mutações em breve.

Quase metade da população mundial vive sob risco de malária. A maioria dos casos registrados e das mortes são com crianças da África Subsaariana, causada pelo Plasmodium falciparum.

Plasmodium falciparum – Malária cerebral: histopatologia Esta é uma visão microscópica de alta potência de uma seção do cérebro de um paciente com malária cerebral. 
Mostra um granuloma de Dürck.  Uma coleção de células microgliais (macrófagos cerebrais) é organizada em torno de um capilar. 
Os macrófagos têm fagocitado a mielina degenerada após uma lesão isquêmica causada pela malária. Mancha de H&E.
Foto Wellcome Collection.


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