“A idéia de que é engraçado ver animais silvestres coagidos a agirem como pessoas atrapalhadas, ou emocionante ver “feras” poderosas reduzidas a covardes apavorados por um treinador que estala seu chicote é primitivo e medieval. Vem da velha idéia de que somos superiores a outras espécies e que temos o direito de ter o domínio sobre eles. “ – Dr. Desmond Morris, antropólogo e etólogo.
Fontes: Proanima; Greenme; Jusbrasil; Canal Ciências Criminais; Diário Catarinense.
Nossas escolhas e atos são bem mais abrangentes do que em geral pensamos. A cada minuto fazemos escolhas que podem interferir diretamente na vida de outros seres que habitam este planeta. Nossas formas de viver, de se alimentar, de se locomover e até mesmo de se divertir podem ser responsáveis por grandes danos ao planeta, aos animais e à nós mesmos.
Na busca por diversão, nem sempre fazemos escolhas bem pensadas. Os zoológicos, aquários, parques aquáticos e circos sempre atraíram muita gente. Principalmente pelo fato de expor uma interação, nem tão bacana, com os animais. A parte chata desses passeios é que o uso dos animais para o nosso entretenimento, cria sérios problemas, tanto para o bem-estar do animal em si quanto, em alguns casos, para a preservação das suas espécies. A indústria do entretenimento emprega animais para uma enorme variedade de usos, muitas vezes causando imenso sofrimento e até a morte desses animais.
Um animal selvagem é diferente de um animal doméstico. Podemos ensinar um cão a se sentar com algumas lições e uns biscoitos, porque os cães convivem há milhares de anos com seres humanos. Já para ensinar um elefante a se sentar ou ficar em pé nas patas traseiras, ou um leão a pular por uma roda de fogo, a história é diferente.
Até chegar ao momento do show, àquele em que você ri e se diverte, um animal selvagem, seja ele urso ou elefante, chimpanzé ou leão, girafa ou chimpanzé, sofreu muito…
A exploração animal reflete uma crença de que eles existem para nos servirem, inclusive para nos divertirem, sem que essa seja a sua natureza.
Não são apenas os zoos culpados por criarem entretenimento a partir da vida de outros. Os aquários de golfinhos, assim como outros parques aquáticos, mantêm golfinhos e baleias em cativeiro, geralmente treinados para se exibirem. Desde a captura até a sua vida de “palhaços”, os animais sofrem um grande estresse, além dos riscos de ferimentos e morte. Preocupada com o bem-estar de golfinhos, a Alemanha começou a debater a proposta de liberdade para estes animais tão inteligentes.
Há também os circos, que alojam e confinam, em nome da diversão, animais grandes em jaulas pequenas. Não são raros os casos que além de enjaulados os animais são acorrentados e permaneçam sem liberdade para se comportar naturalmente durante toda a suas vidas. Os treinadores ainda usam técnicas que envolvem medo, submissão, privação e castigos que incluem espancamentos, chicoteamento e a supressão de alimentos.
No dia 15 de abril de 2018 foram divulgadas pelo mundo todo as imagens de um urso – animal que é símbolo da Rússia – chamado Tim. Durante um jogo de futebol da terceira divisão russa, o urso, controlado por um domador e usando uma focinheira, posicionou-se à frente do gramado. Movimentou as mãos como se estivesse batendo palmas, segurou a bola e a entregou ao árbitro da partida.
Obviamente, se pudesse escolher, esse animal não estaria lá, contrariando todos os comportamentos naturais de sua espécie, obedecendo comandos. Obediência obtida através de treinamentos humilhantes, pois “espancamentos, choques elétricos e privação de comida são métodos usados pelos tratadores russos para fazer com que os ursos realizem truques depreciativos e estúpidos”, disse Mimi Bekcechi, chefe de campanhas da People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), na Austrália.
Essa exibição é mais um exemplo de exploração animal cujo objetivo é o entretenimento do ser humano. “Os ursos são animais selvagens e, como tal, têm necessidades muito específicas e complexas. Ser amordaçado e forçado a realizar atos antinaturais na frente de grandes multidões de pessoas causa tremendo estresse e pode ter um impacto incalculável sobre esses animais, tanto psicológicos quanto físicos”, afirma Elisa Allen, da PETA/UK
Manter animais em cativeiro, como nos zoológicos, é negar-lhes a liberdade de movimento e associação, o que é importante para sua socialização. O dia-a-dia nos zoos é monótono e repetitivo, na maioria dos casos não há nenhum tipo de privacidade e nem tampouco estímulo. Os animais sofrem de esgotamentos físico e mental.
Para garantir boas visitações há zoológicos domesticando leões. O Zoo de Lujan, na Argentina, permite que as pessoas entrem nas jaulas e toquem nos leões “domesticados”.
Segundo eles, os leões apenas são domesticados desde bebês. Mas se levarmos em conta que até nossos cães que são completamente domesticados têm seus momentos de selvageria, se torna um pouco difícil de acreditar que isso basta para que leões permitam um entra e sai em suas jaulas. Muitos visitantes denunciaram a lerdeza dos animais e o zoológico sofre acusações de dopar os animais para que não reajam ao fluxo de turistas.
Entre as formas de “diversão” ainda há o Rodeio, um movimento que está se alastrando pelo nosso país. Os rodeios podem consistir em vários tipos de competições, incluindo prova de laço de bezerro ou novilho e montaria em cavalos ou touros, quando os participantes tentam se sustentar em cima de animais que se contorcem violentamente. O sedém, tipo de correia geralmente de crina, é firmemente apertado sobre a virilha com violento puxão na hora da abertura do brete, que comprime os órgão abdominais e genitais, fazendo os animais se contorcerem e pularem, tentando se livrar dele.
O atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participou este ano da Festa do Peão Boiadeiro de Barretos, e para uma plateia de 30 mil expectadores, disse, que está “ao lado” dos apoiadores de rodeios e vaquejadas e voltou a se mostrar contra o “grupo do politicamente correto” que, segundo ele, quer impedir as festas desse tipo no Brasil.
Como se já não bastasse todas essas formas de tortura legais para entreter, ainda há a Farra do Boi, que é proibida no Brasil, mas que ainda mata e tortura centenas de bois em diversas comunidades, principalmente em Santa Catarina. A Farra começa quando o boi é solto e perseguido pelos “farristas”, que carregam pedaços de pau, facas, lanças de bambu, cordas, chicotes e pedras. Eles perseguem o boi, que no desespero de fugir, corre em direção ao mar, vilas, casas ou hotéis. A tortura pode durar por três dias ou mais, quando o boi é morto a carne é dividida entre os participantes.
Além da Lei federal 9.605/98 que proíbe “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, a Farra do Boi foi expressamente proibida através de Recurso Extraordinário nº 153.531-8/SC; RT 753/101 em território catarinense, dada como crime punível com até um ano de prisão para quem a pratica, colabora ou se omite de impedi-la. Mesmo sendo considerada prática de maus tratos há 20 anos pelo Superior Tribunal Federal, ações continuam ocorrendo no litoral catarinense, especialmente no período da quaresma.
As touradas, por sua vez, fazem parte da cultura de países como França, Espanha e Portugal, apresentando também várias situações de maus-tratos cometidas contra os touros. Além das touradas, na Espanha, mais especificamente no município de Medinaceli, ocorre a celebração chamada Touro de Fogo no segundo sábado de novembro.
Durante cerca de 23 horas, como em todos os anos, um grupo de jovens locais agarra um touro em nome da tradição, e coloca duas bolas em seus chifres, ateando fogo logo a seguir. Então, soltam o touro que, aterrorizado, se contorce com os “olhos abrasados pelo calor das chamas e dos pedaços de brasa que saltam das coroa de espinhos que lhe colocaram”. Após horas de sofrimento agoniza até a morte, sendo que essa tortura, assistida por espectadores que aplaudem entusiasmados, é financiada pelos governantes do município.
Há também as festas de São Firmino, as mais famosas da Espanha e, todos os anos, atraem milhares de turistas do mundo inteiro.
Durante uma semana, todas as manhãs às 8h00 centenas de pessoas de camisa e calça brancas com lenço e cinto vermelhos tentam chegar o mais próximo possível de seis touros – ladeados por seis novilhos – enquanto percorrem as ruas estreitas da cidade. O percurso termina na arena onde esses touros são mortos à tarde pelos grandes nomes das touradas.
Em grandes fazendas na África do Sul, os filhotes de leões e tigres nascem em um sistema de exploração. Reproduzidos em escala, eles são usados em atrações turísticas que permitem que as pessoas passeiem, toquem e tirem fotos com eles.
Quando já não servem mais para entreter turistas, os leões são encaminhados para fazendas de caça, onde são mortos e têm suas peles e cabeças removidas para servirem de troféus. Seus ossos também são vendidos para produção de supostos medicamentos (como “vinho de osso”), amuletos e acessórios, especialmente no sudeste da Ásia.
Recentemente duas zebras, Safari, 4, e Pumba, 5, escaparam de seus estábulos no Circus Barlay, na manhã da quarta-feira, 02/09, instalado perto da cidade de Tessin, na Alemanha. As autoridades locais foram acusadas de “assassinato” pelos treinadores depois que os policiais decidiram atirar em um dos animais.
De acordo com a CNN, as autoridades alemãs ainda tentaram capturar a zebra mas tiveram de abatê-la depois de uma “corrida selvagem” que colocou em perigo os utilizadores daquela estrada e as autoridades.
Entretanto, segundo os tratadores “Eles mataram nossa zebra no campo, apesar de não apresentar nenhum perigo para os seres humanos ou outras criaturas”.
Da mesma forma, os expositores de mamíferos marinhos forçam animais sensíveis e inteligentes a passar a vida inteira dentro de tanques que são para eles o equivalente a banheiras. No mar aberto, orcas selvagens e outros golfinhos vivem em grandes e complexos grupos sociais e nadam longas distâncias todos os dias. Em cativeiro, eles podem nadar em círculos intermináveis e são forçados a realizar truques sem sentido para os seres humanos. A maioria morre muito aquém de sua expectativa de vida natural.
Nos parques que oferecem experiências de “nadar com golfinhos”, os golfinhos têm a oportunidade de expressar comportamento natural. Enquanto eles nadam até 100 quilômetros por dia no oceano, em cativeiro, eles estão confinados a tanques apertados ou currais poluídos e forçados a interagir com seres humanos, o que é altamente estressante e potencialmente prejudicial para eles. Muitos morrem prematuramente devido ao estresse do confinamento. Você pode ajudar informando a todos que você conhece para evitar atrações como o SeaWorld e experiências de “nadar com golfinhos”.
Nos EUA a The Big E é o maior evento agrícola na costa leste e a sexta maior feira do país. O The Big E acontece a cada outono em West Springfield, Massachusetts. Todos os anos, a feira abre na segunda sexta-feira após o Dia do Trabalho e dura dezessete dias.
Elefantes, camelos, zebras, cangurus e lêmures são apresentados no zoológico RW Commerford & Sons. Este zoológico itinerante contém uma grande diversidade de animais silvestres em condições pouco naturais, apertadas e muitas vezes insalubres. Os elefantes, sob a ameaça de punição e cutucados com um instrumento afiado de metal chamado de anzol, são obrigados a dar passeios.
Correram pela internet uma foto de um elefante sofrendo forçado a dar carona e um vídeo de um camelo aparentemente exausto sendo empurrado violentamente para ficar em pé, e mesmo com a PETA – junto com mais de 100.000 cidadãos preocupados – pedindo o fim dos animais na Exposição Oriental dos Estados Unidos, a exploração continua.
A pergunta que fica é: Entretenimento e ‘tradições’ justificam esse sofrimento?