“Festa” de São Firmino termina com 35 feridos, incluindo 8 chifrados

As “festas” de São Firmino são as mais famosas da Espanha e, todos os anos, atraem milhares de turistas do mundo inteiro, que correm atrás dos touras nas ruas estreitas da cidade, até a arena onde os animais são mortos pelos grandes nomes das touradas.

Fontes: Isto É; Exame; Diário do Nordeste; Wikipedia.

O percurso termina na arena onde os touros são mortos à tarde pelos grandes nomes das touradas – Foto: AFP

As festividades de São Firmino em Pamplona, no norte da Espanha, terminaram neste domingo (14/07) com três pessoas chifradas no oitavo e último dia de festejos, elevando para oito o total de pessoas chifradas entre os 35 feridos hospitalizados durante o evento.

Outras centenas de pessoas ficaram levemente feridas. A Cruz Vermelha anunciou que prestou atendimento a 655 pessoas durante a semana, incluindo 504 participantes das corridas.

As festas de São Firmino acontecem de 6 a 14 de julho. São as mais famosas da Espanha e, todos os anos, atraem milhares de turistas do mundo inteiro.

Durante uma semana, todas as manhãs às 8h00 centenas de pessoas de camisa e calça brancas com lenço e cinto vermelhos tentam chegar o mais próximo possível de seis touros – ladeados por seis novilhos – enquanto percorrem as ruas estreitas da cidade.

Festa de São Firmino, na Espanha, termina com 35 feridos, incluindo 8 chifrados (Jon Nazca/Reuters)

O percurso termina na arena onde esses touros são mortos à tarde pelos grandes nomes das touradas.

A corrida ou “encierro” faz a cada ano vários feridos.

Neste domingo, o maior dos seis touros liberados se viu isolado e começou a atacar os corredores em seu caminho. Dois australianos de 27 e 30 anos, além de um espanhol de 25 anos, foram feridos pelo animal, que pesa meia tonelada, disseram autoridades regionais.

No ano passado, duas pessoas foram chifradas. Desde o início da compilação destes dados, em 1911, pelo menos 16 pessoas morreram nas festividades, a último em 2009. Em 2018, 42 pessoas ficaram feridas, duas chifradas.

Festival ocorre anualmente em Pamplona, na Espanha (Foto: Andres Kudacki/AP)

AS FESTAS DE SÃO FIRMINO

As Festas de São Firmino (em castelhano: Fiestas de San Fermín ou, mais popularmente, Sanfermines; em basco: Sanferminak) são as festas em honra a São Firmino, que se realizam em Pamplona, no norte de Espanha, todos os anos entre 6 e 14 de julho. São Firmino foi um santo natural da cidade, padroeiro da diocese e co-padroeiro de Navarra.

Os festejos começam dia 6 de julho, ao meio-dia em ponto, com o chupinazo (lançamento de foguete) da sacada do Palácio Consistorial (sede do governo municipal), e terminam à meia-noite de 14 de julho com a canção de despedida “Pobre de Mí”. Uma das atividades mais famosas dos Sanfermines é o encierro, que consiste numa corrida de touros ao longo de um percurso de 849 metros por três ruas do centro histórico de Pamplona, que culmina na praça de touros da cidade. Os encierros realizam-se todos os dias entre 7 e 14 de julho às 8 horas da manhã e normalmente duram três a quatro minutos. Entre 1922 e 2009 morreram 15 pessoas nos encierros dos Sanfermines.


ORIGENS DAS FESTAS

As festas têm origem antiga, de séculos, mas a sua fama mundial é um fenômeno mais recente, da primeira metade do século XX. O escritor norte-americano Ernest Hemingway foi um dos que mais contribuíram para propagar essa fama com seu livro “The Sun Also Rises”, cuja maior parte da narrativa decorre em Pamplona durante os Sanfermines. É uma das festas de Espanha mais célebres a nível mundial, que frequentemente é mencionada em listas de “festas a não perder” ou “festas mais impressionantes do mundo”, e atrai à cidade (que tem cerca de 200 000 habitantes) mais de um milhão e meio de visitantes. Em 2012, o programa oficial das festas incluiu 431 eventos, nos quais foram gastos 2,4 milhões de euros, 8% menos do que no ano anterior.

Imagem de São Firmino na sua capela, na Igreja de São Lourenço de Pamplona

Segundo a tradição, São Firmino teria sido o filho de um romano de estatuto senatorial em Pamplona no século III, que foi convertido ao cristianismo por Santo Honesto, um discípulo de São Saturnino. Teria sido batizado por este último (que em Navarra e em França também é conhecido como San Cernin) no lugar conhecido como o “Pocinho de San Cernin”) e ordenado sacerdote em Toulouse.

Voltou depois a Pamplona como primeiro bispo da cidade. Numa viagem de pregação posterior, São Firmino foi decapitado em Amiens, supostamente em 25 de setembro de 303. Em Pamplona conta-se por vezes que morreu sendo arrastado pelas ruas. É considerado um mártir pela Igreja Católica.

As festas têm origem na combinação de dois eventos medievais distintos. As feiras comerciais seculares realizavam-se no início do verão. Como os comerciantes de gado iam para a cidade com os seus animais, começaram a organizar-se touradas e tornaram-se parte da tradição.

Os registos mais antigos dessas touradas são do século XIV. As cerimônias religiosas em honra ao santo tinham lugar em 10 de outubro, como acontecia em Amiens. As festas de verão, de caráter cada vez mais profano, tinham lugar em 25 de julho, dia do apóstolo Santiago Maior, quando o clima era mais propício para essas atividades do que outubro.

No final do século XVI as autoridades civis solicitaram à Igreja que o dia de São Firmino fosse transferido para 7 de julho, o dia de uma grande feira. O pedido que foi aprovado pelo sínodo da diocese local em 1590, quando era bispo Bernardo de Rojas y Sandoval. Esta mudança de data é considerada o início dos Sanfermines, que foram realizados pela primeira vez em julho no ano de 1591.

Praça do Castelo (Plaza Castillo di caccamo), local onde eram realizadas as touradas até ao século XVI

A institucionalização mais definitiva da componente religiosa das festas ocorreu em 1717, com a inauguração da capela do santo em São Lourenço. Durante a Idade Média, os eventos festivos incluíam um discurso de abertura, música, torneios, teatro, touradas, danças e fogo de artifício e duravam dois dias.

As primeiras menções a uma praça de touros surgem em crônicas dos séculos XVII e XVIII, juntamente com a presença de estrangeiros e as preocupações com abuso de consumo de bebida alcoólicas e comportamentos dissolutos durante as festas. Por ainda não existirem as cercas que atualmente são montadas no percurso do encierro, por vezes havia touros que escapavam para outras ruas.

Praça de Touros após um encierro em 1968


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