Vítimas eram agricultores que trabalhavam em colheita; ofensiva buscava esconderijo do Estado Islâmico. Outras 40 pessoas ficaram feridas. Segundo a Reuters, os drones deveriam ter atingido um esconderijo do Estado Islâmico. Centenas de pessoas morreram em ataques no país nos últimos dias.
Um ataque aéreo de drones dos Estados Unidos matou ao menos 30 agricultores e feriu outros 40 que descansavam depois de um dia de trabalho no Afeganistão, anunciaram as autoridades afegãs nesta quinta-feira (19). Os drones deveriam ter atingido um esconderijo do Estado Islâmico, diz a agência de notícias Reuters.
O ataque, que ocorreu na noite de quarta-feira (18), atingiu os agricultores que acabavam de colher pinhões em Wazir Tangi, na província de Nangarhar, no leste do país, disseram três autoridades afegãs à Reuters. No momento em que foram atingidos, todos eles faziam seu horário de descanso após o dia de trabalho numa colheita de pinhão.
“Alguns de nós conseguiram escapar e alguns ficaram feridos, mas muitos foram mortos”, disse Juma Gul, morador da província de Kunar, que viajou a Wazir Tang para trabalhar nos campos.
Attaullah Khogyani, porta-voz do governador da província de Nangarhar, disse que pelo menos 9 corpos foram coletados no local. Haidar Khan, dono dos campos de pinhões, disse que cerca de 150 trabalhadores estavam lá para a colheita. Alguns ainda estão desaparecidos.
“Os trabalhadores acenderam uma fogueira e estavam sentados juntos quando um drone os atingiu”, disse o ancião tribal Malik Rahat Gul, da região de Wazir Tangi.
O Ministério da Defesa do Afeganistão e um alto funcionário dos EUA em Cabul confirmaram o ataque com drones, mas não deram detalhes de vítimas civis.
“As forças americanas realizaram um ataque de drones contra os terroristas do Estado Islâmico em Nangarhar”, disse o coronel Sonny Leggett, porta-voz das forças americanas no Afeganistão. “Estamos cientes das alegações de morte de não combatentes e estamos trabalhando com autoridades locais para determinar os fatos”.
Irritados com o ataque, alguns moradores da província de Nangarhar, onde está baseada a cidade de Wazir Tangi, exigiram desculpas e compensação monetária do governo dos EUA.
“Erros como esses não podem ser justificados. As forças americanas devem perceber que nunca vencerão a guerra matando civis inocentes”, disse Javed Mansur, morador da cidade de Jalalabad.
Os combatentes jihadistas do EI apareceram em 2014 pela primeira vez no país, onde lutam contra o governo afegão, os militares dos EUA e o Talibã
As forças armadas americanas estimam que haja cerca de 2.000 combatentes vinculados ao grupo terrorista.
Cerca de 14 mil soldados dos EUA estão no Afeganistão, treinando e aconselhando as forças de segurança afegãs e conduzindo operações de contra-insurgência contra o Estado Islâmico e o Talibã.
O Estado Islâmico não se pronunciou sobre o ataque.
Centenas de mortos
Às vésperas das eleições presidenciais no Afeganistão, no dia 28, centenas de pessoas morreram em ataques do Talibã neste mês, depois que as negociações de paz entre os EUA e o país não deram certo. O presidente americano, Donald Trump, interrompeu as conversas que poderiam levar a um acordo para encerrar a guerra, que já dura 18 anos.
Em um incidente separado, nesta quinta (19), pelo menos 20 pessoas morreram em um ataque suicida do Talibã na província de Zabul, no sul. Na terça-feira (17), 48 pessoas morreram em um atentado do grupo.
A ONU diz que quase 4 mil civis morreram ou foram feridos na primeira metade do ano no país.