Multinacionais reagem contra queimadas na Amazônia

Companhias multinacionais anunciaram o fim da importação de produtos nacionais enquanto situação na Amazônia não for resolvida.

Fonte: UOL.

A repercussão mundial sobre o desmatamento e as queimadas da Amazônia tem dado os primeiros sinais de impacto comercial para o Brasil. Tanto empresas multinacionais quanto países estão ameaçando boicotar a importação de produtos nacionais enquanto a situação não for resolvida. As multinacionais falam em suspender a compra de couro, soja e carne do Brasil.

O conglomerado americano dono da Vans e de outras 17 marcas de roupa anunciou que deverá cessar a importação de couro nacional. A maior produtora norueguesa de salmão pensa em boicotar a soja brasileira, e a multinacional de alimentos Nestlé fala em reavaliar fornecedores de carne e cacau daqui.

Norueguesa Mowi ameaça interromper compra de soja

Maior produtora de salmão do mundo, a criadora de peixes Mowi anunciou, na última quarta-feira (28), que estuda interromper a compra de soja do Brasil caso a situação das queimadas na Amazônia não seja resolvida.

“O tratamento da Amazônia é inaceitável. A Mowi vai ter de considerar encontrar outras fontes para abastecer seu material, a menos que a situação melhore”, declarou Catarina Martins, diretora de Sustentabilidade da norueguesa, por meio de comunicado. “É importante que nós e todos que compram bens de consumo do Brasil deixem claro que a floresta precisa ser preservada.”

A multinacional compra soja brasileira para produzir a ração com que alimenta suas criações de peixe. Em 2018, foram produzidas quase 350 mil toneladas de ração. De acordo com a imprensa local, a soja representa 12% da composição, e grande parte dela vem do Brasil. A soja também é o produto básico brasileiro mais importado pela Noruega: um mercado de quase US$ 111 milhões em 2018 (14% do total da exportação para o país escandinavo).

Nestlé reavaliará fornecedores.

A multinacional alimentícia Nestlé, com fábrica no Brasil há quase cem anos, não falou em deixar de fazer negócios no país, mas anunciou que deverá reavaliar as práticas de seus fornecedores na região.

“Estamos revisando nossa compra de subprodutos de carne e cacau da região [da Amazônia] para garantir que ela esteja alinhada com nosso Padrão de Fornecimento Responsável e vamos tomar ações corretivas quando necessário”, declarou a empresa por meio de comunicado.

Além de carne e cacau, a companhia também compra óleo de palma e soja explorados no bioma da Amazônia. “Estamos profundamente preocupados com os incêndios na floresta amazônica”, pontuou a multinacional.



Finlândia quer banir carne brasileira

Não são só as empresas privadas que estão reavendo seus acordos em meio às queimadas. Na semana passada, a Finlândia pediu que a União Europeia avaliasse a possibilidade de banir a importação de carne brasileira.

“O ministro das finanças Mika Lintila condena a destruição na floresta amazônica e sugere que a União Europeia e a Finlândia urgentemente analisem a possibilidade de banir a importação de carne brasileira”, disse o ministério das finanças da Finlândia, por meio de comunicado. Em 2018, a Finlândia importou apenas US$ 2,26 milhões em carne brasileira. No entanto, se for considerado todo o bloco europeu, a soma aumenta para US$ 476 milhões.

Dona da Kipling e Vans suspenderá compra de couro

O conglomerado americano VF Corp, dono de marcas como Timberland, Kipling e Vans, foi a primeira grande multinacional a anunciar restrições ao Brasil por causa da situação na Amazônia.

A notícia foi dada pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) na terça-feira (27). No dia seguinte, no entanto, a organização tirou a nota do ar e afirmou que a exportação se mantinha igual.

Na quinta-feira (29), o grupo americano confirmou a notícia. “A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”, afirmou, por meio de nota.

Foto aérea mostra queimada em trecho de 2 km de extensão de floresta, a 65 km de Porto Velho, em Rondônia, em 23 de agosto de 2019 – Foto Carl de Souza / AFP


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