Cientistas criam lentes de contato robóticas que dão zoom

Em breve você vai poder se sentir em um episódio de “Black Mirror”. Habilidades robóticas estão cada vez mais próximas dos humanos.

Fontes: R7; Super Interessante; Galileu.

Um estudo publicado esta semana na Advanced Functional Materials apresentou um protótipo de lentes de contato que permitem dar zoom em determinados objetos.

As lentes são bem fáceis de usar: o indivíduo deve piscar duas vezes seguidas para dar zoom e repetir o mesmo procedimento para voltar à visão normal. Isso só é possível devido à diferença de potencial elétrico entre a parte da frente e de trás do globo ocular. O olho tem um campo elétrico que pode ser medido quando realizamos determinados movimentos, como olhar para a esquerda, direita ou piscar.

O que o protótipo faz é identificar os sinais elétricos do movimento (no caso, as duas piscadelas) e traduzi-lo no zoom. As lentes são feitas de um material flexível parecido com o cristalino  a parte do olho responsável pelo foco. Ao receber os sinais, as lentes são capazes de mudar de forma para alterar sua distância focal em até 32%. 

Essa capacidade de o olho controlar a lente é chamada de potencial eletro-oculográfico e, segundo Shengqiang Cai, autor principal do estudo, funciona mesmo se a pessoa estiver dormindo. Em entrevista à New Scientist, ele explica que, durante o sono, é como se a lente fosse “carregada” – quando o usuário acorda, o produto consegue responder melhor aos comandos elétricos gerados pelas piscadas.

Mas antes de começar a se imaginar com um olho biônico, é bom saber que por enquanto o protótipo só funciona em conjunto com eletrodos colados nas têmporas do paciente (e convenhamos que a maioria das pessoas não quer sair de casa parecendo a Eleven de Stranger Things). São eles que captam os sinais elétricos, mas terão que ser substituídos por aparelhos menores ou incorporados à própria lente antes que ela esteja disponível ao público.

Os cientistas disseram que a ideia é usar a lente em próteses visuais, óculos ajustáveis e robótica operada no futuro e devem ajudar a criar olho protético. Ainda não há, porém, previsão de quando ela chegará ao mercado. 

Essa não é a primeira vez que a ciência desenvolve “lentes inteligentes”. Em 2013, pesquisadores criaram uma lente de contato que também era capaz de dar zoom somente com uma piscada — a diferença é que o usuário precisava usar um óculos eletrônico por cima dela, anulando um dos principais propósitos da lente de contato: ser discreta.

Ainda mais recentemente, uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford criou óculos que ajustam o foco automaticamente usando apenas o movimento do olhar do usuário. O inconveniente, mais uma vez, é que eles não são muito discretos  parecem mais um headset de realidade aumentada. Se você quiser continuar saindo de casa sem chamar muita atenção, é melhor se contentar com os óculos e lentes normais por enquanto.



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