Mobilização de mais de 40 países pelo Dia Internacional contra a Exportação de Gado Vivo

Além de causar sofrimento aos bichos, a venda não compensa economicamente. A maioria dos países contrários à exportação de gado vivo está na Europa.

Fontes: Agrolink; Canal Rural.

Para o transporte de gado vivo, “a questão do bem-estar animal é zero”.

Pelo terceiro ano consecutivo, um movimento internacional, liderado pela organização não governamental (ONG) Compassion in World Farming, mobiliza a população mundial em torno do Dia Internacional contra a Exportação de Gado Vivo, celebrado no dia 14/06, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o sofrimento dos animais que são exportados vivos para abate em outros mercados.

O movimento foi iniciado em 2017 e contou com 30 países participantes. O Brasil aderiu no ano passado, quando a mobilização envolveu 33 nações. Este ano, mais de 40 países farão manifestações. No Brasil, elas começaram no dia 13/06 se estendendo até o dia 16, coordenadas pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, em conjunto com organizações de diversas cidades. Ao todo, 12 cidades brasileiras participam do movimento global.

A diretora de Educação do fórum, geógrafa Elizabeth MacGregor, disse que embora existam leis que determinem tratamento humanitário para o transporte de gado vivo, “a questão do bem-estar animal é zero”.

Riqueza x emprego

Além disso, como a exportação de gado vivo não é taxada, ela não gera riqueza para o país. A operação não gera emprego no Brasil, mas nos países compradores, como Turquia e Líbano, onde o abate é ainda mais cruel do que no Brasil, acentuou Elizabeth.

“Ambientalmente é péssimo”, observou. Os animais costumam ser transportados em navios reformados ou adaptados, de péssima qualidade, sem as mínimas condições de higiene, sem alimentação e hidratação adequadas, sem assistência veterinária, sujeitos a intempéries climatológicas, com urina e fezes provocando proliferação de doenças. “Vão cheios de outras substâncias que afetam o meio ambiente”.

Transporte de gado vivo só traz mais sofrimento aos animais.

Conhecimento

A maioria dos países contrários à exportação de gado vivo está na Europa. A razão para isso é o conhecimento, assinalou Elizabeth MacGregor. A ciência diz que todos os vertebrados são seres sencientes, isto é, têm capacidade emocional para sentir dor. “Têm capacidade cognitiva, então raciocinam, têm sentimentos e desde a década de 1970, a ciência do bem-estar animal usa parâmetros científicos e objetivos para analisar tecnicamente como os animais estão sendo tratados”. Observou que esse conhecimento ainda é heterogêneo, “como tudo no mundo”. A diretora informou que os países que participam do movimento estão localizados em todos os continentes. “O movimento é global mesmo”. Na Europa, por exemplo, defendem a diminuição do número de horas que os animais levem no transporte terrestre, inclusive. “Mas o pior é essa exportação”, acentuou Elizabeth.

O movimento foi iniciado em 2017, em Londres, pela ONG ‘Compassion in World Farming’. O evento reuniu 600 pessoas e contou com a parceria da ONG ‘World Wide Fund for Nature‘ (WWF), do Banco Mundial (BIRD) e da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Essas organizações consideram a pecuária a atividade humana que maior impacto causa ao meio ambiente, desde o desmatamento até questões como poluição de mares, lagos, oceanos. A flatulência dos bovinos é gás metano, salientou a diretora do Fórum.

Relatórios e resultados confirmam essa afirmação, afiançou Elizabeth MacGregor. “Tem todo um embasamento técnico e de órgãos internacionais, não só de ONGs”. Completou que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já sinaliza para o impacto da pecuária no meio ambiente. “O Brasil tem mais boi do que gente”, afirmou. Segundo a diretora, a questão “é seríssima em todo o mundo”.

A médica veterinária Vânia Nunes, diretora técnica do Fórum Animal, salientou que a condição de maus-tratos começa no transporte das fazendas para o porto, “já extremamente estressante para os animais”. As viagens pelo mar duram semanas até o Oriente Médio e não oferecem mínimas condições que garantam o bem-estar do gado, confirmou. Devido a essas péssimas condições de transporte, muitos animais não resistem à viagem e as carcaças são jogadas no mar, juntamente com toneladas de fezes e urina produzidas diariamente, o que contribui para ampliar a poluição no meio ambiente.

No dia 13 foram realizadas manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. No dia 14 os movimentos foram em Brasília, Salvador e Sorocaba (SP), seguindo-se, no sábado 15, em Curitiba, Porto Alegre, Belém e Indaiatuba (SP). A mobilização no Brasil sem encerram no domingo 16, em Lajeado (RS).



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