Lord Byron, um dos maiores e mais controversos poetas britânicos e uma das figuras mais influentes do Romantismo.

Fontes: ABC; Folha ; Vegazeta; Portal São Francisco;


Nascimento: 22/01/1788 – Londres, Inglaterra
Morte: 19/04/1824

George Gordon Byron, conhecido como Lord Byron, entrou para a história da literatura no século 19, depois de escrever suas obras-primas – Childe Harold’s Pilgrimage (Peregrinação de Childe Harold) e Don Juan. Esse último permaneceu inacabado devido à sua morte iminente. Também foi um dos primeiros escritores a descrever os efeitos da maconha.

Quando menino, o jovem George sofreu com um pai que o abandonou, uma mãe esquizofrênica e uma enfermeira que abusou dele. George cresceu graças ao sacrifício custoso de sua sofrida mãe, que sozinha, se desdobrou para criar o pequeno Byron.

O jovem George herdou de sua mãe o problema do sobrepeso e tentou todas as dietas da moda; de beber copos de vinagre azedo e chicletes feitos de seiva de pinheiro, até a comer um dia e passar fome no outro. Em seu momento de maior magreza, ele chegou a pesar cerca de 55 kg, e não demorou muito para que admiradoras de todo o país passassem a imitá-lo.

Em 1798, aos 10 anos, George herdou o título de seu tio-avô, William Byron, e foi oficialmente reconhecido como Lord Byron.


Dois anos depois, ele frequentou a Harrow School em Londres, onde ele experimentou seus primeiros encontros sexuais com homens e mulheres.

Ele era galantemente bissexual e achava que “os homens eram mais inteligentes, mas as mulheres beijavam melhor”

Em sua adolescência, Byron foi tomando consciência de seu poder. Possuidor de carisma, beleza e poder de sedução, ele logo começou a aproveitar seus dons. Apaixonou-se por literatura ao primeiro contato. Escrevia muitos versos e gastava muito dinheiro.

Depois de receber uma crítica mordaz de seu primeiro volume de poesia, Hours of Idleness (Horas de ociosidade), em 1808, Byron retaliou com o poema satírico “Ingleses Bardos e revisores escoceses”. O poema atacou a comunidade literária com humor e sátira, e ele ganhou seu primeiro reconhecimento literário.

Ao completar 21 anos, Byron sentou-se na Câmara dos Lordes.

Em 25 de junho de 1811, de acordo com o livro Life of Lord Byron: with his letters and journals, de Thomas Moore, o poeta informou que havia se tornado vegetariano há muito tempo, e que peixe ou qualquer outro tipo de carne estava fora de cogitação: “Por isso estou estocando batatas, verduras e bolachas. Não estou bebendo nem vinho. Com relação à minha saúde, estou me sentindo bem. Recentemente tive malária, mas me recuperei rapidamente. ”

Em julho de 1811, Byron voltou a Londres após a morte de sua mãe, e apesar de os seus defeitos, sua morte mergulhou-o em um luto profundo. O grande elogio da sociedade londrina puxou-o para fora de seu declínio, assim como uma série de assuntos amorosos, primeiro com a apaixonada e excêntrica Lady Caroline Lamb, que descreveu Byron como “louco, ruim e perigoso de conhecer” e depois com Lady Oxford, que encorajou o radicalismo de Byron.

Então, no verão de 1813, Byron entrou em um relacionamento íntimo com sua meia-irmã, Augusta, agora casada. A perturbação e a culpa que ele experimentou como resultado desses assuntos amorosos refletiram-se em uma série de poemas sombrios e arrependidos, “The Giaour”, “A noiva de Abydos” e “The Corsair”.

Em setembro de 1814, buscando escapar das pressões de seus enredos amorosos, Byron propôs à educada e intelectual Anne Isabella Milbanke (também conhecida como Annabella Milbanke). Eles se casaram em janeiro de 1815, e em dezembro daquele ano, nasceu a filha, Augusta Ada, mais conhecida como Ada Lovelace. No entanto, em janeiro, a união se desintegrou, e Annabella deixou Byron em meio ao seu alcoolismo, suas dívidas e rumores de suas relações incestuosas com sua meia-irmã e de sua bissexualidade. Ele nunca mais viu sua esposa ou filha.


Mesmo após a morte, a reputação de Lord Byron’s perseguiu sua filha, Ada Lovelace.
(Getty: Donaldson Collection/ Stock Montage)

A fama de Byron não se deve somente aos seus escritos, mas também a sua vida — amplamente considerada extravagante — que inclui numerosas amantes, dívidas, separações, alegações de incesto e outros escândalos.

À época, muita gente acreditava que Byron era um escritor que usava a literatura simplesmente para transmitir o seu cínico desprezo pela humanidade, com seus textos ácidos e satíricos. No entanto, o que ele mais repudiava eram os excessos que ele presenciava nos jantares da burguesia britânica.

Durante os banquetes, não foram poucos os momentos em que se revoltou ao testemunhar tantos animais mortos sendo servidos à mesa para satisfazer a glutonaria dos abastados. Sem cerimônia, se queixava diante de todos, exacerbando sua cólera com seu estilo irônico:

“Toda a História humana atesta, que a felicidade para o Homem – o insaciável pecador! – desde que Eva comeu a maçã, depende em grande parte do jantar” escreveu o poeta em um excerto de Canto XVII, de Don Juan.

Byron nem sempre foi vegetariano. Inclusive houve um período em que ele chegou a discutir com Percy Shelley, marido da escritora Mary Shelley, sobre suas contrariedades em relação ao vegetarianismo. Porém, mais tarde admitiu em carta à sua mãe que estava determinado a se livrar completamente dos alimentos de origem animal, uma decisão que pode ter sido influenciada por Shelley.

Segundo o poeta britânico, se abster de consumir carne iria proporcionar-lhe percepções mais claras, um novo entendimento da vida e do mundo. Tomada a decisão, Byron, que até então era considerado tão volátil como ser humano quanto artista, adotou em certo período um estilo de vida surpreendentemente frugal, com uma alimentação baseada em água e bolachas caseiras, preparadas a seu gosto. Das bebidas alcoólicas, apenas o vinho branco ainda o acompanhava. Como alguém que tencionava se afastar cada vez mais das armadilhas do ego e das insídias da vida em sociedade, o poeta escreveu em Childe Harold’s Pilgrimage:

“Existe prazer nas matas densas
Existe êxtase na costa deserta
Existe convivência sem que haja intromissão no mar profundo e música em seu ruído
Ao homem não amo pouco, porém muito a natureza”

Em abril de 1816, Byron deixou a Inglaterra, para nunca mais voltar. Ele viajou para Genebra, na Suíça, fazendo amizade com Percy Bysshe Shelley, sua esposa Mary e sua irmã, Claire Clairmont. Em outubro, Byron e John Hobhouse partiram para a Itália. Ao longo do caminho, ele continuou seus caminhos lúcidos com várias mulheres e retratou essas experiências em seu maior poema, “Don Juan”.

Em 1818, quando hospedou Percy e Mary Shelley em sua casa na Vila Diodati, nas imediações do Lago de Genebra, na Suíça, e justamente num período chuvoso em que Mary, com a ajuda do marido, escreveu o esboço de Frankenstein, a dieta de Lord Byron era baseada em uma fatia fina de pão com chá no café da manhã; vegetais e uma ou duas garrafas de água com gás no jantar; e uma xícara de chá verde sem açúcar na ceia. Ao sentir fome, ocasionalmente ele mastigava tabaco ou fumava charutos.

Byron morreu em uma idade jovem na Guerra de Independência da Grécia, buscando aventuras românticas e heroicas, em Missolonghi, no litoral norte do Golfo de Pratas, onde estava lutando ao lado dos gregos pela independência da opressão turca. Segundo consta, a causa da morte parece ter sido uremia, complicada por febre reumática e por imperícia médica. Seu corpo foi trazido de volta para a Inglaterra, mas o clero se recusou a enterrá-lo na Abadia de Westminster, como era costume para indivíduos de grande estatura. Em vez disso, ele foi enterrado no jazigo da família perto de Newstead. Em 1969, um memorial de Byron foi finalmente colocado no chão da Abadia de Westminster.

Lord Byron na Grécia

Sua filha, Ada Lovelace, colaborou futuramente com Charles Babbage para o engenho analítico, um passo importante na história dos computadores.

Byron demonstrou em seus poemas e cartas que por trás de sua abstinência sempre houve uma motivação moral. Além disso, ele amava tanto os animais que jamais viajava sem levar pelo menos cinco gatos. Um deles, chamado Beppo, foi inclusive homenageado com um poema homônimo. Outro de seus amigos inseparáveis era Boastwain, um cão da raça newfoundland que o inspirou a conceber Epitaph to a Dogem 1808.

Quando seu companheiro canino faleceu, Byron erigiu um monumento para eternizar a imagem de Boastwain em verso. E seguindo suas recomendações, assim que o poeta faleceu com apenas 36 anos em 19 de abril de 1824, sua família atendeu ao mais expresso dos seus pedidos: “Que o monumento em minha homenagem não seja maior do que o de Boastwain”. E seu desejo foi realizado.



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