Coelhos não são presentes nem decoração de Páscoa.

Fontes: Terra; Estadão; Paraná Portal; Vegazeta; Recanto das Letras; Raízes Espirituais.


Muitos são abandonados após as festas. Famílias não avaliam se tem estrutura, orçamento e disposição para acolher um animal de estimação.

Para se entender o motivo pelo qual os cristãos atrelaram a imagem do coelho à Páscoa, que celebra a ressurreição de Cristo, sendo um dos dias santos mais importante da religião cristã, é preciso recorrer aos livros de História.

Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera. A palavra “páscoa” – do hebreu “peschad”, em grego “paskha” e latim “pache” – significa “passagem”, uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro. Na Idade Média os antigos povos pagãos europeus, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.

Ostera é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. Ostara foi cristianizada como a maior parte dos antigos deuses pagãos. Os ovos, símbolo da fertilidade, eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses.

Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, no século XVI, a troca de ovos começou a fazer parte da Semana Santa, junto a imagem do Coelho da Páscoa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo. Na época as pessoas trocavam ovos de galinha decorados. A tradição dos ovos de chocolate começou na França, onde O chocolate era consumido como bebida, uma mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha, considerada afrodisíaca e revigorante. A partir do século XIX, os ovos doces tomaram conta das comemorações no mundo todo.

Atualmente os coelhinhos fazem parte da tradição nos países de maioria cristã, mas como todo animal de estimação, jamais devem ser adotados para servir como um brinquedo para as crianças.

Antes de adquirir um pet, as famílias devem avaliar cautelosamente se possuem estrutura, orçamento e rotina que permitam criar, com bem-estar e saúde, esse animal que vive de seis a dez anos em ambiente doméstico.

A veterinária Cristina Maria Pereira Fotim, integrante do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, explica que deixar os coelhinhos em gaiolas causa sofrimento, uma vez que impede que se movimentem adequadamente. “Os coelhos podem apresentar problemas nas articulações, obesidade e desvios de comportamento, como lambeduras que levam a problemas de pele”, explica. 

Além da vida fora das gaiolas, os coelhos precisam de uma área para tomar banho de sol e abrigo para que possam se recolher e descansar quando quiserem. O local deve contar com madeira para que o coelho possa roer, outro comportamento inerente à espécie. “É indicado deixar à disposição do animal pedaços de troncos ou galhos de laranjeiras, goiabeiras ou de outras árvores frutíferas, sempre in natura, nunca madeiras envernizadas”, menciona Cristiane Schilbach Pizzutto, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-SP.

A alimentação é outro tópico que merece atenção, pois nem só de ração vive um coelho. Folhagens com talos, frutas e legumes devem fazer parte da dieta, a qual precisa ser definida com orientação de um veterinário

Apesar de fofinhos eles podem apresentar certa agressividade. Cristiane explica que os coelhos são presas de diversos outros animais em vida livre, por isso, podem desenvolver um medo intenso quando enclausurados. “Isso pode dificultar a adaptação, dependendo da rotina da casa”, enfatiza.

Por não se atentarem às necessidades específicas dos coelhos antes de adquiri-los como pets, muitas famílias acabam negligenciando os cuidados e, pior, abandonando o animal, o que configura crime, previsto na Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais). A situação é bastante grave, uma vez que os animais não conseguem se alimentar e acabam desidratados e desnutridos.

Eventos e feiras que usam coelhos como decoração e atrativo para as crianças estimulam a aquisição irresponsável por parte dos pais, feita por impulso em um momento de alegria e celebração. Além disso, na maioria das vezes, os responsáveis pelos eventos não têm conhecimento sobre os hábitos dos animais, e os tratam como objetos decorativos, sem o mínimo de cuidado.


O Município de Blumenau montou diversos eventos, e em um deles, no Parque Ramiro Ruediger, coelhos vivos são uma das atrações.

Enquanto o Governo do Paraná, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, está realizando a campanha “Páscoa Consciente! ”, contra a objetificação dos coelhos na Páscoa, a Prefeitura de Pato Branco (PR) está utilizando coelhos vivos na decoração da “Páscoa Feliz” na Praça Presidente Vargas.

A campanha destacou que, após a Páscoa, muitos coelhos são abandonados em lixeiras, parques e praças, e acabam morrendo de frio e fome. Outros são atropelados ou atacados por cães.

A prefeitura alega que o uso de coelhos é resultado de um “estudo técnico e legal” em relação ao tamanho, estrutura física e posicionamento do espaço aprovado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

Fotos dos visitantes do evento “Páscoa Feliz”

Sendo verdade ou não, visitantes tiraram fotos de coelhos deitados no piso de cimento depois de registrarem temperaturas superiores a 30 graus. O que a prefeitura também parece não entender é que não se trata apenas de garantir o suposto bem-estar dos animais em exposição, mas sim que usá-los como “objetos de decoração” reforça a ideia de que os coelhos estão disponíveis para atender os caprichos de seus donos. Moradores de Pato Branco criaram um abaixo-assinado contra a exposição de coelhos vivos. Para assinar, basta clicar aqui.

Em vez de coelhos de verdade, tenha uma Páscoa consciente. Opte por coelhos de pelúcia ou de chocolate, que tem a mesma atratividade e evita futuros abandonos.



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