Você sabe como já é possível se comunicar com os animais, e quais as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas?
Fontes: Ever widening circles; Revista Galileu; O Globo; Wild Dolphin Project; Revista Nature; Gauchazh; Wikipedia; Neuroscience News.
Já imaginou se realmente pudéssemos entender o que os animais ao nosso redor querem dizer?
Como isso mudaria a percepção que temos dessas criaturas que experimentam o mundo de maneiras completamente diferentes das nossas?
Se você já olhou para um animal e pensou: “O que será que eles estão pensando?”, então você vai gostar de saber que eles podem estar lhe respondendo do seu próprio jeito sem que você perceba.
Com os atuais avanços tecnológicos já sabemos que os animais têm muito mais a nos dizer do que poderíamos imaginar.
Ratos, camundongos, e outros roedores, existem há milhões de anos e, assim como nós, evoluíram ao longo do tempo sua forma de comunicação. O rato cantor de Alston (Scotinomys teguina), espécie típica da América Central, consegue produzir guinchos agudos que podem durar até 16 segundos, e cada um deles gera um som distinto próprio. Pesquisadores descobriram semelhanças profundas com conversas humanas. Machos e fêmeas produzem vocalizações caracterizadas por ataques de canto contendo elementos ultrassônicos.
Michael A. Long, neurocientista da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York disse:
“Um aluno percebeu algo estranho com dois ratos machos em gaiolas vizinhas. Em vez de canto, o som que emitiam mais parecia uma conversa. Os ratos cantores não emitiam sons ao mesmo tempo: eles esperavam o outro parar e só então começavam, após uma fração de segundo.”
Pesquisadores da universidade de Washington, em uma investigação conduzida por Russel Marx e Kevin Coffey, criaram recentemente um software (DeepSqueak) capaz de identificar, processar e decodificar as vocalizações ultrassônicas emitidas pelos ratos de laboratório. Segundo eles:
“Os roedores participam de uma comunicação social através de um rico repertório de vocalizações ultrassônicas (USVs, vocalizações> 20 kHz). Ratos e camundongos produzem sequências complexas de USVs em uma variedade de contextos sociais e motivacionais. Essas sequências são compostas de um número de sílabas de forma única através de uma ampla gama de frequências (20–115 kHz), e elas parecem ter uma forma de sintaxe que é contextualmente dependente”.
“O registro e a análise de USVs têm ampla utilidade e podem ser realizados de forma não invasiva em quase todas as espécies de roedores…”.
Esses animais são comumente utilizados em testes e experimentos. Como isso afetaria esses estudos, e a percepção da humanidade quanto ao uso de animais em laboratórios, se pudéssemos realmente nos comunicar com eles e ver como eles estão sendo impactados pelos experimentos?
E se você pudesse falar com um golfinho?
Essa espécie é notória pela sua inteligência e tem sido foco de muitas pesquisas sobre consciência animal e se eles têm a capacidade de “pensar como seres humanos”.
Os golfinhos emitem “cliques” e assobios quando estão felizes, separados do grupo ou tristes. Mas nenhuma análise linguística detalhada havia sido feita desses “cliques”. Uma pesquisa foi feita e os animais tiveram sua comunicação gravada por um microfone embaixo d’água capaz de registrar os diferentes sons e tons que emitem.
“Cada pulso produzido pelos golfinhos é diferente do outro por sua extensão no tempo e pelo conjunto de componentes espectrais que compõe a frequência. Assim, podemos presumir que cada pulso representa um fonema ou uma palavra na linguagem dos golfinhos”, afirma um dos cientistas.
A pesquisa feita por cientistas da Reserva Natural de Karadag, na Crimeia, mostrou que golfinhos são capazes de se comunicar quase como seres humanos. O estudo observou que os animais têm comunicação altamente desenvolvida, como se conversassem uns com os outros. Eles emitem um conjunto de sons, equivalentes a cinco palavras, que são ouvidos por completo por outros golfinhos antes de serem respondidos. Isso indica um alto nível de inteligência e consciência.
Em 2013, segundo estudo da Universidade de Saint Andrews, na Escócia, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, cientistas escoceses demonstraram que, em grupo, esses animais identificam cada um dos indivíduos com um tipo de assobio diferente, uma espécie de assinatura sonora, como se fosse um nome, e registraram evidências de que eles chamam uns aos outros pelos seus respectivos nomes, e que respondem quando escutam esse som.
Apesar de semelhante à linguagem humana, a fala dos golfinhos não é percebida pelos humanos por estarem em uma frequência diferente daquela captada pela nossa audição, por isso é preciso o uso de instrumentos para registrá-los e tentar decodifica-los.
A bióloga Joyce Poole junto ao marido Petter Granli, do ElephantVoices, instituição que faz pesquisa e preservação dos elefantes em santuários da África, desenvolveu um banco de dados online que decodifica centenas de gestos e sinais. Eles afirmam que as posturas e os movimentos são uma sofisticada forma de comunicação dos elefantes, e decifraram o significado da comunicação acústica entre eles, ao interpretarem os gritos, berros, ruídos e outros sons que os animais fazem junto com determinadas posturas, como o posicionamento corporal e o bater das orelhas.
Algumas de suas pesquisas foram patrocinadas pela National Geographic Society.
“Eu notei que enquanto eu acompanhava visitantes no Amboseli (Parque Nacional do Quênia) e narrava os comportamentos dos animais, eu era capaz de acertar em 90% das vezes a o que os elefantes iam fazer”, disse Joyce.
E eles têm senso de humor. Joyce lembra como animais brincalhões fingiam atacar seu carro, fingindo tropeçar e cair no chão, enquanto mexiam na terra com suas presas. “Eu achava que eles realmente tropeçavam, mas agora sei que não é bem assim,” conta. “Já vi isso acontecer tantas vezes que sei que fingir cair na frente do veículo é parte de uma brincadeira. É um dos comportamentos que me fazem dizer que os elefantes têm consciências individuais e senso de humor. Eles sabem que são engraçados”.
A gorila fêmea Koko, que ultrapassou a média de vida dos animais de sua espécie, morreu enquanto dormia nos Estados Unidos. Ela foi conhecida mundialmente por sua habilidade em saber utilizar mil palavras diferentes na linguagem dos sinais para comunicar-se com os humanos.
Ativistas criticaram a atitude de Patterson em introduzir um comportamento antinatural na vida do animal. Apesar das controvérsias, para a pesquisadora, a documentação da comunicação feita entre ela e Koko possibilitou que a comunidade científica entendesse que os animais são inteligentes e apresentam sentimentos e emoções particulares, mudando a forma como os entendemos, trazendo à tona as questões ligadas aos direitos dos animais.
Em vez de comparar todas as criaturas do planeta com a experiência humana, o que aconteceria se mudássemos nossas ideias sobre inteligência, comunicação e sociedade, abrangendo a multiplicidade de formas nas quais essas criaturas percebem o mundo?
Se sairmos do senso comum de que o modo como os humanos pensam, comunicam e se comportam é superior ao das outras espécies, poderíamos desenvolver novas técnicas para aprimorar o nosso contato com esses seres incríveis, com estruturas complexas de comunicação e comportamento, mas que infelizmente são subestimados e explorados.
Os seres humanos alcançaram um nível fenomenal de evolução, mas existem milhões de outras espécies que também estão evoluindo há milhares de anos e captam certas nuances do mundo com as quais não estamos sintonizados, como os elefantes que são capazes de pressentir terremotos, os cães que possuem olfato e audição superiores aos nossos, as corujas que possuem visão noturna, são inúmeros exemplos a serem descobertos.
Ainda temos que aprender muito com nossos companheiros de outras espécies.