O plástico convencional é feito de óleo. A produção de plástico não é sustentável e pode conter substâncias que sabemos serem perigosas se ingeridas.
Por Steinar Brandslet, Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia publicado no Phys.
Nos últimos anos, os bioplásticos surgiram no mercado como alternativa ao plástico convencional. O bioplástico tem algumas vantagens aparentes: geralmente é feito de material reciclado ou celulose vegetal, pode ser biodegradável – ou ambos.
Mas um novo estudo mostra que não é atóxico.
Os bioplásticos são, na verdade, tão tóxicos quanto outros plásticos, de acordo com um artigo publicado recentemente na Environment International .
“Plásticos de base biológica e biodegradável não são mais seguros do que outros plásticos”, diz Lisa Zimmermann, da Goethe Universität em Frankfurt. Ela é a principal autora do artigo recente.
Zimmermann destaca que os produtos à base de celulose e amido continham a maioria dos produtos químicos. Eles também desencadearam reações tóxicas mais fortes em condições de laboratório.
“Três em cada quatro desses produtos plásticos contêm substâncias que sabemos serem perigosas em condições de laboratório, o mesmo que o plástico convencional”, disse Martin Wagner, professor associado do Departamento de Biologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Wagner é um dos colaboradores do PlastX, um grupo de pesquisa do Institut für sozial-ökologische Forschung (ISOE) em Frankfurt.
Este grupo acaba de liderar o trabalho na maior pesquisa até hoje sobre produtos químicos em bioplásticos e plásticos feitos de materiais vegetais.
Eles examinaram as substâncias tóxicas nesses tipos de plástico. As substâncias podem ser diretamente tóxicas para as células em laboratório ou podem agir como hormônios que, por sua vez, podem perturbar o equilíbrio do corpo.
O estudo inclui 43 produtos plásticos diferentes, incluindo talheres descartáveis, papel para embalagem de chocolate, garrafas de bebida e rolhas de vinho.
“Oitenta por cento dos produtos continham mais de 1.000 produtos químicos diferentes. Alguns deles chegavam a 20.000 produtos químicos”, diz Wagner.
Nem é preciso dizer que é quase impossível rastrear absolutamente todos os possíveis efeitos nocivos de tantos materiais diferentes.
Mesmo produtos aparentemente semelhantes têm sua própria composição química especial . Um saco de plástico feito de biopolietileno pode conter substâncias completamente diferentes de uma rolha de vinho feita do mesmo material.
“Fazer declarações gerais sobre certos materiais torna-se quase impossível”, diz Wagner.
No momento, as consequências que isso tem para o meio ambiente e para a saúde das pessoas ainda são incertas. Não sabemos até que ponto as substâncias do plástico são transferíveis para os humanos.
Tampouco sabemos se as alternativas aos bioplásticos e aos plásticos convencionais são melhores para nós e para o meio ambiente ao nosso redor, uma vez que tantos fatores entram em jogo. As alternativas podem envolver métodos de produção poluentes e oportunidades limitadas de reciclagem, ou a produção de alimentos tem que dar lugar à obtenção de materiais para os produtos alternativos. Mais pesquisas são necessárias.