40 ratos passaram uma temporada no espaço, viagem que começou em 2019, com um lançamento da SpaceX, e metade foi geneticamente modificado.
Por Daniele Cavalcante para Canaltech.
Em dezembro de 2019, a Estação Espacial Internacional recebeu uma tripulação de ratos. Eles voaram ao espaço durante o 19º lançamento da cápsula reutilizável Dragon, da SpaceX, que levou cargas científicas, incluindo 40 ratos, metade dos quais foram geneticamente modificados. Agora, os cientistas já puderam observar para tirar as primeiras conclusões.
A ideia do experimento é ver como os ratinhos com o dobro da massa muscular se sairiam no espaço em comparação com os “normais”. No futuro, esse estudo pode ajudar os astronautas a manterem o físico mais saudável durante viagens espaciais de longa duração, como as futuras missões a Marte e além. Os cientistas poderão encontrar meios de prevenir a perda de músculos e ossos em seres humanos não apenas no espaço, mas também pessoas que usam cadeira de rodas na Terra, por exemplo.
Os “Super Mouses” (sim, uma alusão ao desenho infantil) mutantes voltaram à Terra como se tivessem frequentado a academia — todos estavam musculosos, de acordo com os cientistas na última segunda-feira (8). Quanto aos 24 camundongos “normais” que também participaram do experimento, a equipe liderada pelo Dr. Se-Jin Lee, do Laboratório Jackson em Connecticut, publicou um artigo no Proceedings of the National Academy of Sciences, afirmando que eles perderam músculos e massa óssea consideráveis.
Além disso, oito ratos normais receberam o tratamento de “Super Mouse” na ISS. Basicamente, eles receberam um bloqueio de proteínas que costumam limitar o crescimento da massa muscular, e todos eles voltaram à Terra com músculos bem maiores, um resultado bastante positivo. Por fim, houve oito super ratos modificados que permaneceram no Kennedy Space Center, da NASA, para que fossem comparados com os seus coleguinhas mutantes da ISS. Todos permaneceram bastante semelhante, de acordo coma pesquisa.
A cápsula da SpaceX trouxe todos os 40 ratos astronautas de volta à Terra em boas condições, e caiu de paraquedas no Oceano Pacífico, na costa da Califórnia, em janeiro. Desde então, os cientistas analisaram os resultados e só agora o estudo foi divulgado. Por fim, alguns dos ratos comuns receberam a droga de “super mouse” após o retorno ao laboratório e desenvolveram músculos mais rápido que os não tratados, de acordo com Lee.
Apesar dos resultados positivos, a equipe afirma que ainda será preciso muito trabalho antes de começar a testar o tratamento em seres humanos. É que os cientistas sabem que testes em ratos são apenas um passo inicial, e mesmo sendo bem sucedida nessa etapa a droga pode causar efeitos colaterais graves nas pessoas. O próximo passo de Lee provavelmente será enviar mais ratos para permanecerem mais tempo na ISS.
Fonte: Phys.org