Guerra contra roedores pode estar gerando uma nova espécie de super-ratos

Por History; Daily Star; La Nacion.

rato
(Imagem: Getty Images / iStockphoto)

As grandes cidades do mundo, como Nova York, investem milhões de dólares todos os anos para combater os ratos, e o número de roedores, longe de diminuir, aumenta consideravelmente. Os especialistas no assunto sabem que, geralmente, quando se finaliza uma campanha de desratização, os animais retornam e se multiplicam. No entanto, agora, os bichos que voltaram à Big Apple, após a última campanha de extermínio, são praticamente “super-ratos”.

Se uma campanha de extermínio é bem-sucedida, ela consegue acabar com a grande maioria dos espécimes, mas sempre há sobreviventes. Assim, é provável que os ratos que conseguem fugir de armadilhas e sobreviver aos venenos sejam muito mais fortes e resistentes que o resto. Se pensarmos que são esses ratos que iniciarão a próxima geração desses roedores, eles herdarão as características mais úteis para sobreviver no mesmo meio-ambiente que seus progenitores. 

Assim, o ciclo de campanhas de extermínios e sobreviventes está criando ratos cada vez mais adaptados e resistentes, até que se desenvolva uma população de super-ratos. Enquanto isso, os biólogos tentam coordenar trabalhos conjuntos com as autoridades políticas de cada cidade, para poder avaliar se as campanhas de extermínio efetivamente ajudam a diminuir o número e a qualidade genética dos ratos, ou se, em vez disso, estão criando superorganismos não desejáveis.

Portanto, apesar dos milhões de dólares gastos anualmente para combater ratos, seu número parece estar aumentando nas cidades ao redor do mundo.

Por sua vez, a maioria das populações de ratos se recupera rapidamente após o término de uma campanha de controle de pragas, um fenômeno conhecido como “efeito bumerangue”.

Churchill Square é um exemplo desse efeito: quando as estações de rodenticidas foram removidas, os ratos retornaram.

rato em um cano de esgoto
a maioria das populações de ratos se recupera rapidamente após o término de uma campanha de controle de pragas. – Getty Images

Eles voltam, mas diferentes

Jonathan Richardson, cientista da Universidade de Richmond, nos Estados Unidos, que estuda ratos urbanos na cidade de Nova York, disse que esses animais desenvolvem características que os tornam capazes de evitar serem expostos a raticidas e ratoeiras. “Se apenas os ratos mais aptos conseguirem sobreviver à campanha de controle, os sobreviventes poderão se adaptar ainda mais, deixando uma nova população de super-ratos”, afirmou.

Uma campanha intensiva de erradicação em Salvador, Bahia, Brasil em 2015, conseguiu reduzir pela metade a população de ratos, mas levou a uma redução de 90% na variação genética contida nessas populações.

Esse sacrifício levou à perda de muitas das variantes genéticas mais raras dos ratos e, como os sobreviventes estavam mais provavelmente relacionados entre si, havia um risco maior de endogamia.

Todos esses impactos observados nos ratos de Salvador constituem o que os cientistas chamam de “gargalo genético” que, neste caso, foi particularmente grave.

Os gargalos genéticos geralmente são estudados no contexto de populações vulneráveis ​​cuja conservação é preocupante. Teme-se a sobrevivência a longo prazo de uma população em perigo de extinção.

Mas quando se trata de espécies consideradas pragas, como ratos, camundongos, baratas e percevejos, elas são submetidas apenas a repetidas tentativas intencionais de esgotar suas populações por meio de controle letal.

O problema é que raramente há coordenação entre a equipe de manejo de pragas que trabalha com cidades ou proprietários, geralmente com prazos curtos e orçamentos insuficientes, e cientistas interessados ​​em rastrear a viabilidade a longo prazo de espécies urbanas de pragas.

Dois ratos
Imagem Shutterstock


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