Salles insinua que Greenpeace pode ter derramado óleo, mas volta atrás

Cobrado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pelo Twitter, ministro do Meio Ambiente afirmou mais tarde que navio da ONG ‘não se prontificou a ajudar’.

Por Johanns Eller para O Globo e Metrópoles.

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em audiência pública para esclarecer os números crescentes do desmatamento da Amazônia. Foto: DaniloBorges / Câmara dos Deputados

Após sugerir no Twitter que o Greenpeace estaria por trás do derramamento de óleo cru , provocando repercussão negativa, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sallestentou se explicar dizendo que o navio da ONG “não se prontificou a ajudar”. O novo tuíte foi uma resposta à cobrança do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Na primeira publicação, sem indicar como obteve as supostas informações, o ministro afirma que a embarcação Esperanza, do Greenpeace, “estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano”.


Tem umas coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano… pic.twitter.com/ebCoOPhkXJ— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 24, 2019

A foto usada por ele na publicação é de 2016 e foi tirada no oceano Índico.

O Google Imagens retorna uma série de resultados com a mesma foto postada por Salles em outras ocasiões. Ela foi utilizada, por exemplo, em um artigo de 2018 do próprio Greenpeace da Espanha. No site do Greenpeace espanhol, a foto apareceu em 2017. Uma busca no Yandex, outro site de busca de imagens, também traz como resultado um artigo de 2016 com a mesma foto usada pelo ministro.

No final da tarde, Maia compartilhou a notícia pelo Twitter e afirmou:

Estamos esperando uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente. https://t.co/4sBokwae8P— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) October 24, 2019

Diante disso, o ministro explicou o que queria dizer mais cedo:

Presidente, o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, nao se prontificou a ajudar. https://t.co/VNoRKAvE7L — Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 24, 2019

O presidente da Câmara respondeu:

Ministro, obrigado pela resposta, mas o seu tuíte faz uma ilação desnecessária.— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) October 24, 2019

Horas antes, quando questionada sobre o intuito da publicação de Salles, a assessoria do Ministério do Meio Ambiente informou que as questões endereçadas à pasta deveriam ser encaminhadas ao Greenpeace. O ministro não retornou às ligações do GLOBO.

Em nota, o Greenpeace informou que tomará medidas legais após as declarações do ministro: “Tomaremos todas medidas legais cabíveis contra todas as declarações do Ministro Ricardo Salles. As autoridades têm que assumir responsabilidade e respondem pelo Estado de Direito pelos seus atos.”



Deixe um comentário

Conectar com

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.