Nas redes, chilenos denunciam abusos da polícia e militares. De detenções arbitrárias a uso de cocaína por soldados, vídeos gravados por civis mostram cenas da escalada de violências nas ruas do Chile.
Por R7 e Revista Fórum.
A atuação da polícia militar e do exército nas ruas do Chile vem causando indignação no país e alimentando a escalada de violência que já levou à confirmação de 15 mortos nos confrontos.
Civis têm usado as redes sociais para denunciar os abusos das autoridades policiais e militares, que estão nas ruas por conta do estado de emergência que foi declarado nesta sexta-feira (18).
A situação no país está sendo comparada com o tempo da ditadura chilena por meio do uso da hashtag #PiñeraDictador, se referindo ao atual presidente do país, Sebastian Piñera.
Dentre as denúncias, um vídeo polêmico tem circulado nas redes sociais nesta terça-feira (22). Publicado pelo internauta chileno Omar Perozzo, as imagens mostram três policiais fardados reunidos em círculo em uma grande avenida em Santiago, rodeados por outros policiais. Em seguida, os homens reproduzem gestos que dão a entender que cheiravam cocaína antes de atuar na repressão dos protestos que tomaram conta do país.
As mobilizações do Chile exigem a saída do presidente Sebastián Piñera, aliado de Jair Bolsonaro (PSL), que tem respondido com dura repressão policial. As manifestações agiam contra o aumento no preço das passagens de metrô, no entanto, apesar do recuo na medida, a força policial tem avançado vigorosamente. Na noite de domingo (20), o presidente classificou a situação do país como uma “guerra”.
A onda de protestos sociais já deixou mais de 10 mortos. Nesta segunda-feira (21), policiais militares miraram a equipe jornalística da rede TeleSUR, que acompanha os protestos ao vivo. Em vídeo divulgado pela emissora, um policial aparece apontando arma a na direção dos jornalistas e disparando.
Prisões arbitrárias
Um vídeo publicado no Twitter mostra militares dentro de um carro não adesivado chegando escondidos à noite em uma rua aparentemente calma e sem sinais de protestos. Eles arrastam um civil para dentro do veículo e somem.
Em outro, é possível ver as autoridades prendendo um homem em frente a casa onde ele mora. Os vizinhos tentam protestar mas param no momento em que se veem na mira de fuzis.
Muitas imagens mostram pessoas feridas, como um homem que se identifica nos vídeos como Ignacio Grille. Ele aparece ensanguentado e é possível ouvi-lo dizer que foi torturado. “Havia lido coisas a respeito disso na história (da ditadura chilena), mas não achei que aconteceria comigo”.
O Instituto Nacional de Direitos Humanos confirmou que irá abrir pelo menos oito ações por violações de direitos e excessos cometidos por forças militares e policiais durante os protestos.