Ronald Defeo Jr.: A origem do ‘Horror Em Amityville’

Em 1974, a família DeFeo foi cruelmente assassinada pelo filho mais velho, entrando para a História como um dos mais violentos crimes dos Estados Unidos e inspirado o livro e as versões cinematográficas de ‘The Amityville Horror‘.

Por Aventuras na História e Mega Curioso.

Versão da casa do filme ‘Amityville Horror’ – American International/courtesy Everett Collection

Se você é fã de filmes de terror, então deve conhecer o clássico “Horror em Amityville”. O longa foi supostamente baseado na história real de uma família que decide se mudar para uma casa localizada na beira de um lago.

Só que essa residência havia sido palco de diversos assassinatos sangrentos no ano anterior, e logo que os novos moradores se instalam no local, fenômenos inexplicáveis teriam começado a ocorrer. Mas, afinal, o que realmente aconteceu na casa?


Os crimes

Era madrugada do dia 13 de novembro de 1974, quando a casa de número 112 da Ocean Avenue, em Amityville, Long Island, seria marcada por um dos crimes mais violentos, chocantes e famosos dos Estados Unidos. A família DeFeo foi alvo de um homicídio em massa. Ronald Joseph DeFeo Jr. assassinou a tiros seu pai Ronald DeFeo Sr., sua mãe Louise DeFeo e seus quatro irmãos mais novos: Dawn, 18,  Allison, 13,  Marc, 12,  e John Matthew, 8.

Por volta das 18:30 Ronald — também conhecido como Butch —, então com 23 anos, entrou no Henry’s Bar alegando que seus pais estavam baleados em casa. Quando um pequeno grupo de pessoas chegou a casa, se deparou com um massacre. Rapidamente a polícia revistou ao local e confirmou a morte de seis pessoas. Butch foi levado para a delegacia mais próxima — o jovem alegava que um assassino ligado à máfia havia cometido os homicídios.

Entretanto, no dia seguinte, o rapaz mudou sua versão sobre os assassinatos e confessou o crime, afirmando: “Quando comecei, não consegui parar. Foi tão rápido”. Após matar sua família, ele contou que tomou banho, livrou-se de suas roupas ensanguentadas e colocou uma limpa, e seguiu para o trabalho normalmente. A causa nunca foi revelada.


Ronald “Butch” DeFeo

DeFeo era como um terceiro adulto na família, sendo cinco anos mais velho que sua irmã mais nova, Dawn. O garoto sofria desde criança com os abusos do pai, tais impactos eram sentidos mais duramente nele do que seus irmãos.

Tornou-se um adolescente problemático, com transtorno de personalidade — algo que seria usado em sua defesa mais para frente —, seus pais o enviaram para consultar um psiquiatra, mas sem resultado. Ronald Sr. e Louise decidiram lidar com o filho de outra forma: com bens materiais. Em seu aniversário de 14 anos, o menino ganhou de presente uma lancha.

Acostumado em receber dinheiro, Ronald Jr. passou a roubar quando seus pais recusavam alguma quantia. A situação foi se agravando, até que aos 17 anos Butch foi expulso da escola por uso de drogas e episódios frequentes de agressão. A partir daí começou com o uso regular de alucinógenos, até que ingressou na heroína.

A tensão em casa era comum. Uma briga, porém, se destaca e aponta o lado psicopata de DeFeo. Em uma noite, seus pais estavam brigando na cozinha, Ronald pegou uma espingarda que mantinha em seu quarto e apontou para o rosto de seu pai, ordenou que a mãe saísse do cômodo, e então disparou. Nada aconteceu, pois, a arma estava descarregada, o garoto se retirou sem dizer nada.

A autópsia revelou que Ronald Sr. foi o primeiro a morrer, ainda dormindo. Seguido de Louise, que acordou com o barulho dos tiros, mas Butch apontou para seu peito e efetuou o disparo. Dirigiu-se para o quarto dos irmãos, Marc morreu na hora, John agonizou por alguns minutos antes de vir a óbito. As irmãs, Allison e Dawn foram as próximas, ambas acordadas em seus momentos finais.


Após inicialmente confirmar a autoria dos crimes, Ronald Jr. começou a mudar a história, e controvérsias começaram a aparecer. Em uma das versões ele afirmou que sua irmã Dawn matou o pai, depois a mãe matou todos os irmãos e ele matou a mãe. Outra explicação fornecida pelo psicopata diz que Dawn e um homem desconhecido mataram seus pais e, Dawn matou seus irmãos. Ele contou que a única pessoa que ele matou foi Dawn e aconteceu por acidente.

Todas afirmações contestadas por especialistas, que apresentaram evidências de que as vítimas não demonstravam sinais de luta e as pólvoras encontradas nas roupas apontavam para disparos efetuados a queima roupa.

O julgamento do caso começou em outubro de 1975, e sobre as diversas versões das mortes o juiz responsável, Thomas Stark, afirmou que “O testemunho do acusado de que ele não atirou e matou os membros de sua família é improvável e não merece crença”.

Apesar de a defesa alegar insanidade e distúrbio anti-social da personalidade, os júris concluíram que o réu estava consciente de suas ações no momento que as realizou. Ronald Butch DeFeo foi condenado a seis sentenças de prisão perpétua, hoje cumpre a pena na prisão de segurança máxima Sullivan Correctional Facility, na cidade de Fallsburg, Nova York.

Ronald em entrevista na prisão / Crédito: YouTube

Noite sangrenta – Uma das versões

A ideia de matar a família surgiu na véspera dos crimes, enquanto Bucth e Dawn bebiam e usavam drogas com dois amigos no porão da casa. O rapaz disse que primeiro se negou a participar, mas acabou cedendo, e a dupla convidou o par de cúmplices para participar do massacre.

Então, enquanto um dos amigos ficou de guarda, o trio começou a matança por Ronald e Louise — que se encontravam na cama quando foram surpreendidos pelos tiros. Originalmente, o plano era assassinar apenas o casal e levar os irmãos à casa dos avós no Brooklyn. Mas a coisa acabou saindo do controle.

De acordo com Butch, o amigo que estava com ele e Dawn se desesperou e fugiu do local e, enquanto ele foi atrás do jovem, sua irmã saiu matando o resto da família. Dawn teria decidido assassinar as crianças para eliminar testemunhas e evitar possíveis ameaças. Segundo disse, ela forçou Marc e John a deitar de bruços antes de atirar, e matou Allison com um tiro no rosto.

Quando Butch retornou à casa e se deparou com a cena, ele e Dawn se envolveram em uma acalorada discussão que culminou em uma luta pelo rifle que ela empunhava. A moça desmaiou e, enquanto estava inconsciente em sua cama, Butch posicionou a arma em sua cabeça e disparou. Em resumo, nenhum espírito maligno ou entidade demoníaca teve participação nos crimes, e os dois supostos cúmplices nunca foram incriminados.


Assombrações

Depois de ser preso, como Butch perdeu o direito de herdar a residência da família, ela foi posta à venda e, apenas um ano após os crimes, George e Kathy Lutz compraram a casa e se mudaram para lá com os três filhos.

Segundo a família, durante o tempo em que estiveram na casa, eles testemunharam aparições de figuras demoníacas, ouviram vozes de espíritos malignos, encontraram crucifixos invertidos pelos cômodos, presenciaram um sem-fim de atividades sobrenaturais e afirmaram ver uma meleca verde escorrendo pelas paredes. Os novos moradores, aterrorizados, decidiram abandonar o local apenas quatro semanas após terem ocupado a residência.

As experiências se transformaram em um livro de autoria de Jay Anson, que foi lançado em 1977, e que serviu de base para a produção do primeiro filme de terror sobre a casa, de 1979. No entanto, especialistas que investigaram o local e avaliaram as informações relatadas tanto pela família como nos arquivos policiais — e também no longa! — exaustivamente não encontraram nenhuma explicação razoável para os fenômenos.

Os Lutz mantiveram a versão de que suas experiências eram reais durante anos — período no qual eles ganharam uma verdadeira fortuna com os direitos sobre a história e os filmes baseados no caso. Mas a confirmação de que tudo não passava de armação aconteceu quando o advogado de Butch admitiu que a história de terror não passava de balela, e que havia sido inventada por ele e os Lutz com o auxílio de várias garrafas de vinho — mas sem a participação de nenhum fantasma.

A família Lutz – Foto wikipedia

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