Polícia de Hong Kong volta atacar protestos às vésperas do aniversário do regime chinês

A cidade é palco de protestos pelo 17º fim de semana consecutivo. As manifestação foram originalmente desencadeadas pela oposição a um projeto de lei de extradição que permitiria que suspeitos fossem julgados pelo sistema jurídico da China.

Por Correio Braziliense e Diário de Notícias.

Protesto no centro comercial de Causeway Bay – Hong Kong – 29-09 — Foto Tyrone Siu – Reuters

Dezenas de milhares de manifestantes voltaram às ruas de Hong Kong neste domingo, 29, gritando slogans anti-China a menos de uma semana do 70º aniversário do regime comunista chinês.

A polícia de choque disparou gás lacrimogêneo após a multidão de manifestantes ter ignorado avisos para dispersar no segundo dia consecutivo de confrontos, levantando receios de mais violência antes do Dia Nacional da China.

Os protestantes levaram à marcha bandeiras de diferentes países e instituições internacionais, como EUA e as Nações Unidas, em um apelo para que a comunidade global apoie o movimento antigovernamental. Comícios ocorreram ou estavam planejados em dezenas de cidades ao redor do mundo, em solidariedade aos manifestantes de Hong Kong.

Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), a polícia isolou este domingo parte de uma rua na área de Causeway Bay, uma zona comercial de Hong Kong, depois de se juntar uma multidão para uma manifestação pró-democracia, que levou ao encerramento das lojas e a uma atmosfera tensa quando os manifestantes entoaram palavras de ordem e lançaram insultos à polícia.


A multidão aumentou para mais de mil pessoas, além de muitas outras que se espalhavam pelas ruas adjacentes, e a polícia emitiu vários avisos, informando que o protesto era ilegal, tendo disparado gás lacrimogêneo para libertar uma via principal depois de manifestantes atirarem garrafas e outros objetos a elementos da polícia. As autoridades fizeram várias detenções.

A manifestação, uma continuação dos protestos que começaram em junho por causa de um projeto de extradição agora arquivado e desde então se transformaram num movimento anti-China, tem como objetivo a conquista de mais democracia no território chinês semi-autónomo, e faz parte dos comícios globais de “anti-totalitarismo” planeados para mais de 60 cidades em todo o mundo para denunciar a “tirania chinesa”.

No sábado, a polícia também disparou canhões de gás lacrimogêneo e água depois que os manifestantes terem atirado tijolos a edifícios do Governo, após uma manifestação no centro de Hong Kong.

Os manifestantes também planeiam marchar na terça-feira, apesar da proibição policial, provocando o receio de embaraço ao Presidente chinês, Xi Jinping, enquanto o seu Partido Comunista, no poder, celebra o 70º aniversário no poder.

Manifestantes pró China também foram as ruas- Hong Kong – 29-09 — Foto Vincent Yu-AP

O executivo de Hong Kong já reduziu as comemorações do Dia Nacional na cidade, cancelando uma exibição anual de fogos-de-artifício e movendo uma celebração para uma zona do interior.

A China tem negado liberdade a Hong Kong e acusado os Estados Unidos, e outras potências estrangeiras, de fomentar a agitação para enfraquecer o seu domínio.

Em Pequim, este fim de semana, o ex-líder de Hong Kong, Tung Chee-hwa, foi reconhecido por se dedicar à implementação da política de “um país, dois sistemas”. Tung Chee-hwa, o primeiro líder após o retorno de Hong Kong à China, estava entre as 42 pessoas que receberam medalhas e honras nacionais de Xi Jinping pelas suas contribuições ao país.

Nas últimas semanas, o governo de Hong Kong sinalizou desejo de conciliação com os manifestantes por meio do diálogo. Na última quinta-feira, foi organizado um fórum público com a participação da líder executiva da cidade, Carrie Lam. Mas o tamanho e a ferocidade dos novos protestos neste fim de semana sugerem que a estratégia do governo está sendo pouco efetiva em conter a agitação.



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