Morte de menina de 8 anos coloca #ACulpaEDoWitzel no Trending Topics do Twitter

Menina estava dentro de uma kombi na localidade da Fazendinha quando foi atingida. Ágatha é a quinta criança morta em tiroteios este ano no estado do RJ. A família da menina negou confronto entre PM e traficantes e moradores fizeram ato contra o assassinato da criança.

Moradores do complexo do Alemão protestam contra o assassinato de Agatha Felix, de oito anos, após uma ação da Polícia Militar na comunidade
Foto: Reprodução/Facebook Voz das Comunidades / Estadão

Uma criança de apenas oito anos morreu após ser baleada, na noite desta sexta-feira (20/09), quando estava dentro de uma kombi, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.

De acordo com relatos de testemunhas, Agatha Vitória Sales Félix estava dentro de uma Kombi, indo para casa, quando foi atingida por um tiro que teria sido disparado por um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) rioFazendinha. O agente teria desconfiado de um motociclista e disparou, acertando, porém, a criança dentro do veículo. Ela chegou a ser socorrida no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte de Rio de Janeiro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Parentes da menina entraram em desespero quando receberam a notícia da morte da criança e criticaram a ação da Polícia Militar, como conta a reportagem do G1.

“Foi a filha de um trabalhador, tá? Ela fala inglês, tem aula de balé, era estudiosa. Ela não vivia na rua não. Agora vem um policial aí e atira em qualquer um que está na rua. Acertou minha neta. Perdi minha neta. Não era para perder ela, nem ninguém”, disse Aílton Félix, avô da criança.

Segundo moradores da região, PMs atiraram contra uma moto que passava pelo local e o tiro atingiu a criança.

Do Twitter de Tarcísio Motta: É inaceitável qq desculpa oficial dada sobre a morte de uma criança de 8 anos. É o assassinato deliberado da infância, do futuro. A política da morte de Witzel matou Ágatha e se nós não fizermos nada continuará assassinando. Tem que parar! #ACulpaEDoWitzel

A família passou a noite na porta do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, para onde Ágatha foi levada.

“Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e dizer que morreu uma criança no confronto. Que confronto? Confronto com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Ele atirou por atirar na kombi. Atirou na kombi e matou minha neta. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?”, disse o avô.

Durante a manhã, moradores do Complexo do Alemão fizeram um protesto contra a morte da criança e contra a política genocida do governador Wilson Witzel, bloqueando um dos principais acessos do Alemão. “Isso não pode acontecer na cossa comunidade. Aí dentro moram pessoas do bem. Por favor, nos ajude na nossa pacificação”, disse uma moradora.

“Quando tem tiroteio a gente dá um jeito de passar por outro lugar. Mas não tinha tiroteio. Nossos filhos não estão protegidos”, criticou outra manifestante.

Ágatha é a quinta criança morta em tiroteios este ano no estado do RJ:

Em nota, a PM lamentou profundamente a morte de Ágatha. Segundo a polícia, por volta das 22h, equipes da UPP Fazendinha foram atacadas em várias localidades da comunidade de forma simultânea. Os policiais revidaram e houve confronto. Ainda de acordo com a PM, após a troca de tiros, os policiais receberam a informação de que um morador havia sido baleado.

´É mentira que houve tiroteio’: família de criança baleada no Rio nega confronto entre PM e traficantes. Foto Reprodução Facebook.

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) disse que vai abrir um procedimento apuratório para verificar todas as circunstâncias da ação.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro divulgou nota afirmando que “a opção pelo confronto vem se mostrando ineficaz: a despeito do número recorde de 1.249 mortos em ações envolvendo agentes do estado apenas este ano, a sensação de insegurança permanece”.

Para Comissão Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), o que ocorre hoje no Rio de Janeiro é um “extermínio”.

“Todo dia a gente recebe familiar. A gente não aguenta mais ver mãe e pai chorando. A gente está vendo adulto morrer, trabalhador, criança, jogador de futebol, estudante, a gente está vendo um extermínio no Rio de Janeiro”, afirmou Rodrigo Mondego, membro da Comissão.

A comissão informou ainda que está dando assistência à família de Ágatha.



Assim como na quinta-feira (18/09), quando internautas subiram a tag #WitzelAssassino depois de uma operação policial em que um helicóptero disparou contra moradias e, inclusive, contra uma escola municipal no Complexo do Alemão, usuários das redes sociais atribuíram a morte da criança à política de extermínio do governador com a tag #ACulpaEdoWitzel, fazendo com que ficasse no topo dos trending topics de hoje.

Até quando o facínora do Witzel vai continuar dando saltos na poça de sangue de crianças pobres?”, questiona o jornalista Renato Rovai.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) pergunta: “Que política de Segurança é essa que coloca moradores na linha do tiro e mata crianças?”

Quem consegue não se revoltar?”, indaga a atriz Leandra Leal.

O jornal O Dia lembrou que ontem, mesmo dia em que Agatha foi atingida, o governador Wilson Witzel voltou a defender o abate de criminosos com fuzil.



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