Casal de caçadores se beijando diante de leão abatido causa indignação global

A foto foi postada no Facebook pela empresa sul-africana de turismo de caça selvagem Legelela Safari. Nela, está um casal de turistas canadenses se beijando diante de um leão que haviam acabado de abater.

Fontes: Observador; Extra; O Tempo; Jornal de Notícias.

Casal canadense mata leão e posa para foto aos beijos junto do animal
Foto: Facebook/reprodução

Darren e Carolyn Carter de Edmonton, do Canadá, estavam numa visita organizada pela Legelela Safaris, organização de caça na África do Sul, quando mataram um leão a tiro. A empresa publicou a foto do casal a beijar-se com o animal morto à frente no Facebook, como faz frequentemente com fotografias dos caçadores rindo com os animais mortos, gerando um coro de indignação online.

Na publicação da foto deste casal, que gere um negócio de taxidermia, a legenda dizia “trabalho árduo no sol quente de Kalahari… Muito bem. Um leão monstruoso”. Outras fotos mostram o mesmo casal com outro animal morto, com a descrição: “Não há nada igual como caçar o rei da selva nas areias do deserto Kalahari”.

Eduardo Gonçalves, fundador da campanha para acabar com a caça de troféus (Campaign to Ban Trophy Hunting), acredita que os leões são capturados e criados em cativeiro com o único propósito de serem mortos por caçadores, disse ao “Daily Mail”. “Parece que o leão é um animal manso para matar, criado com o único objetivo de ser o alvo de uma selfie”.

A informação é afiançada por uma porta-voz da plataforma Voice 4 Lions, que tem como objetivo “despertar consciências para os problemas enfrentados por leões de todo o mundo, com particular ênfase para os leões na África do Sul que têm de lidar com indústrias e negócios de caça e manutenção de animais selvagens em cativeiro”, entre outras atividades: Linda Park, a porta-voz dessa plataforma, garante que o leão em causa estava “seguramente em cativeiro”.

A Legelela Safaris tem uma lista de preços, de acordo com o animal que o caçador quer caçar. Na lista estão 62 animais, com preços entre os cerca de 180 euros, como o babuíno, até 3100 euros, como a hiena. Também oferecem outras opções, como leopardos, elefantes, rinocerontes e leões. A empresa ainda oferece as armas e todo o material necessário.

A empresa também faz propaganda de seus “safaris” no youtube:

https://youtu.be/aN3zlyQFz2Q

Propaganda da empresa Legelela Safaris que leva pessoas para caçarem animais na África.

A modalidade é conhecida como caça por troféu (os animais, que passam a ser exibido empalhados em casas e clubes). As presas abatidas são exportadas para os países de origem dos caçadores. Nos últimos 10 anos, 40 mil elefantes africanos mortos foram exportados. No mesmo período, 8 mil partes de leopardos foram levadas para fora da África. O número para leões choca ainda mais: 14 mil exemplares caçados e mandados para outros continentes.

Esta notícia surge apenas um dia depois de o secretário do Meio Ambiente britânico, Michael Gove, falar sobre a proibição de caçadores levarem “troféus” das mortes dos animais para o Reino Unido.

Caçadora em selfie exibindo uma girafa, animal em risco de extinção, morta como “troféu”

Na sequência da polêmica, o tabloide britânico Daily Mirror lançou “uma campanha exigindo o fim da prática bárbara de caça de animais como troféus”. A campanha já está a ser apoiada por “políticos, celebridades e ativistas”, afirma o jornal, que diz ainda exigir o fim do “confinamento de animais selvagens em pequenas reservas para que possam ser mortos a tiro por um preço”. Entre os primeiros apoiantes públicos está a apresentadora de televisão e jornalista escocesa Lorraine Kelly.

Há quatro anos, no verão de 2015, o abatimento de um leão chamado Cecil — uma das grandes atrações de uma reserva do Zimbabué — causou indignação generalizada, também por ter sido fotografado morto atrás de um caçador que se exibia sorridente. Cecil foi morto com espingarda (depois de ter sido ferido com uma flecha) por um dentista e caçador recreativo dos Estados Unidos da América, Walter Parmer, que por ter licença para autorização de caça não foi acusado de nenhum crime.

Leão Cecil morto pelo caçador Walter Palmer


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