Alan Turing, a lenda da Ciência da Computação, é homenageado na nota de £50

Turing foi escolhido entre milhares de nomes que foram submetidos pelo público para possível inclusão na moeda britânica.

Fontes: Gizmodo; Galileu; Canal Tech; Veja.

Alan Turing, o gênio matemático creditado como o pai das Ciências da Computação, será o rosto a estampar a nova nota de £50 do Reino Unido, segundo anúncio feito pelo Banco da Inglaterra. A seleção do gênio dos primeiros anos do século XX foi feita entre milhares de nomes de peso sugeridos pelo público britânico.

“Turing foi um matemático espetacular, cujo trabalho trouxe um impacto enorme em como vivemos hoje”, disse o governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney. A posição de “governador” do banco é tida como a mais alta na hierarquia da instituição. “Como o pai das Ciências da Computação e inteligência artificial, as contribuições de Alan Turing foram longínquas e inovadoras. Sua genialidade residia em uma habilidade única de relacionar o filosófico e abstrato em coisa práticas e concretas. E seu legado continua a crescer ao nosso redor. Turing é um gigante em cujos ombros nós agora estamos em pé”, continuou Carney.

O design [da nota de £50] reconhece a espessura e variedade de suas contribuições”, explicou Carney. “A tabela é inspirada em seu trabalho em números computacionais, com o plano de fundo apresentando uma sucinta representação da ‘Máquina de Turing’, com a fita branca mostrando a data de nascimento de Turing em binário”.

Turing tem em seu maior crédito a quebra do chamado “Código Enigma” empregado pelos nazistas em comunicações ultrassecretas durante a Segunda Guerra Mundial. Tido como inquebrável, a tradução do código, feita por Turing, foi responsável por encurtar a duração do conflito global e um de seus pontos de virada, concedendo amplas vantagens de inteligência às forças aliadas contra o exército de Adolf Hitler. Essa história foi contada pelo filme O Jogo da Imitação, de 2014.


Alan Turing foi perseguido pelo governo britânico por ser homossexual, tendo recebido a famigerada castração química como punição por manter um relacionamento homoafetivo e condenado por “indecência severa” em 1952. Ele cometeu suicídio em 1954. No ano de 2009, o governo do Reino Unido pediu perdão pelo tratamento dispensado ao matemático, embora o perdão oficial de sua condenação tenha vindo apenas uma década depois.

Outros nomes que compunham a lista de candidatos para a nova nota foram:
– Mary Anning (paleontóloga que descobriu o primeiro fóssil de um ictiossauro);
– Paul Dirac (físico teórico);
– Rosalind Franklin (química responsável pela nossa compreensão do DNA e RNA, bem com vírus, carvão mineral e grafite);
– William Herschel (astrônomo e compositor alemão naturalizado inglês);
– Caroline Herschel (astrônoma, irmã de William);
– Dorothy Hodgkin (bioquímica responsável pelo desenvolvimento da cristalografia de raios-x, o que lhe conferiu um Nobel);
Ada Lovelace (matemática e escritora responsável por escrever o primeiro algoritmo processado por máquina);
– Charles Babbage (físico, matemático, filósofo, engenheiro e inventor que trabalhou com Lovelace e criou a “Máquina Babbage”);
– Stephen Hawking (físico teórico e cosmólogo);
– James Clerk Maxwell (físico e matemático responsável pela versão final da teoria do eletromagnetismo);
– Srinivasa Ramanujan (matemático indiano sem formação acadêmica que contribuiu para a área de análise matemática e teorias numéricas);
– Ernest Rutherford (físico e químico neozelandês naturalizado britânico tido como o pai da física nuclear);
– Frederick Sanger (bioquímico).

Moeda feita em homenagem a Stephen Hawking – Foto Divulgação / Royal Mint

Stephen Hawking, foi homenageado na versão especial do 50 centavos de libra esterlina, pela a Royal Mint -— empresa responsável por fabricar as moedas do Reino Unido.

As moedas estão sendo vendidas como itens de colecionador no site da Royal Mint, e têm estampada a figura de um buraco negro. Ao lado da imagem, há a fórmula S = kc^3 A / 4ℏG e o nome de Hawking. A maioria dos itens já está esgotado na venda on-line.

Em contraste com os EUA, outros países do mundo costumam celebrar uma gama diversificada de cidadãos em sua moeda. Enquanto o dinheiro americano é em grande parte confinado a homens brancos mortos dos séculos 17 e 18, países como o Reino Unido lançam uma rede muito maior para honrar as pessoas em seu dinheiro. O dinheiro britânico incluiu todos, desde Charles Darwin até Florence Nightingale, e Jane Austen.

No Brasil, 30 pessoas já foram homenageadas em notas, sendo 28 homens e apenas duas mulheres – a Princesa Isabel e a escritora Cecília Meireles. Já os 28 homens são: Getúlio Vargas, D. Pedro I, D. Pedro II, Pedro Álvares Cabral, Marquês de Tamandaré, Duque de Caxias, Barão do Rio Branco, Marechal Deodoro da Fonseca, D. João VI, Tiradentes, Santos Dumont, Marechal Floriano Peixoto, Castello Branco, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz, Juscelino Kubitschek, Heitor Villa-Lobos, Machado de Assis, Cândido Portinari, Carlos Chagas, Carlos Gomes, Carlos Drummond de Andrade, Augusto Ruschi, Marechal Cândido Rondon, Vital Brazil, Câmara Cascudo, Mário de Andrade e Anísio Teixeira.


Além das notas, as moedas brasileiras também têm os rostos de cinco homens estampados nelas: Pedro Álvares Cabral, Tiradentes, D. Pedro 1º, Marechal Deodoro da Fonseca e o Barão do Rio Branco. Diferentemente do Reino Unido, em que as novas notas de £10 circulam atualmente com as imagens da Rainha Elizabeth II de um lado (assim como todas as outras notas) e Jane Austen do outro, nenhuma outra mulher foi homenageada em notas aqui no Brasil desde 1992.

Os EUA quase acrescentaram uma mulher negra à sua moeda pela primeira vez quando o governo Obama anunciou em 2016 que a abolicionista e lutadora pela liberdade Harriet Tubman seria acrescentada à nota de 20 dólares até 2020. Mas o regime de Trump afugentou esse plano, dizendo que a cédula não estaria pronto a tempo. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que o redesenho não estaria pronto até 2028, muito depois de o presidente Trump presumivelmente deixar o cargo.

O regime de Trump tem um histórico de se opor às pessoas não-brancas e às mulheres em geral, embora a razão para o cancelamento de Tubman seja o fato de o presidente Trump amar o presidente Andrew Jackson, o homem atualmente retratado na nota de 20 dólares. Jackson, é claro, é mais lembrado pela “Trilha das Lágrimas” (viagens de recolocações e migrações forçadas, impostas pelo governo dos EUA às diversas tribos de índios como parte política de remoção indígena) e outros atos genocidas contra os nativos americanos.

A antiescravagista Harriet Tubman no lugar de Andrew Jackson: olheira, espiã, enfermeira e cozinheira das forças da União no lugar de escravagista. (//Divulgação)


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