Com muita celebração e política, a 22ª Parada do Orgulho LGBT de Brasília e Belo Horizonte pretendem agitar o Distrito Federal e a capital mineira. A estimativa é que os eventos recebam de 100 a 200 mil pessoas.
Fontes: Observatório G; G1.
Brasília espera mais de 100 mil pessoas compareçam ao evento em frente ao Congresso Nacional.
A Parada do Orgulho LGBTQI de Brasília é a terceira mais antiga do Brasil. Ela chega à 22ª edição neste domingo (14) com homenagem aos 50 anos da revolta de Stonewall – um marco do movimento pelos direitos LGBQI no mundo – e aos 40 anos do “beijaço” no bar Beirute .
No ano passado, o evento reuniu cerca de 70 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, segundo a organização. Desta vez, a expectativa é que, pelo menos, 100 mil pessoas acompanhem os seis trios que vão circular pelo centro da capital.
Em tempo de existência, o evento perde apenas para o que ocorre no Rio de Janeiro, desde 1995, e o da Avenida Paulista, em São Paulo, que está uma edição à frente de Brasília.
A concentração está marcada para as 14h em frente ao Congresso Nacional. De lá, o trio elétrico segue pela via N1, passando pelo Palácio do Buriti até a Torre de TV, onde faz a curva e volta para o local da concentração pela S1.
Os trios elétricos vão tocar pop, rock, música anos 1990 e 2000, house, funk e “brasilidades”. O destaque da vez é o Rebu, formado exclusivamente por artistas e produtoras culturais mulheres – lésbicas, bissexuais e transexuais.
A expectativa da organização é que o evento ocorra até as 21h. Ao contrário da edição passada, quando a Parada LGBTQI recebeu apoio financeiro via emenda parlamentar, desta vez o evento será feito com parcerias da iniciativa privada.
Stonewall e ‘beijaço’
Na edição passada, o tema da parada foi “#LGBTemPolíticaSim”, em alerta à necessidade de criação de políticas públicas voltadas para esta população. Agora é vez de prestar homenagens. Sob o tema “Stonewall 50. Beijo livre 40. Resistência e conquistas”, o evento relembra a revolta de Stonewall, nos Estados Unidos.
A Parada LGBTQI também comemora os 40 anos do movimento “Beijo livre” no bar Beirute da 109 Sul. Em 1979, dois homens foram convidados a se retirar do bar depois de darem um beijo na boca em frente dos demais clientes.
No dia seguinte, cerca de dez casais homossexuais entraram no Beirute e, juntos, fizeram um “beijaço”. O movimento foi organizado pelo diretor e ator de teatro Alexandre Ribondi, que exercia a profissão de jornalista na época.
“Foi a primeira manifestação pública de luta pelos direitos das pessoas LGBT em Brasília. O começo de uma luta que travamos até hoje”, disse Ribondi ao G1.
“É importante que as novas gerações conheçam essa história, comemorem e honrem. Os mais jovens sabem da importância do evento para a qualidade de vida deles hoje, que ainda está longe de ser ideal, mas está muito melhor do que já foi.”
Foi ele quem criou o Grupo Homossexual Beijo Livre – o primeiro movimento gay de Brasília. Nesta quinta-feira (11), ele esteve presente na cerimônia que fincou a bandeira LGBTQI no bar.
Acesso à saúde
Pela primeira vez na história da Parada LGBTQI de Brasília, serão colhidas informações e depoimentos sobre o atendimento desta população na rede pública de saúde. Servidores do GDF farão uma enquete sobre o acesso aos serviços e o que chama de “preconceito institucional”.
O objetivo é garantir futuras capacitações aos profissionais da saúde que estejam adequadas às necessidades e demandas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, homens e mulheres trans, queer e intersex.
Confira a ordem dos trios
- Organização (Brasília Orgulho-Vic)
- Uber
- JUDIH-LGBT
- Alegria
- La Fiesta
- Rainbow
- Rebu
BH espera 200 mil para celebrar conquistas e reivindicar respeito e cidadania.
Cinquenta lésbicas, usando máscaras de animais e de personagens de desenho animado, desfilaram pelas ruas de BH, celebrando o orgulho de ser quem são, em 1998. Azilton Viana, presidente do Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos/MG), contou que este foi o início da Parada do Orgulho de Belo Horizonte que, neste domingo (14), chega a sua 22ª edição.
Lara Sousa, Cláudio Dias, Gabriel Azevedo, Juhlia Santos e Jonata Vieira estão entre os 200 mil participantes esperados pela organização do evento. “A Parada cresceu e as pessoas veem nela uma forma de identificação e reconhecimento, na busca por visibilidade, respeito e cidadania”, disse o professor Azilton Viana, de 46 anos.
Com o tema “Não aos retrocessos. Revivendo Stonewall!”, esta edição relembra os 50 anos do enfrentamento de membros da comunidade LGBT à ação repressora da polícia em um bar em Nova York. Com diversas atrações artísticas, a Parada se concentrará na Praça da Estação, às 11h, e o cortejo seguirá até a Praça Raul Soares.
Estão confirmados no evento a participação dos artistas Nega Jackie, Penélope Fontana, DJ W Louis, Bloco do Queixinho, Wandera Jones, Justiny Chosen e Nayla Brizard, entre outros.
Lara Sousa, de 33 anos, é lésbica e integrante da equipe de produção do Truck do Desejo, “um bloco sapatão, só com mulheres que amam mulheres”, como explicou a psicóloga. O bloco desfilou no carnaval de BH pela primeira vez neste ano e está preparando uma apresentação surpresa para a Parada:
“Nós entendemos que é importante, enquanto organização lésbica e bissexual, estar nesse lugar, representando o ‘LB’ da sigla, para dar visibilidade às mulheres. Não é só no meio LGBT que nós ficamos apagadas, precisamos sempre batalhar um pouco mais para sermos vistas”, disse Lara Sousa.
“Precisamos dizer e demonstrar que a Belo Horizonte que desejamos deve ser uma cidade 100% sem preconceito”, defendeu o vereador de 33 anos, Gabriel Azevedo, atualmente sem partido, e bissexual. Em seu primeiro mandato na Câmara Municipal, acredita que a pauta LGBT ainda tem que avançar no Poder Legislativo.
“Há certa tendência em considerar que as pessoas ou são heterossexuais ou são homossexuais. Os bissexuais geralmente são questionados na sua essência. E digo que somos pessoas que, na verdade, tiveram uma sorte grande ao possuirmos o condão de encontrar em ambos os gêneros o que muita gente encontra apenas em um”, definiu Gabriel.
A travesti Juhlia Santos, de 36 anos, é artista e assessora parlamentar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ela será a musa do bloco Unidos do Samba Queixinho, que desfilará na Parada do Orgulho LGBT de BH.
“A gente tem que afirmar esses espaços para trazer mais luz para essas outras identidades. Importante entender também que tem uma diferença entre orientação sexual e identidade de gênero. Como travesti preta, foi muito simbólico ter sido convidada para ser musa do Queixinho neste ano, que Stonewall completa 50 anos”, disse Julia Santos.
Segundo a organização da Parada, durante o evento alguns serviços serão oferecidos à população LGBT+, como: atendimento para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; além da presença da Defensoria Pública e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que estarão presente para prestar orientações jurídicas.
Veja a programação completa:
11h – DJ Kaio Olliote
11h -DJ Mallu Oficial
11h50 – Cia Top Ousadia – Transvest
12h – Banda Mascucetas
12h15 – Igor Tomate
12h30 – Drag Maleta
12h35 – Polaris e Safira
12h45 – Grupo Teresa
13h10 – Femmenino
13h15 – Kayalla Panther
13h20 – Stefany Leafar
13h30 – Vini Baruk
13h50 – Drag Elektra
13h55 – Drag Color Evellyn Loren
14h20 – Eleganza – Coletivo de Drags
14h25 – Aysla Pirv
14h30 – Sthephanny Di Mônaco
14h45 – Grupo de Stiletto Angels
15h30 – The Pulso in Chamas