Ao todo, 210 casos foram registrados somente no primeiro semestre deste ano; doze óbitos foram na capital.
Fontes: Estadão; G1; Wikipedia; Ministério da Saúde.
Fortaleza é a cidade com maior número de mortes por meningite, segundo aponta o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Dos 22 óbitos registrados até o dia 30 de junho, 12 ocorreram na Capital cearense. O índice corresponde a 55,4% do total anotado em todo o território cearense.
Em âmbito estadual, porém, os registros chamam ainda mais a atenção. Isso porque em igual período do ano passado, o Ceará registrou 12 óbitos, dez a menos que o acumulado em 2019. Comparando os dois intervalos, o salto foi de 83%.
“Neste ano o período chuvoso foi muito mais intenso que o do ano passado e isso pode ter contribuído para o aumento do casos e das mortes. A meningite é uma doença de transmissão aérea e quando chove as pessoas tendem a ficar em casa e bactéria se espalha mais fácil quando tem muitas pessoas respirando o mesmo ar em um ambiente fechado, como uma residência”, justifica a supervisora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Sarah Queiroz.
O município de Poranga, na Região da Ibiapaba, concentra o segundo menor índice com dois casos. Aquiraz, na Região Metropolitana, e os municípios do interior: São Luís do Curu, Baturité, Itatira, Cruz, Guaraciaba do Norte, Brejo Santa e Barbalha tiveram cada apenas um caso tabulado.
Em 2018, a faixa etária mais acometida por doença menigocócica foi a de 10 a 14 anos (25%) e de 20 a 29 anos (25%) e os óbitos ocorreram com mais predominância na faixa etária de 40 a 59 anos (100%). Já neste ano, as faixas etárias com maiores ocorrências foram a de 5 a 9 anos (28,6%) e de 20 a 29 anos (28,6%) e a ocorrência dos óbitos foi maior nas faixas etárias de 5 a 9 e 40 a 49 anos.
A DOENÇA
A meningite é um processo inflamatório do subaracnóideo (espaço que existe normalmente entre o aracnóide e a pia-máter, que é preenchida pelo líquido cerebrospinal) e das leptomeninges que pode ser causado por bactérias, vírus, fungos ou agentes não infecciosos. As de origem infecciosa, principalmente causadas por bactérias, são as mais graves para a saúde pública, pela sua ocorrência e o potencial de produzir surtos.
Os sintomas mais comuns são febre súbita e elevada, dor de cabeça intensa e rigidez no pescoço. Outros possíveis sintomas estão confusão mental ou alteração do estado de consciência, vômitos e intolerância à luz ou a barulho. Crianças mais novas geralmente manifestam apenas sintomas inespecíficos, como irritabilidade, sonolência ou recusa em comer. A meningite causada por bactérias meningocócicas apresenta manchas características na pele.
O tratamento inicial da meningite aguda é a administração imediata de antibióticos e, em alguns casos, de antivirais. Podem também ser administrados corticosteroides para prevenir complicações resultantes de uma inflamação excessiva. A meningite pode causar complicações graves a longo prazo, incluindo perda auditiva, epilepsia, hidrocefalia ou défice cognitivo, sobretudo quando não é tratada rapidamente. Quando não é tratada, a meningite bacteriana é quase sempre fatal. Pelo contrário, a meningite viral tende a resolver-se espontaneamente e raramente é fatal.
VACINAÇÃO
Apesar das mortes, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, o Ceará conseguiu atingir a meta de cobertura vacinal para meningite, em 2018, quando as quatro imunizações eficazes contra a doença foram aplicadas em 100% do público-alvo. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece de forma gratuita a BCG, além da Pentavalente, Pneumocócica 10 valente e Meningocócica.
A vacinação é ainda a principal forma de se proteger da enfermidade. Ao mesmo tempo, explica Sarah Queiroz, manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos são outros importantes cuidados para evitar o contágio. “É importante evitar ambientes com aglomeração de pessoas que estejam com esses sintomas respiratórios, sempre que possível lavar as mãos ou higienizá-las com álcool em gel”, acrescenta.
PREVENÇÃO
Apesar de a doença acometer pessoas de todas as idades, crianças são as principais vítimas. Ainda de acordo com Queiroz, a vacinação ainda é o melhor método para se proteger da enfermidade. “Em períodos de chuva, é muito comum as pessoas se aglomerarem, ficarem mais em casa, o que não é interessante, pois a meningite pode ser transmitida de pessoa para pessoa, por meio do ar, tosse, espirro. Evitar locais fechados também é um método de prevenção”.
A Sesa alerta a população que é fundamental que os pais mantenham o cartão de vacina das crianças atualizado. Já os adultos que perderam seus cartões de vacina podem procurar as unidades de saúde mais próximas. “Cada caso é um caso e deve ser avaliado pelo médico. Pessoas com problemas respiratórios e condições de saúde especiais estão na lista de prioridade para tomarem a vacina contra meningite”, indica Sarah. “Todas as ações de vigilância e monitoramento estão sendo tomadas e todos os casos estão sendo investigados”.