Bispos católicos polacos denunciaram neste sábado o que denominam como “doutrinação LGBT” realizada pelo grupo sueco IKEA, e defenderam um funcionário recentemente demitido por questionar a política de tolerância da empresa.
Bispos católicos poloneses denunciaram neste sábado (6/7) o que consideram uma “doutrinação LGBT” realizada pelo grupo sueco de móveis Ikea. Os religiosos tomaram a defesa de um funcionário que foi recentemente demitido da empresa depois de ter questionado a política de tolerância da marca.
Em um comunicado publicado no portal do episcopado da Polônia, os bispos alegam que “do ponto de vista da lei, e acima de tudo de boa educação e bom senso, é inadmissível atacar o funcionário da Ikea que rejeitou a doutrinação LGBT no local de trabalho”, diz o texto .
Segundo a Ikea, o funcionário fez “declarações discriminatórias” após a publicação no e-mail interno do grupo de um artigo sobre sua política de tolerância, por ocasião do Dia Mundial contra a Homofobia e a Transfobia, realizado em 17 de maio.
A Ikea afirma que as declarações de seu ex-funcionário poderiam “ofender a dignidade dos membros da comunidade LGBT” (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais), quando a política do grupo “não tolera discriminação e atitudes excludentes”.
O homem, identificado pela imprensa como Tomasz K., citou em seus e-mails e declarações passagens do Antigo Testamento, indicando, por exemplo, que os homossexuais “morrerão sem remédio; seu sangue cairá sobre eles”, uma frase do Livro Levítico.
Os advogados do ex-funcionário, por sua vez, alegam que a empresa afirmou falsamente que Tomasz estava expressando violência, quando ele estava apenas citando textos da Bíblia.
Além do processo, o The Christian Post revelou que o ministro da Justiça da Polônia também ordenou uma investigação sobre o caso.
O incidente vem depois que o político mais poderoso da Polônia, o chefe do partido governante Jaroslaw Kaczynski disse no período que antecedeu as eleições europeias do mês passado que o avanço dos direitos dos homossexuais é um “perigo grave” para as famílias da Polônia e o futuro da União Europeia.
Se confirmado pela investigação, o episódio mostra como as empresas estrangeiras na Polônia promovem atos de discriminação contra aqueles que não compartilham seus valores, disse o ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, à televisão pública TVP Info. “Isso é inaceitável”, disse Ziobro na sexta-feira. “É absolutamente escandaloso.”
A cultura corporativa da Ikea é baseada na “liberdade de ideias, tolerância e respeito com cada funcionário, mas a empresa tem que reagir quando vê risco de quebra de dignidade de outros funcionários”, disse Katarzyna Broniarek, chefe de comunicações corporativas da Ikea Retail.
Patryk Jaki, integrante do partido governista e ex-vice de Ziobro, ofereceu ajuda legal a Tomasz K. e pediu um boicote à Ikea se as investigações concluírem que a varejista estava discriminando católicos.
Os bispos elogiaram Tomasz por “sua valentia em professar e defender a fé na vida diária”, uma atitude “digna de reconhecimento e exemplar”.