Após 30 anos Japão retoma caça à baleias

No dia 1º de julho o Japão se retira formalmente da Comissão Internacional da Baleia (IWC), que regula a caça à baleia em todo o mundo. Cinco navios iniciarão a caça dos animais na região costeira do Japão e depois partirão para águas internacionais.

Fontes: Euronews; Galileu; 10 Daily.

Baleia caçada morta sendo içada por navio japonês
Japão retoma a caça as baleias em 01/07/19

Em dezembro, o Japão retirou-se da IWC após não conseguir convencer a comissão a permitir que ele retomasse a atividade baleeira comercial.

“Na reunião geral da IWC, tornou-se evidente que aqueles que apóiam o uso sustentável dos estoques de baleias e aqueles que apóiam a proteção não podem coexistir, levando-nos a essa conclusão”, disse o principal porta-voz do governo, Yoshihide Suga, em setembro passado.

Em 1982, o IWC proibiu a caça comercial de baleias, que entrou em vigor globalmente em 1986. Mais de 80 países assinaram o acordo para interromper a caça às baleias, embora países como a Noruega, Rússia e Islândia ainda continuassem a usar os animais para pesquisas científicas.

Desde então, o Japão limitou suas atividades à essa“caça científica à caça de baleias” – uma brecha há muito explorada para continuar a venda de carne de baleia no país.

Quando a retirada se tornar oficial, os baleeiros japoneses poderão retomar as baleias minke, Bryde e sei – todas atualmente protegidas pela IWC e sob  risco de extinção – em águas costeiras japonesas.

No entanto, o Japão não terá permissão para continuar as chamadas caças de “pesquisa científica” na Antártida e em outros lugares que foi autorizado a conduzir como membro da IWC.

Desde 1986, essa regra permitiu que o Japão matasse várias centenas de baleias anualmente.

De dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, foram mortas 333 baleias minke nas águas da Antártica, das quais 120 estavam grávidas, apesar do Tribunal Penal Internacional ter proibido que o país fizesse a caça em águas internacionais em 2014.

Baleias mortas por baleeiros japoneses
NAVIO JAPONÊS CAÇA BALEIAS MINKE (FOTO: AUSTRALIAN CUSTOMS AND BORDER PROTECTION SERVICE)

Tóquio

Os restaurantes começam a afiar as facas e a adaptar as cartas.

A agência de notícias nipônica NHK, revela o caso do restaurante mexicano gerido por Shintaro Kasai, onde os clientes vão poder passar a degustar “tacos com molho de soja e baleia frita” entre os três novos pratos preparados à base de carne de cetáceos.

Há restaurantes, porém, onde carne de baleia não será propriamente uma novidade.

No estabelecimento gerido por Mitsuo Tani, também na capital nipônica, já é possível comer “sashimi” e bifes de baleia, nos quais se utiliza carne de cetáceos alegadamente capturados para fins científicos.

Mitsuo Tani informou à NHK a riqueza da carne de baleia, que descreve como muito saudável por ter alto teor de proteínas e baixas calorias.

O empresário espera que o recomeço da caça comercial venha a atrair mais jovens e mulheres para a degustação de cetáceos.


Islândia suspende caça

A rádio e televisão pública islandesa Ríkisútvarpið (RÚV) avisa que este verão, pela primeira vez desde 2003, os pescadores não vão lançar os arpões às baleias.

Entre 2003 e 2006, os baleeiros da Islândia capturaram cetáceos para alegados fins científicos e daí para cá têm vindo a pescar baleias para fins comerciais.

Em fevereiro o ministro islandês das Pescas e Agricultura, Kristján Þór Júlíusson, autorizou a caça à baleia até 2023, com uma limitação anual de 209 baleias comuns e 217 baleias anãs entre 2018 e 2025.

A decisão de não pescar baleias esta temporada estará, curiosamente, relacionada com a dificuldade de exportar a carne de baleia para o Japão.

O Instituto de Pesquisa Marinha, da Islândia, também não prevê receber cetáceos este verão para fins científicos.

Os pescadores das baleeiras deverão focar-se, até 01 de setembro, na pesca de ouriços-do-mar. A caça à baleia na Islândia deverá ser retomada na próxima primavera.


Críticas

A decisão do Japão foi alvo de protestos de ativistas pela defesa dos animais em diversos locais, como aconteceu por exemplo em Londres, no Reino Unido, e criticada por personalidades internacionais como o músico Bryan Adams.

O canadense, de 59 anos, que viveu parte da adolescência em Portugal, considera a retomada da caça comercial à baleia “um enorme passo atrás”. “Devemos estar a protegê-las, não a matá-las”, disse Bryan Adams.

Diversos baleeiros já se preparam nos portos nipônicos este domingo para se lançarem ao mar, à caça.

Tom Nesvik, o ministro norueguês, recusou tomar posição sobre a decisão nipônica, mas disse que a IWC se tornou disfuncional e que a pesca sustentável de baleias é possível.


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