A “Canção da Terra”, de Michael Jackson, lançada em 27 de novembro de 1995, é a trilha sonora do século XXI.
A música faz parte do álbum HIStory. É uma balada que incorpora elementos do blues, gospel e ópera. Foi parte do trabalho de Michael de lançar canções com mensagens sociais como “We are the World”, “Man in the Mirror” e “Heal the World”. Em “Earth Song” no entanto foi a primeira vez que Jackson tratou abertamente com o meio-ambiente e o bem estar dos animais.
Earth Song foi produzida por Jackson, David Foster e Bill Bottrell. A intenção de Jackson era criar uma música que fosse liricamente profunda mas melodicamente simples, de modo que o mundo inteiro, particularmente os fãs que não falam inglês, pudessem cantar junto.
O videoclipe foi filmado em quatro regiões geográficas, centrava-se na destruição e renascimento da Terra e recebeu uma indicação ao Grammy em 1997. A canção foi a número um no Reino Unido, vendendo mais de 1,5 milhão de cópias, e foi o single de natal número um do país em 1995. Também foi o hit número um na Alemanha, Islândia, Itália, Escócia, Espanha, Suécia e Suíça, e número dois na França, Irlanda e Holanda. Jackson passou a receber reconhecimento de várias organizações ambientais e de animais.
A produção teve um tema ambiental, mostrando imagens de crueldade contra animais, desmatamento, poluição, caça, pobreza e guerra. Jackson e as pessoas do mundo se unem em um canto espiritual: “Earth Song” – que invoca uma força que cura o mundo. Usando efeitos especiais, o tempo é revertido para que a vida retorne, a guerra termine e as florestas cresçam novamente. O vídeo termina com um pedido de doações para a Fundação Heal the World de Jackson.
Em 2019 a ONU divulgou um relatório informando que um milhão de espécies ameaçadas pela ação humana a um ritmo sem precedentes. O estudo envolveu 145 cientistas de 50 países e revisou mais de 15 mil pesquisas, mostrando que o impacto dos seres humanos na natureza é devastador.
A poluição é tanta que cientistas do Reino Unido acharam vestígios de cocaína, remédios e pesticidas em camarões de água doce. Até as girafas entraram na lista de animais ameaçados de extinção.
No Brasil, país com a maior floresta tropical em extensão, e a maior reserva de biodiversidade do planeta, o presidente Jair Bolsonaro disse que caça é “um esporte saudável”, e anunciou a facilitação ao acesso a munição e o transporte de armas de fogo para atiradores esportivos, caçadores e colecionadores. O presidente ainda bateu recorde de liberação de agrotóxicos, alguns proibidos no mundo inteiro. Só em janeiro deste ano o desmatamento na Amazônia Legal aumentou 54% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo o Greenpeace.
As responsáveis pela devastação do planeta são as indústrias, principalmente a da agropecuária, que mantêm seu poder devido à dieta onívora da maior parte da população mundial. Florestas inteiras estão desaparecendo para dar espaço às pastagens. Só no Brasil, um boi, um porco e 180 frangos são mortos por segundo, de acordo com dados oficiais do IBGE.
Os mares estão se tornando estéreis, devido à poluição que embranquece os corais, e à pesca industrial, que dizima diversas espécies que são capturadas acidentalmente, sendo descartadas como lixo.
Animais de laboratório continuam sendo mortos aos milhões, tendo uma existência miserável mesmo com a existência de tecnologias alternativas.
Atualmente, existem diversos recursos disponíveis que podem substituir os testes em animais, como as tecnologias que envolvem triagem de alta produtividade, modelos computacionais e chips baseados em cultura de células e tecido humano artificial, que são mais precisos e eficientes do que os testes feitos com animais de laboratórios.
Mesmo assim, segundo uma estimativa da organização Humane Society International (HSI), mais de 100 milhões de animais são mortos anualmente por experimentos científicos.
O descarte de lixo plástico é outro problema global. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da década de 1950. É o equivalente a cerca de 25 mil vezes o peso do Empire State Building, em Nova York. De todo esse material apenas 9% foi reciclado, 12% foi incinerado e estima-se que 79% está acumulado em aterros ou poluindo o ambiente. Mais de 300 milhões de toneladas de plástico são produzidas e descartadas anualmente no planeta, e já chegaram ao nosso prato.
Pensar nos números impressiona. Pensar nas formas pelas quais os animais são mortos e as vidas que levam antes de morrer também impressionam.
Earth Song pode ter sido lançada em 1995, mas parece que foi ontem.
