L’Inconnu du lac: Um flerte com o desejo e a morte.

L’Inconnu du lac (O Desconhecido do Lago ou Um Estranho no Lago), de 2013, ganhou prêmio de melhor direção na mostra “Um Certo Olhar” do Festival de Cannes, revelando o cineasta francês Alain Guiraudie.

Fontes: Papo de Cinema;

Sexo, morte e suspense. Do tesão à tensão, o filme é um thriller contemporâneo, e vários críticos fizeram comparações com os trabalhos de Hitchcock .

Uma história que começa aparentemente simples, acompanhamos as sucessivas idas de Franck (Pierre Deladonchamps) a um lago onde vários homens gays vão para se encontrar e transar. Um dia, ele vê Michel (Christophe Paou), por quem se apaixona e com quem começa se envolver. Mas sobre quem sabe muito pouco, iniciando uma paixão que pode ser mortal.

Rodado no Lago de Sainte-Croix em Provença, em 2012, o filme se passa inteiramente no lago. Em nenhum momento será possível ver os personagens fora daquele ambiente: não se sabe o que fazem, do que vivem, o que comem, de suas famílias… nada. Toda a interação está restrita ao lago, o que coloca o espectador numa posição semelhante a dos personagens que observa.

A repercussão maior de Um Estranho no Lago se deu pelas alardeadas sequências de sexo explícito – devidamente integradas à narrativa e à proposta do filme. Guiraudie justifica suas intenções quando revela que esta é sua obra mais primitiva, uma vez que toda a ação transcorre no mesmo ambiente e absolutamente nada interrompe os principais símbolos do filme: a sexualidade, a excitação e a tensão.  O próprio diretor fez piada, antes das luzes se apagarem: “Eu sei que vocês vieram pelos homens pelados, então vejam aí e depois conversamos“.

Mas há (muito) mais do que homens pelados. Com uma única cena, de pouco mais de um minuto, Guiraudie transforma seu “filme erótico” num suspense com ares de terror. O lago, jamais abandonado pela câmera, se torna claustrofóbico. Os espaços escuros, antes convidativos para o sexo, se tornam aterrorizantes. Os sons, sem nenhuma trilha sonora, se convertem em ameaças. “Eu quis dar a tudo um ar de tragédia“, explica o diretor. Conseguiu.



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