Operação contra tráfico de animais prende mais de 20 pessoas na Zona da Mata e apreende mais de 300 aves.


Foto: Polícia Civil/Divulgação

Para coibir o tráfico e cativeiro irregulares de animais silvestres na região, foram vistoriados 45 alvos nos municípios de Ubá, Astolfo Dutra, Visconde do Rio Branco, Guiricema, Divinésia, Tocantins, Guidoval e Piraúba. de Ubá, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e as Polícias Civil e Militar de Minas Gerais realizou em abril uma ação de fiscalização denominada “Operação Especial Sporophila”.

Os alvos foram levantados por meio da verificação de denúncias realizadas no Ligue Minas do Governo de Minas e na Linha Verde do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de outros alvos pesquisados pela equipe da Diretoria de Estratégia de Fiscalização da Semad. “A partir dessas denúncias e do trabalho de inteligência das polícias, foi feito todo um planejamento para identificação dos alvos no sentido de coibir a prática do tráfico de animais, recorrente nessa região do Estado”, afirma Diego Maximiano, O coordenador do Núcleo de Fiscalização de Recursos Faunísticos da Semad.

As principais infrações encontradas durante a operação estão relacionadas ao cativeiro irregular, animais extraviados e anilhas adulteradas. Em dois alvos fiscalizados foram encontrados animais em condições de maus tratos. “Recebemos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) muitos animais com maus tratos, com membros amputados, além de situações como gaiolas em extrema condição de sujeira, o que demonstra uma total falta de zelo dos proprietários para com esses animais”, frisou o médico veterinário do IEF, Érico Furtado Alves. Ele explicou que os animais recebidos no Cetas recebem todo o atendimento necessário para reabilitação. “Eles passam por uma série de exames, são alimentados adequadamente, medicados e, posteriormente, o animal é reintroduzido paulatinamente à natureza”, disse.

A operação especial Sporophila contou com seis equipes multidisciplinares. Em 81% dos alvos fiscalizados houve apreensão de animais ou petrechos proibidos. As principais aves apreendidas foram o trinca-ferro (44%) e aves da espécie Sporophila (24%), que deu nome à operação, com exemplares como o papa-capim, curió, coleiro, pretinho, bigodinho). Outras aves como azulão, sabiá, canário-da-terra, pássaro-preto, tico-tico, maritaca, maracanã, entre outros (32%), também foram apreendidas. Durante a ação também foi apreendido um jabuti. 

Em coletiva de imprensa realizada na manhã dessa sexta-feira, 12 de abril, na Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) Zona da Mata, em Ubá, o titular da 2ª Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente, delegado Luiz Otávio Braga Paulon, destacou que 38 procedimentos foram lavrados em quatro dias, entre eles, 22 autos de prisão em flagrante delito e 10 Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs). Foram realizadas 22 prisões, cinco armas de fogo apreendidas e 126 oitivas realizadas. No total, 41 pessoas foram conduzidas até a delegacia.
Segundo ele, além do aspecto repressivo, a operação alcançou resultados educativos e preventivos. “Muitas vezes, as pessoas pensam que ter um pássaro da fauna silvestre em casa, em cativeiro, não tem problema, mas isso hoje é crime”, informou. 


Entrega Voluntária
Nos dias 9, 10 e 11 de abril as pessoas que criavam alguma espécie de animal silvestre sem a devida autorização ou legalização tiveram a oportunidade de realizar a entrega voluntária, sem a aplicação de penalidades. Nessa ação, a população também foi orientada com relação ao crime ambiental referente à criação de animal silvestre em cativeiro. 72 animais foram recebidos, dentre eles, diversas espécies de pássaros e jabutis. Os animais foram encaminhados para o Cetas de Ubá. 
De acordo com a Lei Federal 9.605 de 1998 é crime ambiental “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”

O tráfico de animais silvestres possui graves consequências. A retirada desses animais da natureza causa danos ambientais que comprometem as funções ecológicas exercidas por essas espécies no habitat natural. Além do trauma da captura, esses animais são transportados de forma precária, sendo expostos a diversos tipos de maus tratos.
No Brasil, os animais silvestres somente podem ser criados com autorização do órgão ambiental. Aos que se interessam pela criação de animais silvestres é importante observar as normas vigentes na Instrução Normativa n°10 de 2011 e na Instrução Normativa n° 7 de 2015, respeitando todas as exigências ambientais.

A Zona da Mata é a segunda região do Estado com o maior número de criadores amadores cadastrados no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Passeriformes (SisPass). A região também possui histórico de alto índice de irregularidades encontradas nas últimas fiscalizações de fauna realizadas na região. Devido à localização e riqueza de espécimes do bioma de Mata Atlântica, a região é também rota de tráfico de animais silvestres para o Estado do Rio de Janeiro.

Fontes: G1; O Vigilante Online.



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