A obra lançada em 1962 alerta para os perigos do uso desenfreado de pesticidas, principalmente os organoclorados, também conhecidos como poluentes persistentes orgânicos. Atualmente sua presença é obrigatória nas disciplinas voltadas ao estudo do meio ambiente e saúde, entretanto na época de seu lançamento a obra despertou a fúria das indústrias químicas e do agronegócio, e sofreu duras críticas no intuito de desacreditar a autora.
O livro detalha como o uso indiscriminado de toxinas, seja para agricultura, seja no uso doméstico, ou no controle de insetos vetores de doenças, altera os processos celulares das plantas, e se acumula nos tecidos vivos, passando através da cadeia alimentar para populações de pequenos e grandes animais, atingindo locais a quilômetros de distância, destruindo ecossistemas, fazendas inteiras, e chegando aos nossos lares. Atualmente todos temos índices alarmantes de toxinas em nosso organismo devido ao consumo de alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal, impregnados de agrotóxicos que comprovadamente causam câncer e outras moléstias, muitas vezes levando a morte.
Com seu alto poder de disseminação através dos lençóis freáticos, da sua acumulação no organismo dos seres vivos que entram em contato, os pesticidas vêm contaminando e dizimando inúmeras espécies da fauna e flora atravessando diversas gerações, alterando seus códigos genéticos de forma ainda não totalmente compreendida.
O livro aponta diversas soluções alternativa não poluentes ou que causam impacto mínimo, como a introdução de espécies predadoras de pragas em substituição ao uso de agrotóxicos, e comprova sua eficácia através de experiências e relatos surpreendentes. Outra forma alternativa, e que vem ganhando espaço no mercado global, é o consumo de produtos orgânicos, que não usam nenhum tipo de agrotóxico em sua produção.
Mais de meio século se passou, mas o debate permanece. Mesmo com todas as evidências as tentativas de descrédito afloraram, aquecendo o debate com argumentos como o de que o banimento do DDT (diclorodifeniltricloroetano, o primeiro pesticida moderno, tendo sido largamente usado durante e após a Segunda Guerra Mundial) causou o reaparecimento da malária em países do terceiro mundo.
Primavera Silenciosa pode ter mais de meio século, mas continua sendo uma leitura essencial a todos, afinal esse é um desafio que a humanidade não pode ignorar.