Restrição de smartphones por três dias pode alterar atividade cerebral

O brilho de um smartphone é frequentemente a primeira e a última coisa que vemos quando acordamos de manhã e vamos dormir no fim do dia.

Por Sanjukta Mondal, Medical Xpress.

Imagens de atividade cerebral relacionada a CR ao longo do tempo
Atividade cerebral relacionada a CR ao longo do tempo. a) PHONE > NEU T2 – T1 (vermelho) em p < 0,001, k = 7. b) ON > OFF T1 – T2 (azul) em p < 0,001, k = 9. c) Interação tempo-grupo T2 > T1 e ESU > não-ESU de ON > OFF (vermelho) em p < 0,001, k = 9. As barras coloridas representam os valores T dos respectivos contrastes, superior: a), meio: b), inferior c). Esta figura foi criada usando GIMP e MRIcroGL (https://www.nitrc.org/projects/mricrogl; última visita em 21/01/2024). Crédito: 
Computers in Human Behavior (2025). DOI: 10.1016/j.chb.2025.108610

Smartphones estão se tornando cada vez mais uma extensão do nosso corpo da qual lutamos para nos separar. Em um estudo recente em Computers in Human Behavior, cientistas observaram que ficar longe de smartphones pode até mesmo mudar a química do cérebro.

Os pesquisadores recrutaram jovens adultos para uma dieta de restrição de smartphones de 72 horas, na qual eles foram solicitados a limitar o uso do smartphone a tarefas essenciais, como trabalho, atividades diárias e comunicação com a família ou pessoas importantes.

Durante esses três dias, os pesquisadores conduziram testes psicológicos e fizeram exames cerebrais usando imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) para examinar os efeitos da restrição do uso do telefone. Os exames cerebrais mostraram mudanças significativas de atividade nas regiões de recompensa e desejo do cérebro, assemelhando-se aos padrões vistos no vício em substâncias ou álcool.

Há um debate em andamento sobre o termo “vício em smartphone” (SPA) aparecendo em muitos testes psicológicos, pois especialistas acreditam que esse termo pode criar uma imagem imprecisa dos complexos aspectos emocionais, mentais e sociais associados ao uso excessivo de smartphones. No entanto, a neurociência tem visto um foco crescente no uso excessivo de smartphones (ESU) devido à sua associação com efeitos negativos à saúde física e mental, e suas ligações com comportamentos viciantes.

Para este estudo, foram selecionados 25 jovens adultos de 18 a 30 anos que usavam smartphones regularmente. Antes do período de restrição de 72 horas, os participantes foram examinados quanto à gravidade de problemas físicos, psicológicos e sociais relacionados ao uso de smartphones e jogos de computador, bem como para garantir que não tivessem nenhuma condição de saúde mental existente.

Para avaliar seu humor, hábitos de smartphone e desejos, os participantes preencheram dois questionários antes de sua primeira tomografia cerebral. Eles foram então instruídos a limitar o uso do telefone pelas próximas 72 horas.

Após o período de restrição de três dias, os participantes foram submetidos a exames de fMRI enquanto viam diferentes conjuntos de imagens: cenas neutras (como paisagens e barcos), smartphones ligados e smartphones desligados.

Os exames revelaram que limitar o uso de smartphones levou a mudanças na atividade cerebral em áreas associadas à dopamina e à serotonina — neurotransmissores que regulam o humor, as emoções e também o vício.

Os pesquisadores observaram que a restrição de smartphones pode se assemelhar à abstinência de substâncias viciantes ou até mesmo à vontade de comer em alguns aspectos, o que foi perceptível tanto em participantes que usam muito (ESU) quanto em participantes que usam regularmente smartphones (não ESU).

À medida que a tecnologia avança, reconhecer como nossos hábitos de uso de smartphones afetam nossos cérebros é crucial para criar rotinas digitais mais saudáveis.

Mais informações: Mike M. Schmitgen et al, Effects of smartphone restriction on cue-related neural activity, Computers in Human Behavior (2025). DOI: 10.1016/j.chb.2025.108610



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