Pesquisadores descobriram larvas de moscas varejeiras com rostos falsos de cupins nas nádegas, o que lhes permite se integrar socialmente em colônias de cupins nas montanhas do Marrocos.
Com informações de Live Science.

Um novo estudo descobriu que larvas de moscas da montanha desenvolveram rostos falsos em seus traseiros como um disfarce engenhoso para se infiltrar em colônias de cupins.
Pesquisadores avistaram os rostos falsos, que lembram cabeças de cupins, na parte traseira de uma larva de mosca varejeira até então desconhecida que vive nas montanhas do Marrocos. Esses rostos são parte de uma estratégia de imitação extrema que engana cupins colhedores ( Anacanthotermes ochraceus ) fazendo-os pensar que as larvas de mosca são parte de sua colônia.
Os cupins soldados geralmente matam os intrusos da colônia no local, mas larvas disfarçadas vivem entre os soldados sem problemas e têm acesso total à câmara de alimentos do cupinzeiro. O disfarce é tão bom que os cupins parecem até mesmo limpar as larvas astutas, de acordo com o estudo publicado na segunda-feira (10 de fevereiro) no periódico Current Biology.
Pesquisadores descobriram as larvas de duas faces por acaso enquanto procuravam formigas na cordilheira Anti-Atlas, no sul do Marrocos. A equipe levantou uma pedra e encontrou um cupinzeiro com três das larvas de mosca nunca antes vistas dentro, explicou o autor principal do estudo, Roger Vila, cientista do Instituto de Biologia Evolutiva da Espanha, em uma declaração.
“Deve ser uma espécie extremamente rara, porque fizemos mais três expedições naquela área e, apesar de levantarmos centenas de pedras, encontramos apenas mais duas moscas, juntas, em outro cupinzeiro”, disse Vila.
Os ninhos de cupins são habitats protegidos e ricos em alimentos para qualquer espécie astuta o suficiente para entrar. A estratégia da mosca é de integração social, o que requer adaptações morfológicas, comportamentais e fisiológicas extremas para dar certo, de acordo com o estudo.
Pesquisadores coletaram larvas de moscas e cupins disfarçados e os levaram de volta ao laboratório para estudo posterior, e encontraram uma série de adaptações extremas. Por exemplo, as larvas tinham orifícios de respiração modificados para atuar como olhos falsos de cupim e órgãos sensoriais modificados chamados papilas que se assemelhavam a antenas de cupim.
Disfarce químico
As larvas também desenvolveram produtos químicos de cheiro para combinar com o odor único dos cupins. Vila observou que a equipe estudou a composição química das larvas e descobriu que elas eram indistinguíveis dos cupins nas colônias onde viviam.
“Eles têm exatamente o mesmo cheiro”, disse Vila. “Além disso, as larvas e cupins em uma colônia específica têm pequenas diferenças em seu perfil químico que os diferenciam de outros cupinzeiros. Esse odor é essencial para interagir com os cupins e se beneficiar de sua vida comunitária. É um disfarce químico.”
Os pesquisadores descobriram que as larvas faziam parte do gênero de moscas Rhyncomya. Nenhum outro membro desse grupo é conhecido por fazer esse tipo de mimetismo, então a equipe suspeita que as larvas sejam uma espécie recém-descoberta. No entanto, a equipe não conseguiu criar as larvas até a idade adulta para ter certeza, pois todas morreram no laboratório antes de serem capazes de amadurecer.
Villa observou que pode haver elementos do ninho de cupins e da relação entre as duas espécies que eles não conseguiram transferir para o laboratório.
“Sua dieta é atualmente desconhecida, e sua forma adulta permanece um mistério”, acrescentou Vila.