Transmissão da bactéria requer pelo menos 4 horas de contato do carrapato com o sangue humano e pode ser evitada com dicas para regiões de mata.
Por Rafael L. M. com informações de Luiz Alves da Silva Neto, infectologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Três pessoas, que estavam presentes em uma festa em Campinas (SP), em junho deste ano, faleceram devido a febre maculosa, uma doença infecciosa causada por uma bactéria transmitida pela picada de um carrapato. De acordo com a Secretária de Saúde de Campinas, seis óbitos já foram confirmados pela doença e o local do evento está fechado até que apresente um plano de contingência ambiental.
A condição tem alta probabilidade de ser fatal e sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares e possíveis erupções cutâneas no local da picada. Quando tratada de imediato, pode ser curada.
“O agente causador é uma bactéria chamada Rickettsia rickettsii. Como qualquer outra doença bacteriana, é tratada com antibiótico e suportes clínicos conforme quadro do paciente, que pode exigir hidratação e medicações para tratamento de sintomas”, explica Luiz Alves da Silva Neto, infectologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
É uma doença rara em que 62% dos casos no Brasil estão localizados na região sudeste do país. Em 2022, foram notificados 190 casos pelo Ministério da Saúde no país, sendo 25% em São Paulo. Além disso, a febre maculosa brasileira é considerada uma zoonose, doença transmitida de animais para seres humanos.
Elas se dão por contato direto com animais infectados ou indireto, por vetores (carrapatos, mosquitos e outros). A transmissão dessa doença, em específico, se dá por contato indireto através do carrapato. Ou seja, a capivara ou qualquer animal infectado não pode transmitir diretamente a febre maculosa. Entre os principais sintomas estão:
- Febre, dor de cabeça, dores no corpo, náuseas e vômitos. Em situações mais graves aparecem sangramentos. Ela pode ser facilmente confundida com doenças de quadros hemorrágicos, como dengue e leptospirose.
Por isso, é importante estar atento aos animais de estimação em áreas rurais, ele pode se tornar um reservatório da bactéria causadora da condição se não tiver o cuidado de higiene correto durante uma viagem ou caso ele more em regiões de mata.
Afinal, a fêmea do carrapato estrela – espécie responsável pela transmissão – pode gerar cerca de 16 mil filhotes e, se estiver infectada pela Rickettsia, transmite a bactéria para todos eles. Além disso, os cães, principalmente, não costumam apresentar sintomas da febre maculosa.
Transmissão da bactéria requer 4 horas; Veja como prevenir
De acordo com o infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. Luiz Alvez é difícil estimar a probabilidade de ser infectado após a picada do carrapato, uma vez que o animal deve estar contaminado com a bactéria e ainda assim precisa de um parasitismo prolongado para que consiga transmitir a bactéria para o corpo humano.
“O carrapato leva essa bactéria pela picada no ser humano, mas não é uma picada qualquer. É necessário parasitismo, ou seja, o carrapato precisa ficar se alimentando do sangue humano por pelo menos 4 horas para que possa transferir essa bactéria ao organismo humano”, comenta o infectologista.
O especialista aponta que não existe vacina contra a febre maculosa, mas existem formas comportamentais de prevenir a doença.
- Evitar locais com alta transmissão;
- Se frequentar regiões de mata, use roupas longas (de preferência roupas claras) que auxilia na identificação da presença de carrapatos;
- Use repelentes.
O Ministério da Saúde também aponta que a doença pode ser mais comum entre os meses de junho e novembro por se tratar do período em que predominam as formas jovens do carrapato estrela, chamadas também de micuins.
O infectologista também ressalta que é essencial se atentar aos sintomas por serem parecidos com os de outras infecções e necessitarem de assistência médica imediata para curar a doença e evitar fatalidades.
Outra medida que pode evitar a proliferação do aracnídeo é cortar a grama rente ao solo no mínimo uma vez por ano durante a época em que chove mais. Dessa forma, os ovos do carrapato ficam expostos ao sol e não vingam por conta dessa iluminação.