A pandemia global forçou populações inteiras em todo o mundo a trabalhar em casa, muitas vezes aproximando as pessoas de entes queridos e parentes 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Com informações de Science Alert.
De acordo com um estudo recente de pesquisadores dos Estados Unidos e da China, a experiência de mesclar as necessidades domésticas com as tarefas profissionais apresenta desafios muito diferentes para as respectivas metades dos casais heterossexuais.
No centro dessas diferenças está o trabalho doméstico e o tempo para a família, incluindo os tipos de tarefas que podem ser realizadas quando se trabalha em casa, como lavar ou aspirar, e a dedicação a responsabilidades como filhos, sejam cochilos ou lanches.
Os resultados do estudo foram baseados em uma pesquisa com 223 casais com dupla renda da China e da Coreia do Sul e incluíram famílias com e sem filhos.
Os participantes foram questionados sobre o número de tarefas não relacionadas ao trabalho que realizavam enquanto trabalhavam em casa e como isso afetava seus compromissos familiares.
“Descobrimos que homens e mulheres não têm a mesma experiência trabalhando em casa”, diz Jasmine Hu, professora de administração da Ohio State University.
As estatísticas revelaram que todos achavam que faziam mais em casa quando trabalhavam sozinhos em casa. Quando os casais com dupla renda estavam juntos em casa, os homens geralmente realizavam menos tarefas domésticas. Para as mulheres, ter o marido em casa durante o horário de trabalho não aliviava em nada a carga doméstica.
Em ambos os países pesquisados, as esposas relataram sentir-se cada vez mais culpadas por não conseguir realizar as tarefas domésticas e passar mais tempo com suas famílias quando solicitadas a fazer mais trabalho no escritório. Para os maridos, essa culpa relatada só foi perceptível nos dados da Coreia do Sul.
Os pesquisadores também analisaram a flexibilidade de uma rotina de casa/escritório sancionada por um empregador. Quando os maridos tinham configurações de trabalho flexíveis, as esposas realizavam mais trabalhos profissionais enquanto trabalhavam em casa; quando as esposas tinham flexibilidade no trabalho, os maridos realizavam mais tarefas domésticas quando trabalhavam em casa.
“Essas descobertas sugerem que os maridos podem ajudar as esposas que trabalham remotamente quando têm horários de trabalho mais flexíveis e realizam mais tarefas familiares quando suas esposas têm horários de trabalho mais rígidos”, diz Hu.
Além disso, tanto os homens quanto as mulheres sentiam-se mais culpados pelo trabalho e um maior sentimento de conflito entre a vida doméstica e profissional, porque realizavam mais tarefas domésticas enquanto trabalhavam em casa.
O objetivo do estudo é melhorar a experiência de trabalhar em casa para funcionários e empregadores, dizem os pesquisadores – e mostrar que flexibilidade e compreensão são importantes, especialmente em famílias onde ambos os parceiros adultos estão fazendo seus trabalhos em casa, e não em um escritório.
Os parceiros precisam dividir as tarefas domésticas, sugerem os autores do estudo, enquanto as empresas devem reconhecer as dificuldades que surgem à medida que as fronteiras entre a vida profissional e a doméstica se tornam cada vez mais tênues.
“O COVID-19 mudou para sempre a forma como trabalhamos”, diz Hu. “O trabalho remoto vai se tornar muito mais uma norma.”
“As pessoas realmente se acostumaram com o benefício de trabalhar em casa e muitas não vão querer voltar para o escritório em tempo integral”.
A pesquisa foi publicada na revista Personnel Psychology.