É o fim das refeições com presunto ou bife nas cantinas escolares de Lyon, terceira maior cidade da França. A partir de segunda-feira (22/02), todos os estudantes da rede pública terão uma única opção de almoço: um prato sem carne. A decisão causou polêmica e gera críticas da parte do governo nacional.
Com informações do RFI.
O prefeito de Lyon, Grégory Doucet, do partido Europa Ecologia Os Verdes, afirma que a decisão não ocorre por motivos ideológicos, mas por “razões sanitárias”. Ele garante que a situação é provisória e vai evoluir conforme melhorar a luta contra a pandemia de Covid-19 na França.
“O novo protocolo impõe um distanciamento de dois metros nas cantinas das escolas. O menu único vai nos permitir acelerar o serviço e, assim, acolher todos os alunos de forma segura”, explicou a secretária municipal de Educação, Stéphanie Léger, ao jornal Le Progrès. Segundo ela, peixe e ovos continuarão sendo servidos.
A explicação não serviu para abafar a polêmica. No Twitter, o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, denunciou “um insulto inaceitável aos agricultores e aos açogueiros franceses”. “Estamos vendo bem que a política moralista e elitista dos ecologistas exclui as classes populares. Muitas crianças, frequentemente, só têm condições de comer carne nas cantinas escolares. Ideologia escandalosa”, publicou.
No entanto, a declaração do ministro contradiz a realidade. Segundo um estudo realizado em 2017 pela Agência Francesa de Segurança Sanitária e Alimentação, cidadãos com estudo superior consomem mais frutas e legumes. Já as pessoas que realizaram apenas o ensino fundamental dão preferência a refeições com carne vermelha.
O ministro francês da Agricultura, Julien Denormandie, não poupou críticas à prefeitura de Lyon. “Chega de colocar ideologia no prato das nossas crianças! Vamos simplesmente dar a elas o que precisam para crescer bem. A carne faz parte disso”, afirmou em sua conta no Twitter.
Medida não é nova
O prefeito de Lyon reagiu às críticas. Nas redes sociais, Grégory Doucet lembrou que a administração anterior, do mesmo partido político dos ministros e do presidente francês, Emmanuel Macron (A República em Marcha), tomou a mesma decisão durante a primeira onda de Covid-19, no ano passado. “Não escutamos essas afirmações contra Gérard Collomb [ex-prefeito de Lyon], membro da família política de vocês, que optou exatamente pela mesma medida”, tuitou.
De fato, enquanto ainda dirigia a cidade, Collomb impôs o menu sem carne em dois momentos: no primeiro lockdown, para os filhos de profissionais da saúde que continuaram indo à escola, e entre maio e julho de 2020, para uma melhor organização das cantinas durante a pandemia. Na época, a medida não suscitou nenhuma reação por parte do governo nacional.