Mais de 10 mil registros foram feitos nas últimas 24 horas; em meio à pandemia, Vladimir Putin celebra de forma contida o Dia da Vitória.
Pelo sétimo dia consecutivo, a Rússia registrou neste sábado (09/05) mais de 10 mil novos casos de Covid-19, e superou neste domingo a barreira de 200.000 casos registrados de infecção por coronavírus.
O elevado número diário de contágio pode levar o país a assumir a liderança na próxima semana na lista de nações europeias mais afetadas. Em meio à pandemia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, celebrou de forma contida o Dia da Vitória.
Em um discurso transmitido para o país, Putin enviou uma mensagem de unidade enquanto o Kremlin tenta conter a doença — e o presidente busca manter sua popularidade em alta. A data, que marca o triunfo soviético sobre a Alemanha nazista em 1945, é um dos eventos públicos mais reverenciados da Rússia e dá a Putin uma plataforma para promover o patriotismo, um dos pilares de seu apoio popular. Mas o surto de coronavírus o forçou a adiar o destaque principal, um enorme desfile anual na Praça Vermelha de Moscou que mostra o equipamento militar mais sofisticado da Rússia.
— Nossos veteranos lutaram pela vida e contra a morte, e sempre tentaremos viver de acordo com seu espírito de unanimidade e resiliência — disse Putin após colocar um buquê de rosas vermelhas no memorial de guerra Eternal Flame, perto do Kremlin. — Estamos unidos por nossa memória, esperanças e aspirações, além de um senso de responsabilidade compartilhada pelo presente e pelo futuro. Sabemos e acreditamos firmemente que, quando estamos juntos, somos invencíveis.
Em sua primeira aparição pública em semanas, Putin, com aparência sombria, comandou uma cerimônia bem mais discreta, mas deixou claro que ainda planeja realizar o desfile habitual para marcar o 75º aniversário da vitória soviética na hora certa.
As autoridades russas afirmam que o crescente número de casos é explicado pelo crescente número de testes – 5,2 milhões, de acordo com dados publicados no sábado – e não por uma aceleração da propagação. Isto explicaria ainda a pequena taxa de mortalidade.
Mas algumas pessoas na Rússia questionam esta interpretação e a veracidade das estatísticas de mortalidade. Michael Ryan, diretor executivo para temas de emergência sanitária da Organização Mundial da Saúde (OMS), opinou na sexta-feira que a “Rússia sofre provavelmente uma epidemia com efeito retardado”. Moscou, principal foco da epidemia na Rússia com 104.189 casos e 1.010 mortes, prolongou o confinamento até 31 de maio.