Jean Rogers Rodrigo de Sousa, o padre Rodrigo Maria, perdeu status clerical nesta quinta (20)
Por Correio Brasiliense; Altamiro Borges; Revista Fórum.
Às vésperas do encontro da Igreja Católica que discutirá abuso sexual, um padre brasileiro, que havia sido transferido para o Paraguai, foi expulso nessa quinta-feira (20/2), do clero, sob suspeita de abusos no Brasil. Segundo a Diocese de Ciudad del Este, Jean Rogers Rodrigo de Sousa “foi dispensado de suas obrigações clericais” pelo papa Francisco, conforme comunicado assinado ontem pelo monsenhor Guillermo Steckling.
Quando Sousa era seminarista, em 1998, foi responsável por fundar dois institutos, que posteriormente constituíram a Fraternidade Arca de Maria, com sacerdotes e leigos dos dois sexos. Em 2006, houve acusações de mulheres já adultas, ex-freiras, ligadas à organização em várias cidades – que estariam sendo importunadas pelo então padre por Skype. Há queixas de estupro e masturbação. Hoje, o ex-sacerdote não tem mais ligação com a Arca de Maria.
Após passar por várias circunscrições, acabou na Diocese de Ciudad del Este. Há um ano, ele já havia sido suspenso de cerimônias e proibido de usar seu hábito até o fim da investigação. Meses depois, o jornal Folha de S.Paulo conseguiu contato com o religioso, que negou as acusações e disse ser alvo de “calúnia por 11 mulheres”. À época, as vítimas alegaram não ter buscado a Justiça por medo de expor as famílias. A reportagem não localizou Sousa na noite de quarta-feira.
São Paulo
Ainda nesta quarta, continuava a coleta de informações sobre a mais recente intervenção do Vaticano em uma diocese brasileira, com denúncias de suposto abuso de coroinhas por um padre e suposto desvio de dinheiro de fiéis por um bispo no interior paulista. Os crimes teriam sido registrados em Americana, Araras e Limeira, no interior paulista.
Um dos envolvidos é o padre Pedro Leandro Ricardo, de 50 anos, suspeito de fraude e acusado por quatro jovens de ataques sexuais na época em que serviam ao altar. Em vídeo, ele disse ser vítima de “boataria”.
O outro investigado é d. Vilson Oliveira, bispo de Limeira, suspeito de fraude e de ser omisso em relação às denúncias de abuso. O religioso não vai se pronunciar. A apuração cabe ao enviado do papa Francisco, o bispo de Lorena (SP), d. João Inácio Muller. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Polêmicas políticas
A Folha registrou que “em redes sociais, o padre já elogiou Jair Bolsonaro e pediu ‘uma Ave Maria para livrar o Brasil do comunismo’”. Já a Revista Fórum, em reportagem postada na quinta-feira (21), destaca que o padre sempre posou de moralista e agiu como um fascista. “Durante a campanha eleitoral, que antecedeu as eleições de 2018, ele divulgou um vídeo no qual pede votos para Jair Bolsonaro, por ser ‘o único candidato que combate o comunismo e é contra a ideologia de gênero e a política LGBT’. Antes disso, em 2016, Sousa escreveu um ‘artigo’, cujo título é ‘Cristãos contra o golpe do PT’. Em um trecho, ele diz: ‘É preciso reagir com energia. E além de rezar (melhor seria o exorcismo), temos que protestar nas ruas e na internet. Devemos utilizar de todos os meios legítimos para retirar Dilma, Lula, o PT e todos os que cometeram ilícitos’”.
O ex-padre também era admirador do ex-juiz e hoje superministro de Jair Bolsonaro. “O juiz federal Sergio Moro, juntamente com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, têm feito excelente trabalho para desbaratar toda essa organização criminosa composta por empresários, doleiros, políticos e outros que, liderados pelo PT, se apropriaram do Estado brasileiro para se enriquecerem e sobretudo manter um projeto de poder”. O deputado Eduardo Bolsonaro, do PSL, inclusive acompanhava a militância virtual do padre. Recentemente, ele replicou um Twitter do padre e postou: “Padre Rodrigo Maria denuncia a invasão socialista na igreja – já notável na CNBB – fato que vai contra os princípios da própria igreja católica”.