Filhote de canino de 18 mil anos é encontrado intacto na Sibéria

Pesquisadores ainda não sabem ao certo a qual espécie o animal pertence, mas esperam que restos mortais os ajudem a desvendar a origem dos cães modernos.

Por Galileu; G1.

Afirma-se que os cachorros modernos sejam descendentes dos lobos, mas não há consenso sobre o início da domesticação dos cachorros — Foto: Sergey Fedorov/BBC

Cachorro ou lobo? A pergunta intriga cientistas que estudam um filhote de 18 mil anos que foi encontrado praticamente intacto na Sibéria, região da Rússia.

Isso porque Dogor, como foi apelidado, que significa “Amigo” na linguagem yakut, falada na Sibéria, tem a aparência de um cachorro, mas testes genéticos mostram que ele não se parece com um cão, tampouco um lobo, ancestral canino. 

“Normalmente, é relativamente fácil dizer a diferença entre os dois [animais]”, disse David Stanton, que fez parte da pesquisa, à CNN.Já temos muitos dados e, com essa quantidade, você esperaria dizer se [o animal encontrado] é um lobo ou um cão. O fato é que podermos sugerir que o espécime seja de uma população ancestral a ambos.”

Ou seja, de acordo com os especialistas, Dogor pode pertencer a um tipo completamente novo de canino, ainda não identificado pelos cientistas. Por conta disso, os pesquisadores pretendem estudar os restos mortais do animal por mais algum tempo. 

O corpo do animal, que tinha dois meses quando morreu, foi preservado graças ao permafrost (solo composto por terra, gelo e rochas congelados) da região da Rússia, com pelo, nariz e dentes intactos.

A técnica de datação por radiocarbono permitiu determinar tanto a idade do animal ao morrer quanto o período em que ele esteve congelado. Já a análise genética, por outro lado, indicou que o filhote era macho.

Cachorro ou lobo? A pergunta intriga cientistas que estudam um filhote de 18 mil anos que foi encontrado praticamente intacto na Sibéria, região da Rússia — Foto: Love Dalén/BBC

Mas Love Dalén, do Centro de Paleogenética da Suécia, levanta a questão em aberto: “Era um membro de uma alcateia ou o cachorro mais antigo já encontrado?”.

Os especialistas realizaram um sequenciamento do DNA, mas ainda assim não foi possível determinar a espécie. Uma hipótese levantada foi a de que o animal seria um elo evolucionário entre lobos e cachorros modernos.

Dogor pode ajudar os biólogos a esclarecerem a linhagem de lobos que deu origem aos cachorros como conhecemos hoje. Isso porque, acredita-se que os cães modernos sejam descendentes de lobos domesticados, mas exatamente quando e onde isso ocorreu ainda não está claro.

Em 2017, um estudo publicado na revista Nature Communications defendeu que os cachorros modernos foram domesticados de uma única população de lobos em algum momento entre 20 mil e 40 mil anos atrás. “Parece que os cães foram domesticados a partir de uma linhagem de lobos que foi extinta. É por isso que é um problema tão difícil trabalhar para entender onde e quando os cachorros foram domesticados”, explicou Stanton ao Metro.

Entretanto, outra pesquisa de 2016 apontou que os cachorros surgiram há 14 mil anos de duas populações distintas. Segundo o artigo publicado na Science, eles teriam sido domesticados independentemente, uma vez na Ásia e outra na Europa. “Se você deseja encontrar a resposta, precisa analisar amostras antigas, porque a população da qual foram domesticadas parece não existir mais”, afirmou Staton.

Felizmente, Dogor está em ótimo estado e poderá ajudar os especialistas a elaborar hipóteses mais precisas. “São espécimes como esse que podem auxilizar no esclarecimento disso, mas ainda não temos muitos resultados para especular”, apontou Stanton.

Pesquisadores esperam que restos mortais os ajudem a desvendar origem canina (Foto: Centre for Palaeogenetics @CpgSthlm)


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