Sarpa salpa ou Salema porgy: O peixe alucinógino

Essa espécie de peixe mediterrâneo que pode provocar alucinações com efeitos semelhantes aos do LSD quando ingerido.

Fontes: GreenMe; Wikipedia; BBC; The Vintage News.

sarpa salpa ou salema porgy – Foto Wiki.

A espécie de peixe branco, sarpa salpa, conhecida pelo nome comum de salema porgy, é normalmente encontrada nas águas mais quentes da costa de Tenerife, Malta e Chipre.

O consumo de sua carne normalmente não traz riscos, mas a ingestão da cabeça pode levar a alucinações semelhantes às experimentadas pelo consumo da droga LSD (ácido lisérgico).

O efeito, que pode durar dias, é conhecido oficialmente como “Ichthyoallyeinotoxism” (embriaguez alucinógena de peixes), e é caracterizada como um tipo de intoxicação alimentar que pode se manifestar com alucinações auditivas e visuais vívidas, delírio, distúrbios na coordenação motora, náuseas, pesadelos, vertigens, e outros distúrbios no sistema nervoso central.

E a salema não é o único peixe alucinógeno: em 2017 um grupo de pesquisa indiana tentou fazer um “resumo” sobre as espécies psicotrópicas de peixes.

Segundo especialistas, o efeito alucinógeno seria provocado pela intoxicação do peixe devido a bioacumulação de toxinas presentes em algas e dinoflagelados que contém uma pequena quantidade de veneno e são alimento da sarpa, como a Caulerpa prolifera.

Entretanto ainda não se sabe ao certo quais toxinas são responsáveis ​​por uma resposta tão vívida no comedor. Eles podem ser alcalóides do grupo indol, compostos que ocorrem naturalmente em certas algas e fitoplâncton que os peixes comem e que são quimicamente similares em estrutura ao LSD. Ou um alucinógeno chamado dimetiltriptamina (DMT), o mesmo composto encontrado na cura espiritual da ayahuasca, pode ser responsável.

Caulerpa prolifera, uma alga verde suspeita de ser o peixe alucinógeno que forma leitos densos em substratos arenosos rasos (Foto Wikipedia)

Hospitalização

Em 1994, um homem de 40 anos se sentiu enjoado cerca de duas horas depois de saborear o Sarpa salpa recém-assado em suas férias na Riviera Francesa. Com sintomas como visão embaçada, fraqueza muscular e vômito persistindo e piorando durante o dia seguinte, ele interrompeu suas férias e pulou no carro, apenas para perceber no meio da jornada que ele não podia dirigir com todos os animais que gritavam. Esses artrópodes gigantes – meras alucinações, é claro – foram a gota d’água. O homem se dirigiu a um hospital, onde se recuperou completamente após 36 horas. Ele não conseguia se lembrar de nada.

O próximo incidente relatado ocorreu em 2002, quando, após comprar, limpar e comer o peixe em Saint Tropez, também na Riviera Francesa, um homem de 90 anos começou a experimentar alucinações de humanos gritando e pássaros chiando. Por duas noites, ele teve pesadelos horríveis, mas não deixou ninguém saber, pensando que estava desenvolvendo uma doença mental. Felizmente para ele, os efeitos do peixe diminuíram após alguns dias.

O pescador Andy Giles, que encontrou a espécie na costa da Cornualha, disse à imprensa local ter ficado intrigado ao encontrar um peixe que nunca tinha visto antes ao sair para pescar.

“Agora que eu descobri o que era aquele peixe e os efeitos que ele pode causar, talvez eu deveria ter tentado vendê-lo para uns clubbers”, brincou Giles.


Droga recreativa na Antiguidade

Os romanos antigos vivam diretamente ligados à natureza, dependendo da terra para sua sobrevivência e seu status. Até as crianças do Império Romano eram capazes de identificar quais plantas e animais eram úteis e estavam cientes da multiplicidade de usos que muitos espécimes poderiam oferecer.

Os romanos usavam plantas e animais para alimentos, cosméticos e corantes para roupas e artesanato, bem como para fins médicos. Os romanos usavam também uma droga recreativa que não vinha de uma planta, mas da Sarpa salpa.

Chamado “o peixe que faz sonhos” em árabe, era consumido como droga recreativa no Império Romano, e também era usado cerimoniosamente entre os polinésios.

Então já sabe, se você começar a ter alucinações depois de comer um peixe em um restaurante na sua viagem pelo mediterrâneo, relaxe, o efeito passa (em alguns dias).

Um Banquete Romano (Roman Feast) de Roberto Bompiani (Roma 1821-1908)


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