Um jovem foi chicoteado por seguranças do supermercado da rede Ricoy da Avenida Yervant Kissajikian, em Via Joaniza, na Zona Sul de SP, enquanto outro registrava a tortura em vídeo. A agressão é tão violenta que ele chega a se desequilibrar.
O vídeo que circula nas redes sociais mostra um jovem, de 17 anos, sendo chicoteado por seguranças de um supermercado. O vídeo possui aproximadamente um minuto de duração.
O adolescente de 17 anos foi torturado após tentar furtar chocolate em um supermercado na Vila Joaniza, na Zona Sul de São Paulo. Ele disse à polícia que foi chicoteado com fios elétricos trançados e ameaçado de morte. Dois seguranças suspeitos da tortura foram afastados.
Segundo o jovem, essa foi a terceira vez que ele foi agredido por esses mesmos seguranças por furtar chocolate do mercado. O caso foi registrado como tortura nesta segunda-feira (2) pelo 80º Distrito Policial.
De acordo com o boletim de ocorrência, o adolescente disse que tentou furtar uma barra de chocolate quando foi abordado. Segundo o jovem, os dois seguranças o levaram para um quarto nos fundos da loja, onde ele foi despido, amordaçado e amarrado. Ele contou que foi chicoteado por cerca de quarenta minutos.
“Eu fui pegar um chocolate. Aí, eles me pegou [sic] me levou no quartinho me deu uma pá de chicotada. Aí ele falou que se eu falasse pra alguém ele ia me matar ainda, me ameaçou de morte. Muita maldade isso daí”, disse o jovem ao SP2.
Ele não registrou boletim de ocorrência no mês em que ocorreu o suposto crime, em julho, e não soube dizer se mais alguém percebeu a agressão. O adolescente, que mora na rua desde os 12 anos, disse que já foi preso e passou pela Fundação Casa por tentar invadir uma residência, mas que agora não deve nada à Justiça.
“Quero justiça contra isso, eles fizeram na maldade quero por eles dentro das grades”, afirmou
Os advogados do supermercado estiveram na delegacia e se colocaram à disposição da justiça. O gerente informou que os dois seguranças foram afastados.
Em nota, o supermercado disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que repugna a atitude dos seguranças e tomou conhecimento dos fatos por intermédio da reportagem.
“A empresa repugna esta atitude e foi com indignação que tomou conhecimento dos fatos por intermédio da reportagem. Que a empresa não coaduna com nenhum tipo de ilegalidade e colaborará com as autoridades competentes envolvidas na apuração do caso, a fim de tomar as providências cabíveis”, diz a nota.
Ariel de Castro Alves, conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), disse que está acompanhando a investigação e que cobra a punição dos responsáveis pelos “atos bárbaros e cruéis de tortura”.
Segundo Ariel, “existem indícios contundentes de crime de tortura praticado pelos seguranças. A tortura ocorre quando alguém é submetido, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental. A Lei 9455 de 1997, prevê penas de 2 a 8 anos aos acusados”.