Biólogo marinho Marcelo Szpilman diz que figuras avistadas são da espécie Tartaruga Verde, tipo comum no litoral do Rio.
Fonte: Globo.
“Eu vi três! Olha mais uma ali. São quatro, olha”, dizia, surpreso, um visitante do mirante do Leme, na Zona Sul do Rio, para seus amigos ao avistar um grupo de tartarugas nadando no mar na tarde deste sábado. Em um fim de semana ensolarado, com águas cristalinas e fortes ondas, difícil foi não voltar todas as atenções paras as visitantes do local. Teve até tartaruga ‘surfando’ ao lado de banhistas no mar. Quem adorou a visita das mascotes do Rio foram as turistas Gabriela Zaas e Isabele Santos. As amigas afirmam que nunca tinham visto uma tartaruga de perto antes e estavam entusiasmadas com essa possibilidade:
— São lindas, estou apaixonada. Não imaginava que poderia ver uma assim de perto. Achei que precisava mergulhar em lugares mais profundos. Sem dúvida valeu a pena vir até aqui, eu achava que a vista seria bonita, mas ganhei muito mais — comemora Gabriela.
De férias no Rio, o francês Fernando Magalhães, de 43 anos, nunca tinha visto uma tartaruga até a manhã deste domingo. Ele se disse encantado ao ver a proximidade dos animais com os banhistas da praia do Leme. Ao seu lado, dezenas de cariocas e turistas observavam o mar, aguardando, ansiosamente, a aparição de uma delas. Em menos de uma hora, ao menos três tartarugas apareceram e fizeram a alegria dos espectadores.
— Estou no Rio desde a semana passada, mas só tinha ido conhecer Copacabana e Ipanema. Hoje, uma senhora me aconselhou, no outro ponto da praia (apontando para o Posto 6), a vir aqui por causa das tartarugas. Estou tentando tirar uma foto delas, mas é difícil, pois elas ficam pouquíssimo tempo fora d’água — contou o morador de Lyon.
Do outro lado da Pedra do Leme, na Urca, o cenário se repetiu. Famílias inteiras se banhavam no mar enquanto viam os bichos emergindo e mergulhando nas águas da Praia Vermelha. Frequentador assíduo do espaço, o tijucano Eliab Barros diz ver constantemente tartarugas por lá:
— Só hoje, eu vi umas seis. Algumas grandes e outras pequenas. De vez em quando, encontramos umas redes presas nas pedras da praia, que parecem ser de pescadores que tentam capturá-las. Então, estamos sempre cortando essas armadilhas para preservá-las.
O biólogo Marcelo Szpilman, diretor presidente do AquaRio, aponta que as figuras são da espécie Tartaruga Verde, tipo comum no litoral.
— Depois que nascem, essas tartarugas ficam, ao menos, 30 anos vagando pelos costões brasileiros em busca de alimento. Graças ao trabalho do Projeto Tamar, é cada vez mais comum vê-las. Há 40 anos era uma raridade encontrar com uma ao praticar mergulho, hoje você sempre tem alguma por perto. É possível ver a espécie em qualquer estação do ano — diz o especialista, que ressalta a necessidade de preservação do animal.
Espécie vulnerável
Apesar de ser uma figurinha comum nas águas da Zona Sul do Rio a espécie é classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como vulnerável, e é preciso ter atenção para que não seja extinta. A boa notícia é que, entre o grupo que nadava no Leme, ao menos uma delas era filhote.
O pescador Allan Silveiro se diz íntimo das visitantes. Presente na praia todos os fins de semana, ele afirma encontrar bastante com as tartarugas:
— Não é raro ver nadando por aqui. É muito bonito e parece um bom sinal, já que dizem que elas só nadam em lugares limpos — comenta ao falar da água cristalina da Praia do Leme que passou a maior parte do primeiro semestre de 2019 imprópria para banho, porém, neste fim de semana o local estava balneável, situação que se repete desde a metade de junho, segundo boletins do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea).