Melania Geymonat e sua namorada, Chris, foram atacadas por um grupo de homens. Nesta sexta, 4 adolescentes foram detidos por suposto envolvimento no caso.
Fontes: Huffpost Brasil; Extra; BBC; Estado de Minas.
As namoradas, de nacionalidades uruguaia e americana, estavam voltando de uma noitada na área de West Hampstead, na capital inglesa, na noite do crime. Segundo Melania, as ofensas começaram pouco depois que elas ocuparam seus lugares no segundo andar do ônibus.
Melania Geymonat, 28, diz que estava com sua namorada, Chris, no andar de cima de um dos clássicos ônibus vermelhos de dois andares da cidade quando o grupo de homens entrou no ônibus e começou a assediá-las.
“Pegamos o ônibus noturno e ficamos no andar de cima, num lugar na frente, indo para a casa dela em Camden Town. Não me lembro de todos os momentos, não sei se foi por causa do choque ou porque fiquei inconsciente, não sei precisar. Numa hora devemos ter nos beijado ou nos abraçado, já que os homens que estavam ali ou entraram depois de nós (não sei) se aproximaram e nos cercaram, pedindo que nos beijássemos para o proveito deles, nos chamando de lésbicas e imitando posições sexuais e outras coisas que não lembro, fazendo gestos com as mãos enquanto se divertiam nos dizendo “tesouras”. Como se fôssemos um espetáculo e eles o público a entreter”, relatou Melania em um post de rede social.
Ela disse que já havia sofrido “muita violência verbal” mas nunca havia sido fisicamente agredida por causa de sua sexualidade.
“Eu até tentei fazer piada para aliviar a tensão, e Chris começou a agir como se estivesse passando mal, mas eles não pararam.”
“Eles começaram a jogar moedas. E de repente ela estava no meio do ônibus e eles estavam dando socos nela”, conta Chris.
Então, imediatamente ela levantou e tentou puxar a namorada do meio dos homens, e eles começaram a socá-la.
“Eu comecei a sangrar muito”, diz ela.
“A próxima coisa que lembro foi ter deixado sujo de sangue o ônibus, que já estava parado com a polícia pegando informações. Isso porque também fomos roubadas”.
Ela acrescentou que “está cansada de a violência ter se tornado algo comum” e disse que é preciso “ver uma mulher com o rosto sangrando” para que as pessoas tenham empatia.
“Estou cansada de ser vista como um OBJETO SEXUAL, de descobrir que essas situações são comuns, de amigos gays que foram espancados”, desabafou.
Melania disse que os homens tinham sotaque britânico e um deles falava espanhol.
Após o relato ser publicado nas redes sociais, a polícia britânica iniciou uma investigação sobre o caso. No mesmo dia, quatro adolescentes foram presos suspeitos de cometerem o crime. Eles têm entre 15 e 18 anos.
A empresa Metroline, que administra os ônibus, diz que há imagens de câmeras de segurança e que está cooperando com a polícia. A Polícia Metropolitana de Londres diz que está investigando o caso pelas imagens de segurança do ataque.
O prefeito Sadiq Khan replicou um comunicado da polícia, divulgado pouco antes, pedindo apoio de testemunhas nas investigações. Para ele, o que aconteceu com as mulheres foi algo “repugnante” e “misógino”. O caso também gerou revolta entre internautas, que compartilharam a história com mensagens de apoio às jovens.
“Crimes de ódio contra pessoas LGBT+ não serão tolerados em Londres”, afirmou Khan.
O secretário de saúde Matt Hancock disse que o caso é “terrível” e que “todo mundo tem direito ao amor”.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May se pronunciou sobre o ataque. “Foi um ataque doentio e meus pensamentos estão com o casal afetado. Ninguém jamais deve esconder quem é ou quem ama e devemos trabalhar juntos para erradicar a violência inaceitável contra a comunidade LGBT”, disse.
Jeremy Bernard Corbyn, atual líder do Partido Trabalhista e líder da oposição na Câmara dos Comuns , também se manifestou:
Esse ataque é um chocante lembrete de que mesmo em uma das cidades mais diversas e receptivas do mundo, ainda há trabalho a ser feito para proteger pessoas LGBT.
Números de 2018 da polícia mostram que os ataques à comunidade LGBT quase dobraram desde 2014.
No último verão o governo lançou um plano de ação para melhorar a vida das pessoas LGBT no Reino Unido. Sua pesquisa mostrou que dois terços dos LGBT evitam dar a mão ao parceiro publicamente por medo de reações negativas.
Como Melania disse em um post no Facebook, este é o mês do Orgulho LGBT, uma celebração reconhecida internacionalmente desde 1970. Com uma das maiores celebrações marcadas para acontecer na cidade em menos de um mês, esse ataque é um choque de realidade sobre o porquê da Parada do Orgulho LGBT ainda ser necessária em 2019.