Adidas já vendeu 6 milhões, e produzirá mais 11 milhões de tênis feitos com plástico retirado do oceano.

Fontes: GQ, Época Negócios, Razões Para Acreditar.

Estima-se que mais de oito milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos todos os anos. Apesar dos esforços de alguns governos e empresas que já trabalham para tentar limitar esta contaminação – com a proibição de sacolas plásticas ou incentivo a busca de embalagens com novos materiais, – o excesso de lixo plástico ainda é um problema imenso e preocupante.

De olho nesse assunto, a Adidas lançou em 2017, um modelo de tênis feito a partir de plásticos retirado dos oceanos. Era para ser apenas uma linha promocional, que ajudasse a conscientizar o mundo sobre o perigo do plástico nos mares. Mas acabou se transformando em sucesso de vendas. 

Em entrevista à CNBC, o CEO da Adidas, Kasper Rorsted, anunciou que a empresa atingiu a marca de um milhão de pares vendidos do modelo até o final de 2017. No total, a marca alemã lançou três versões de seu clássico sapato esportivo Ultraboost com plástico recolhidos dos oceanos esta matéria-prima. O modelo sustentável foi feito por meio de uma parceria com a ONG Parley for the Oceans e inicialmente a produção era de sete mil pares. 

“Depois de um milhão de pares de calçados produzidos e vendidos em 2017, cinco milhões em 2018, planejamos produzir onze milhões de pares de calçados contendo plástico dos oceanos reciclado em 2019” Disse o CEO.

Cada par reutiliza material suficiente para 11 garrafas, segundo a CNBC. O modelo, com design inspirado nas ondas do mar, é formado 95% por plástico retirado dos oceanos e 5% por poliéster reciclado. O material é similar ao usado na confecção dos uniformes dos times Bayern de Munique e Real Madrid. No Brasil, é possível encontrar um tênis feito com a mesma tecnologia, na linha fashion da marca.

Apesar dos tênis terem um preço de até US$ 220 (R$ 850) por par, o feedback dos consumidores tem sido bastante positivo, valorizando seu design leve, moderno e durável.

A marca também conseguiu se conectar com os consumidores, mostrando que eles estão preocupados com o crescente aumento da quantidade de plástico nos oceanos; e que estes estão dispostos a pagar um pouco mais caro para comprar produtos personalizados e eco-friendly.


De acordo com o Fórum Econômico Mundial, os plásticos são despejados em nossos oceanos a uma taxa de um caminhão por minuto, impactando fortemente a vida marinha. Para piorar, mais de 480 bilhões de garrafas plásticas foram vendidas em todo o mundo em 2016 – meio trilhão em 2017 e 2018 – o que representa um aumento de cerca de 300 bilhões de garrafas a mais em comparação com uma década atrás. Uma porcentagem ínfima é reciclada.

Segundo a organização Global Citizen, alguns países têm legislado sobre a proibição do uso de plásticos em certas circunstâncias, como a Escócia, Taiwan e Quênia, ao passo que cidades como Nova Delhi e Vancouver aplicaram alguma lei que proíbe a circulação de plástico, visando reduzir o consumo entre os cidadãos.

“Hoje não há desculpa para qualquer empresa usar plástico novo e virgem”, diz Cyrill Gutsch, fundador da Parley. “Provamos que os consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais e preferem produtos feitos de ‘plástico oceânico’ do que outros tipos de produtos não-recicláveis”.

Essa maneira inovadora de reutilizar o plástico não deve parar apenas nos eco-tênis, pois o material pode ser triturado e transformado em fibras que podem ser tecidas em uma infinidade de produtos diferentes, como móveis, decks e camisetas.

A meta da Adidas de produzir todos os seus produtos com plástico reciclado até 2020 é uma excelente iniciativa para ajudar o ecossistema e, de quebra, uma ótima tacada de marketing também. Esperamos que mais empresas sigam o exemplo.



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